
HISTÓRIA E CULTURA BÍBLICA
O território onde aconteceu a maioria dos fatos bíblicos é conhecido como Terra da Palestina. Este nome na sua origem significava “Filistia” ou “Terra dos Filisteus”. Era, como o nome diz a localização de uma antigo domínio dos Filisteus (Ex 15.14; Sl 60.8; Is 49.29-31; Joel 3.4). Era também chamada terra de Canaã, pois ali habitavam os sete povos cananeus Era chamada pelos hebreus de “Terra Prometida”, pois Deus prometeu a posse da terra a Abraão (Nm 34.2; 1Sm 13.19; Gn 15.18 e DT 9.27-29; Hebreus 11.9). Desde as Cruzadas na Idade Média, tem sido chamada de “Terra Santa”.
A Palestina é o elo de ligação entre os continentes da Europa, da Ásia e da África. Por isso, desde sempre foi alvo de disputa entre vários povos. Esta terra, formava uma espécie de círculo central entre os principais impérios mundiais antigos: Egito, Babilônia, Assíria, Pérsia, Grécia e Roma.
Sua localização exata, fica ao sul da Fenícia e é uma pequena faixa de terra, limita-se ano norte com a Fenícia e a Síria; ao sul, o deserto do Sinai; ao leste parte da Síria e partes da Arábia e ao oeste com o Mar Mediterrâneo.
Atualmente este território é ocupado pelo Estado de Israel. A região é cortada no sentido sul-norte pelo Rio Jordão que a divide em duas partes: a Transjordânia a leste e a Cisjordânia a oeste. Esta região também era conhecida como Região de Canãa, pois era povoada pelos cananeus e filisteus. Os Hebreus chegaram por volta de 2000 a.C. com Abraão. Desde então, desenvolveu-se uma luta infinda pela posse da terra.
EVOLUÇÃO POLITICA
Nos primeiros tempos, quando se estabeleceram na região, os hebreus se organizavam em clãs patriarcais e eram seminômades. O livro de Genesis, a partir do capitulo 12 narra este período patriarcal. Este sistema é consolidado, pala formação de doze tribos, formadas pelos filhos de Jacó, neto de Abraão.
Este período patriarcal se estende desde o estabelecimento na Palestina, até o Êxodo, saída dos hebreus do Egito, que para lá se dirigiram pro volta do ano 1.800 a.C., ficando aproximadamente 400 anos. Este deslocamento da Palestina para o Egito se deu por causa de uma grande fome e está registrado nos últimos capítulos do Livro de Gênesis. Os Patriarcas além de condutores de tribos, eram sacerdotes, juízes e chefes militares e possuíam grande autoridade política e religiosa sobre seu clã. Sua palavra tinha força de lei. Muitas vezes quando um clã se enfraquecia, temporariamente, buscava cobertura de outro mais forte.
A partir do Êxodo tem início um período caracterizado pela procura de uma organização política e de uma base territorial para o povo. O Êxodo acontece quando, depois de 400 anos no Egito, o povo hebreu começa a ser escravizado pelos Egípcios. Moisés é levantado como o grande líder que conduz o povo na saída do Egito. Eles atravessam o Mar Vermelho e durante 40 anos vagam pelo deserto até chegar na terra onde seus ancestrais, Abraão, Isaque e Jacó habitavam. Este relato está nos Livro de Êxodo e Números.
Após se estabelecerem na Palestina, os hebreus tiveram de enfrentar principalmente os filiteus, o povo militarmente mais forte da época. Os filisteus eram politeístas, isto é, adoravam a muitos deuses (Jz 16.23 e 2 Rs 1.2), mas os principais eram Dagom e Baal-Zebub. Eram supersticiosos e seus sacerdotes eram adivinhos (1Sm 6.2). Os filisteus também, possuíam o monopólio do ferro e eram forjadores de armas e instrumentos agrícolas (1Sm 13.19-22). Os filisteus tinham uma aparência peculiar. Usavam cabelos curtos, presos para o alto.
Nas lutas que se desenvolveram nesta época os hebreus eram comandados pelos juízes, chefes militares, escolhidos entre as tribos em tempos de crises. Estes chefes, além de poderes militares, eram também lideres religiosos. Este período dura cerca de 400 anos, desde a entrada na Terra Prometida até a escolha de Saul como Rei. Este período está narrado nos livros de Josué e Juízes e a primeira parte do livro de Primeiro Samuel.
O PERÍODO DOS REIS
A unidade política das Doze Tribos se dá aproximadamente no ano 1000 a.C., quando Saul é escolhido rei, que era da tribo de Benjamim (1Sm 10). O estabelecimento da monarquia está fundamentalmente ligado à necessidade de maior organização na luta contra os filisteus. A época de Saul, porém é muito conturbada e não alcança a unidade interna, principalmente religiosa com forte oposição da classe sacerdotal. Muitos sacerdotes são mortos (1Sm 22 e 23).Após a morte de Saul, Davi que era da tribo de Judá assume ao reinado. Davi estabelece finalmente o Estado Hebreu. Toda a Palestina é conquistada e a capital é estabelecida em Jerusalém. Depois de Davi, quem assume o trono é seu filho Salomão que estabelece um período de paz e prosperidade e constrói o Templo de Jerusalém.
Grande parte do material desta suntuosa construção vem de fora e são estabelecidas inúmeras alianças com outros povos e Salomão, casa-se com muitas mulheres formando um grande harém, o que não era comum entre a cultura dos hebreus.
No final do seu reinado, estabelece-se uma forte oposição devido ao descontentamento popular, pois para pagar a construção do templo, Salomão impõe pesadas taxas ao povo e alianças onde entrega várias cidades hebreias a estrangeiros, além de enviar 30 mil hebreus para trabalhar nas florestas e minas de Tiro, na Fenícia de forma obrigatória. Havia também 70 mil carregadores e 80 mil talhadores. (1 Reis 5.13-18; 2 Crônicas 2.17-18).
O templo foi construído no Monte Moriá (1Rs 6.1). As pedras para a construção do templo eram ajustadas antes de serem levadas ao local. É digno de nota que a construção foi silenciosa e não se ouvia o som do machado ou do martelo, ou de qualquer ferramenta (1Rs 6.7). A madeira era fornecida por Hirão, Rei de Tiro em troca de azeite e trigo (1Rs 5.10-12 e 2Cron. 2.11-16). A construção durou sete anos e meio (1Rs 6.37-38), e onze meses depois foi feita a inauguração tempo que durou para a organização dos utensílios.
Na inauguração , todos os sacerdotes foram convocados para o ofício. Foram oferecidas 22 mil bois e 120 mil ovelhas como holocausto, durante sete dias e no oitavo dia foi realizado uma assembleia solene (1Rs 8.63-64 e 2Cron 7.5-7).
Na inauguração , todos os sacerdotes foram convocados para o ofício. Foram oferecidas 22 mil bois e 120 mil ovelhas como holocausto, durante sete dias e no oitavo dia foi realizado uma assembleia solene (1Rs 8.63-64 e 2Cron 7.5-7).
DIVISÃO DO REINO
Com a morte de Salomão no ano 935 a.C., o reino se divide. As dez tribos do norte não aceitam a autoridade de Roboão, filho e sucessor de Salomão. Estas dez tribos, lideradas por Jeroboão, filho adotivo do rei, passam a formar então, o Reino de Israel, com a capital em Samaria. As duas tribos do sul, fiéis a Roboão, passam a formar o Reino de Judá, com a capital em Jerusalém.Esta divisão enfraquece o povo hebreu como um todo e isto facilita sua dominação por parte dos vizinhos expansionistas e militaristas.
Durante mais de dois séculos os dois pequenos estados se mantiveram separados, mas 721 a.C., o Reino de Israel foi conquistado pelos Assírios e a maior parte de sua população é deportada e os que ficaram são forçados a misturar-se etnicamente aos estrangeiros. Daí surge o povo Samaritano, não mais considerados etnicamente hebreus pelos Israelitas do sul, que com o tempo passam a serem chamados de “judeus”, até a época atual.
O Reino de Judá, conseguiu sobreviver por mais algum tempo, até que em 586 a.C. foi dominado pelos Caldeus (Babilônicos) comandados pelo Rei Nabudonosor. Jerusalém é conquistada, o templo é destruído e os judeus são levados cativos, no que foi chamado de “Cativeiro Babilônico”.
DOMINAÇÃO E DISPERSÃO
No ano 536 a.C., Ciro, rei da Pérsia que havia conquistado Babilônia, dá ordem para que os judeus voltem para Jerusalém. Um grande grupo volta e reconstrói o Templo, que inaugurado em 518 a.C. a região, entretanto, era província persa e assim continuou. No ano 332 a.C., a região foi conquistada pelos gregos de Alexandre, o Grande. Quando Alexandre morreu, a região ficou dominada pelos Ptolomeus, do Egito. Foi dominada depois pelos Sírios dos reis Antíocos. Finalmente, a região é tomada pelos romanos.
No ano 136 d.C, no governo de Adriano, os judeus são expulsos da Palestina e são dispersos pelo mundo. O fato é conhecido como Diáspora, que dura até o ano de 1948 com a criação do moderno Estado de Israel.
Entre os israelitas, a propriedade da terra era coletiva. Inicialmente, no sul, a base econômica era a pecuária. Na agricultura, que era predominante no norte, destacava-se o cultivo de cereais, da oliveira e da videira. Nos governos de Salomão e Davi, o comercio passa a ter grande destaque. A atividade comercial foi muito favorecida pela posição geográfica a região, transformada em ponto de convergência das rotas comerciais entre a Mesopotâmia, Egito, Mar Vermelho e Arábia.
O aparecimento da propriedade, ou seja, lotes individuais que pertenciam à grandes famílias, passou a provocar a ruína dos camponeses que também eram obrigados ao pagamento de impostos ao Estado e a servir ao exército.
A usura, a exploração dos mais ricos contribuía em muito para no aumento das diferenças sociais. Os camponeses que não tinham condições de pagar suas dividas eram escravizados por seis anos, pois ao completar sete anos deveriam ser livres de toda escravidão e dívidas. A escravidão era prevista na Lei Mosaica. Os escravos, quando hebreus endividados possuíam muitos direitos civis.
CULTURA DOS HEBREUS
LITERATURA
A cultura hebraica estava
muito ligada á vida religiosa e produziu um dos maiores legados literários e
religiosos da humanidade que é o Antigo Testamento comporto de numerosos
livros, escritos em sua maioria em hebraico e por vários escritores durante
muitos séculos (verem Introdução à Bíblia).
O Antigo Testamento, a
primeira parte da Bíblia, representa a principal fonte de história no estudo
dos hebreus, e muitas de suas principais passagens já foram confirmadas pela
arqueologia.
O Pentateuco, conjunto dos
cinco primeiros livros, de autoria atribuída à Moisés e base do Antigo
Testamento, contém a Legislação Mosaica, onde se destaca o Decálogo ou Dez
Mandamentos que sintetizam os antigos costumes dos Israelitas. A legislação
mosaica, dava proteção à propriedade privada, admitia o concubinato e o
divórcio e estabelecia a igualdade perante a Lei.
AS ARTES
Nas artes, os hebreus
destacaram-se na Arquitetura, com a construção de palácios, templos, muralhas e
fortificações. A grande obra arquitetônica hebraica foi o Templo de Jerusalém,
onde se concentrou o pensamento religioso dos judeus durante séculos.
Foram dois templos: O de
Salomão que foi destruído em 598 a.C. por Nabudonosor; depois houve a
construção de outro Templo construído depois do Cativeiro por Zorobabel, Josué,
que era sumo sacerdote, Ageu e Zacarias. Este é o Templo que existia na época
de Jesus, que foi totalmente reformado por Herodes.
O DIREITO
O melhor exemplo de direito
israelita é o Código Deuteronômico onde apresentam leis muito claras, superando
em muito o mais antigo código de Leis da Humanidade que é o Código de Hamurabi,
feito na Mesopotâmia. O principal legado deste código de leis dos hebreus era o
caráter democrático e igualitário. Não condenava, por exemplo a escravidão, mas
procurava prevenir a escravização permanente dos judeus, com o ano da
libertação. Ao rei era proibido acumular riquezas e não estava acima da lei,
mas era submetido a ela, ao contrário de outros povos onde o rei era divino.
Havia possibilidade de
divórcio tanto para homens como para mulheres. Havia a proibição de sacrifícios
humanos, de torturas de prisioneiros, de possibilidade de fuga de infratores da
lei. Uma das marcas era que uma propriedade familiar não poderia ser vendida de
forma definitiva, e quando alguém comprava uma propriedade rural, deveria
devolver ao seu dono depois de 49 anos. As propriedades nas cidades poderiam
ser vendidas de forma definitiva.
A RELIGIÃO DOS HEBREUS
A religião é inegavelmente a
mais importante contribuição hebraica para a humanidade. O Judaísmo que tem por
base o Antigo Testamento, teve grande influência em outras culturas ao longo
dos séculos. O cristianismo, por exemplo, deriva do judaísmo. A religião
hebraica desde o inicio era monoteísta, mas influenciado pelos povos vizinhos,
houve muita idolatria entre o povo israelita, até o Cativeiro Babilônico.
O ministério dos profetas
tinha como principal função, trazer o povo ao arrependimento, pois este é o
pior dos pecados, pois afastavam o povo de Deus, o que levava a outra práticas
abomináveis.
Depois do Cativeiro, o povo
foi liberto definitivamente da idolatria. O Cativeiro foi uma espécie de
purificação religiosa para o povo.
Na religião Judaica antiga,
os sacerdotes exerciam grande poder, influência e prestígio. Era deles o
monopólio das funções religiosas, como celebrar o culto e fazer os sacrifícios.
Em troca, recebiam doações e contribuições para o sustento. Entre os ofícios
dos sacerdotes estava o sacrifício primeiramente no Tabernáculo, depois no
Templo. A circuncisão, o jejum e as grandes festas como a Páscoa, Pentecostes e
Tabernáculos.
Aos poucos, a classe
sacerdotal foi se corrompendo. As principais personalidades da sociedade
hebraica era o Sacerdote, o rei e o profeta.
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