PARTE DOIS - CULTURA
BÍBLICA
AS CASAS DOS TEMPOS BÍBLICOS
No hebraico, casa é – bet – e
designa tanto a tenda, a humilde morada do camponês, como o palácio do rei e o
santuário, habitação de Deus. As casas mais comuns, eram construídas com
tijolos cruz ou cozidos em geral em torno de um pátio, onde as crianças
brincavam, os animais circulava,, geralmente uma ou duas cabras e os pais
cuidavam de seus afazeres. O pátio tinha um poço ou uma cisterna, um buraco
onde se armazenava água (2Sm 17.18), uma bacia, para o banho e lavagem dos pés.
Os que tinham um pouco mais de posse possuíam também uma eira (local para
armazenar cereais). As casas em sua maioria eram estreitas, mas possuíam um
terraço (eirado) onde poderia haver mais um ou dois cômodos. Nestes terraços também
eram feitas adorações à divindades.
As casas mais ricas possuíam
três andares. As casas mais pobres poderiam ser feitas de terra batida. Os ricos possuíam quartos para dormir, salas
de jantas e braseiros eram colocados no inverno para aquecer. Os mais pobres
não tinham divisões na casa e muitos tinham apenas um ou dois cômodos e à noite
encostava-se a cama na porta a fim de se precaver de ladrões. Iluminação dos mais ricos eram candelabros de
metal ou cerâmica, dos mais pobres era lamparinas de azeite.
Evitava-se construções de
casas de madeiras por segurança, e a maioria das casas eram de pedras, tijolos
ou barro (Is 9.10 e Am 5.11). Muitas
pessoas de posses e influentes, construíam no alto da muralhas ou nas partes
mais altas da cidade sobre rochas, como Raabe, por exemplo (ver Jos 2.15; Mt
7.24).
AS VESTIMENTAS DOS TEMPOS BÍBLICOS
Em geral as vestimentas da
família eram feitas em casa pela mulher, ou por uma fiandeira que atendia a
vizinhança. As mais ricas tinham suas servas, que trabalhavam para casa,
produzindo as roupas da casa com tecidos finos (Pv 31-13-22).
Nos tempos mais antigos a
mulher ficava sempre em casa, a mulher fiava, tecia e tingia seus tecidos (Ex
35.25; Pv 31.19 e 2Sm 3.29). Fiar era o passatempo útil das mulheres. A lã de carneiro constituía a matéria-prima
mais comum das fiandeiras (Dt 22.11). Ela era tosada, levada, cardada, tingida
e depois fiada (Is 19.9).
Existia também o tecelão
especializado que fabricava tecidos, lençóis, cintos e tendas de pelo de cabra
(Is 38.12 e Jó 7.6).
O vestuário obedecia muito
mais o critério da funcionalidade do que a moda ou estilo. Homens e mulheres
usavam túnicas longas e soltas, feitas de lã ou linho, sobre camisolas
compridas por baixo. Em algumas localidades, as mulheres usavam véus, e as mais
enfeitadas usavam franjas e bordados em suas roupas.
As roupas do dia a dia, eram
em geral monocromáticas, as usadas em ocasiões festivas ou cerimônias religiosas
eram coloridas, tanto de homens como de mulheres (ver Gn 37.3). Os tecidos eram
coloridos com corantes naturais. O laranja vinha da flor do açafrão, a azul da
casca da romã e a púrpura, que era a cor real e dos nobres, vinha das conchas
do múrice.
Os cintos prendiam as roupas
e as faixas de tecido dobrado levavam dinheiro. As roupas de homens e mulheres
eram idênticas, exceto que a do homem era até o joelho e a da mulher era mais
comprida, indo até próximo aos pés. No dia a dia, geralmente as roupas dos
homens eram coloridas e a das mulheres de uma cor só, no máximo duas cores.
No inverno, além da túnica,
usava-se também um manto (Mt 5.40 e Lc 6.29). o manto feminino era largo e
podia ser usado para cobrir também a cabeça descendo até a cintura.
OS ENFEITES DOS TEMPOS BÍBLICOS
As joias eram parte da beleza
da mulher desde os tempos mais antigos (ver Gn 24.22 - 53). O próprio
Apocalipse recorre ao brilhos das pedras preciosas para descrever o esplendor a
Nova Jerusalém, a igreja glorificada (ver Apocalipse 21).
As mulheres costumavam usar
muitos recursos para embelezar-se como maquiagem, enfeites e tratamento de cabelo. Isaías descreve em detalhes as ornamentações usadas pelas
mulheres (Is 3.18-21).
Os homens usavam anéis que
eram símbolos de autoridade – as mulheres usavam pulseiras, braceletes,
pingentes no nariz e enfeites nos tornozelos, além de colares, brincos e
diademas. Os homens importantes suavam
sinetes nas mãos que serviam também para selo.
O profeta Jeremias, usa um sinete para a compra de um terreno em Anatote
(Jr 32.10-14). Judá dá o seu sinete em troca de sexo à sua nora, pensando ser
ela uma prostituta (Gn 38).
Para cobrir a cabeça, a
mulher usava turbantes, redes, faixas de linho ou seda, lenço de pano, chapéu
ou véu. O véu era uma indumentária importante, que se serviam dele para
exprimir sentimentos de pudor, temor ou amor.
Nada indica que a mulher de Israel era obrigada a cobrir
sistematicamente o rosto. Em algumas tribos isso era um hábito. Os cabelos
femininos eram sempre bem cuidados, com frequência com penteados e tranças e
sempre cobertos. Os cabelos da mulher só poderiam ser soltos diante do marido.
Cabelos soltos equivalia à nudez e somente as prostitutas andavam de cabelos
soltos a fim de se mostrarem aos homens.
Os cabelos dos homens eram abundantes, e nunca se cortava as pontas da cabeleira, que era um costume pagão. A barba era como um ornamento do
homem e se identificava como
sua honradez. Todos os homens usavam barba. O homem jamais andava com o alto da
cabeça descoberto.
OS CALÇADOS DOS TEMPOS
BÍBLICOS
A sandália era o tipo mais
usado e era feito com um solado de couro preso por uma ou mais tiras ou
correias também de couro (Gn 14.23; Ex 3.5;
Dt 29.5; João 1.27; Is 5.27, Ez 16.10) . Os egípcios usavam solas de madeira ou
palha trançada. Os Hititas tinham calçados altos de ponta bem alongada e
curvada para cima.
A mais antiga gravura de
calçados usados em Israel data da época dos patriarcas (1900 a.C.), e os homens
estão de sandálias e as mulheres de botinas de couro trançado que vão até acima
do tornozelo. Alguns desenhos antigos,
nos informam que os calçados femininos no inverno era tipo botas de couro e nas
épocas mais quentes era sandálias ou tamancos, muitas vezes enfeitados com
pequenos sinos.
Para o homem na Bíblia, o
calçado possuía um significado importante. Ele deveria ficar descalço em
lugares e cerimônias sagradas, durante o luto e para confirmar uma transação
importante, como uma transferência de propriedade. Também ele tirava o calçado
diante de autoridades ou uma audiência com um juiz, sacerdote ou soberano (Ver
Ex 3.5; Jos 5.15; 2Sm 15.30; Is 20.1-4 ver também Rute 4.7 e Amós 2.6 e 8.6).
Quando um cunhado se recusava a casar com a cunhada que ficou viúva e sem
filhos, ele deveria sofrer a humilhação pública prescrita, onde a mulher
desprezada tirava seu calçado e cuspia-lhe no rosto ( Dt 25.9; 25.10)
A HIGIENE NOS TEMPOS BÍBLICOS
A importância da higiene pessoal
nos tempos bíblicos é destacada tanto pelos textos bíblicos como pela
arqueologia que confirma a Bíblia. O lavar-se representava a pureza (ver
Numeros 19.7-19). Este lavar-se não era apenas parcial, de imersão total do
homem ou da mulher em água corrente ou num reservatório ritual (ver 2Reis
5.10-14; Isaias 1.16 ver toda a simbologia disto em Ezequiel 47). A importância
da imersão na purificação está na origem do batismo de João Batista que
originou o batismo cristão.
A ablução (lavagem de parte
do corpo). As abluções (lavagem parcial) das mãos e dos pés, sobretudo no caso
dos sacerdotes tinham uma frequência quase obsessiva; a cada refeição, em todas
as ocasiões das cerimônias tanto rituais como do dia a dia. Ao chegar um
hóspede, oferecia-se água e bacia.
Nas casas ricas, havia
bacias fixas, e as escravas procediam à
lavagem dos pés do amo e de seus hóspedes (Gn 18.4; Jz 19.21 e 1Sm 25.41).
Antes de dormir e depois de levantar-se, os hebreus costumavam lavar-se. (ver
Cantares 5.3). O issopo, um material esponjoso, sabão e outros materiais eram
utilizados na limpeza tanto dos corpos como sãs roupas (Jó 9.30 e Sl 51.7).
Geralmente após o banho, os
israelitas tinham o hábito de passar óleo no corpo, para não ressecar a pele.
Isto não era um luxo, mas uma necessidade. Consta que no reinado de Ramsés III
(cerca de 1.160 a.C.), os escravos
entraram em greve, pois seus donos os alimentavam mal e se recusavam a
lhes dar o óleo perfumado para unção dos corpos que o sol ressecava e por causa
do ressecamento da pele pelo uso das saponárias. Apenas as pessoas de luto não
usavam perfumes após a higiene.
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