
Aula em abril de 2016
Vamos continuar com nossa jornada na arqueologia histórica dos tempos bíblicos. Nosso segundo assunto são os cananeus.
II - OS CANANEUS
Os povos conhecidos como
“cananeus” era formado de 11 tribos que segundo Gênesis 10.15-19 eram os
Heteus, Jebuseus, Amorreus, girgaseus, Heveus, Arqueus, sineus, Arvadeus,
Zemareus e Mamateus. Eles se estabeleceram entre Sidom, Gerar, Gaza, Sodoma e
Gomorra.
Foram alvos de uma maldição,
desde que Noé amaldiçoara seu patriarca, Canaã (Gn 9.20-27). Os Filisteus que
tomaram a terra de Canaã, não eram cananeus (Gn 10.13-14). A terra dos Cananeus
é a terra que foi prometida a Abraão (Gn 11.31; 12.5). Não era uma terra
densamente ocupada, o que se vê na peregrinação fácil dos Patriarcas Bíblicos
desfrutando daquela terra e criando seus rebanhos nelas. As cidades que ficavam
naqueles arredores nos tempos dos patriarcas eram: Siquém (Gn 12.6); Betel e Ai
(Gn 12.8); Hebrom (Gn 13.18); Gerar (Gn 20.1) e Berseba (Gn 22.19). Durante os 400 anos entre Jacó e Moisés, as fontes arqueológicas indicam que o Egito exerceu certo domínio sobre terra dos cananeus. Quando os israelitas saíram do Egito, e os espias foram enviados por Moisés, os povos cananeus estavam organizados em pequenas cidades estados e pequenos reinos.
Os espiais encontraram uma terra rica em frutos e cidades bem fortificadas, como por exemplo, a cidade de Jericó (Nm 13.21-29; Josué 6 e 7). No tempo de Josué, os cananeus foram vencidos e perderam suas terras, mas sobreviveram misturando-se com outros povos. Salomão casou-se com esposas cananéias e isto contribuiu em muito para a corrupção da nação (1Rs 11). Ainda no tempo de Esdras (460-440 a.C.), bem depois do Cativeiro Babilônico, portanto, o casamento misto com mulheres cananéias ainda era um problema para os israelitas (Ed 9.1-2).
O principal reino cananeu foi o dos Hititas que mais tarde dilui-se entre os Fenícios. Na época de Jesus, os Fenícios eram os principais descendentes dos cananeus. Há uma referência importante sobre isto, no fato de Jesus ter abençoado uma descendente Cananéia, a mulher sírio-fenícia (ou Cananéia) (Mt 15.22 e Mc 7.26).
O que ficou dos cananeus e que por séculos exerceu influência inclusive sobre os israelitas foi sua religião e suas divindades. Como a religião dos cananeus era acompanhada das mais altas perversões, esta cultura sobreviveu e foi seguida por muitos outros povos.
A RELIGIÃO DOS CANANEUS
A perversão moral dos
cananeus era notória (Gn 15.16 ver também Gn 26.34-35 e 27.46 sobre as esposas
cananéias de Esaú). A religião dos cananeus era extremamente degradada e os
postes sagrados era todos referência ao órgão sexual masculino. Muitos de seus
rituais envolviam depravações sexuais como sexo coletivo em culto à fertilidade
da terra e do povo.
As advertências de Deus
contra práticas de depravação era pra evitar que o povo israelita incidisse nas
profanações dos cananeus (ver Ex 23.24; 34.12-13; Nm 33.52 e Dt 7.5). o incesto
(sexo entre familiares) a sodomia e a
bestialidade (sexo com animais) eram práticas comuns entre os cananeus, e isto
tornava aqueles povos abomináveis (Lv 18.2-25). Também eram praticados a magia,
a feitiçaria e o sacrificio de crianças (Dt 18.9-12).
OS DEUSES CANANEUS
Baal era a principal
divindade dos cananeus (Jz 2.12-13). O termo Baal significa dono e era também
chamado de Baal Zebub, “senhor da terra”. Era representado com uma clava ou
maça, e na mão esquerda um raio com uma ponta de lança. Também era representado
com um capacete com chifres. A época de chuvas era atribuído ao ato sexual de
Baal com sua esposa, Astarote, que iniciava uma orgia na corte celeste.
Os cananeus para comemorar a
fertilidade da terra ofereciam culto a este fato, e a celebração era com
rituais de orgias sexuais com irrestrita devassião. Os locais de culto eram em
bosques ou em altos (2Rs 17.32). Estes bosques eram considerados sagrados e
preparados para estes atos de depravação cultual. Os sacerdotes e sacerdotisas
serviam nestes bosques e nos altos e além da prostituição cerimonial, ofereciam
outros rituais como o sacrifício de crianças (1Rs 14.23-24; Os 4.13-14; Is
57.5; Jr 7.31 e 19.5).
Baal também era cultuado nos
terraços de casas de pessoas com melhores condições e nestes terraços eram
oferecidos incensos e sacrifícios para que a fumaça subisse (Jr 32.29).
Cada localidade possuía sua
própria representação de Baal, e o Baal local recebia um nome que indicava a
localidade de sua adoração específica como: Baal Peor (Nm 25.1-6), Baal -
Zefon, Baal – Hazor, Baal-Hermon etc. Embora houvessem muitos “baalins”,
entendia-se que havia apenas um Baal que era deus. Outros deuses como Astarote
e Moloque também eram cultuados pelos cananeus. Moloque significa “rei” e era
um deus de origem amonita (1Rs 11.5-33; Jr 32.35).
Moloque era associado ao
sacrifício de crianças (Lv 20.2-5; 2 Cron 28.3; 2Reis 16.3 e 23.10-13). A arqueologia muitas vezes apresenta Moloque
como um ídolo grandioso, com os braços estendidos segurando uma espécie de
tonel com fogo onde eram jogadas as crianças para sacrifício. A representação
mais antiga, mostra Moloque como um grande ídolo, com uma espécie de fornalha
na parte de baixo.
Os povos cananeus foram
vencidos e conquistados por Josué, entre os anos 1400 a 1300 a.C.
Nesta época muito israelitas passaram a
cultuar deuses cananeus pensando na benção da fertilidade (Jz 2.11-13; 3.5-8).
O culto a Baal entre os israelitas voltou com força na época de Salomão (1000
a.C.), quando este se casou com muitas
esposas de outras nacionalidades que ensinaram seus filhos a servir a outros
deuses e deusas como Astarote e Moloque, associados ao culto a Baal (1Rs 11 e
Jr 32.35).
Após a morte de Salomão, já
no reino dividido, foi estabelecido um santuário ao baalismo em Dã e em Betel e
em todo o reino do sul (1Rs 14.22-24). Também na época do rei Acabe (940-910
a.C.), quando este se casou com Jezabel, foi introduzido um culto a Baal muito
mais explicito e intenso (1RS 16.31-33).
Depois entre os anos 700 a
600 a.C. , o povo israelita em época de idolatria cultuava a Baal, sendo que
Ezequias destruiu os altares a Baal, mas seu filho Manassés os reconstruiu (2Rs
21.9-21). O cativeiro Babilônico foi um juízo de Deus sobre esta idolatria (Jr
32.29; 2Cron 33.10-17 e 2Rs 23.4-27 ver também Jr 2.20-27; 3.9-14).
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