
Aula em maio de 2016
Continuamos nossa aula, agora em questões tão diferentes das da nossa cultura como, medicina, alimentação, pesos e medidas.
A MEDICINA NOS TEMPOS BÍBLICOS
Desde as primeiras
civilizações os médicos existiam, mas a arte da medicina ou o uso de remédios e
outras práticas na cultura hebraica, além dos médicos, também os sacerdotes,
parteiras e até profetas desempenhavam funções médicas. Os embalsamadores e
certas categorias de místicos também eram honrados com o título de médico.
O homem bíblico era um religioso por natureza,
havia poucas pessoas racionalistas, a maioria eram ou crentes em algum deus ou
cheio de superstições. O certo é que criam em alguma esfera sobrenatural.
O hebreu, particularmente
atribuía tudo a Deus e à sua vontade.
A Bíblia revela que os
hebreus tinham conhecimentos médicos e da anatomia humana indiscutíveis. Os
nomes, as funções das partes do corpo e os músculos do homem são detalhados com
tanta precisão que as línguas modernas não possuem todos os equivalentes para
essa diversificadíssima terminologia. Noções de fisiologia transparecem nas
expressões que identificam o sangue ou a respiração com a própria vida.
O movimento da sangue era
conhecido dos antigos. O papel da limpeza era fundamental para a saúde. A
limpeza ritual era tão importante que foi associada ao dia a dia. As leis de
teor religiosas levavam as pessoas a não comerem carne estragada, a detectar em
suas fezes os menores sinais de doenças, a banir todo alimento impuro e a
evitar comer sangue.
Ele nunca comia carne de
animas que se alimentavam de sangue, pois este se tornava transmissor de
doenças e parasitas. Pessoalmente, o corpo deveria ser lavado em várias
circunstâncias no dia a dia. Até mesmo o
soldado deveria observar regras de limpeza (ver Dt 23.10 ss).
A higiene sexual também, era
importante na vida do casal, obrigado a lavar-se depois de cada relação e
abster-se do sexo durante a menstruação da mulher. A Bíblia cita oitenta e
cinco vezes o coração como o centro e sede da vida, da sensibilidade e do
pensamento humano.
No livro de Samuel é descrito com grande
precisão clínica que Nabal sofre um infarto que o paralisa e dez dias depois
tem um segundo infarto que o leva à morte (1Sm 25.36 -39). O escritor bíblico
sabe diagnosticar e descrever os distúrbios circulatórios de que sofre o velho
rei Davi e a arteriosclerose do rei Asa e terrível doença do rei Jeorão (1 Rs
1.1; 15.23 e 2Cron 21.19).
Eram bem conhecidas técnicas
de correção em membros do corpo com lesões graves com fratura no braço ou na
perna (Ez 30.21). Os egípcios eram mestres da medicina na época, basta ver os
processos de mumificação que são objetos de estudos até hoje. As doenças
contagiosas são tratadas na época Bíblica com o isolamento do doente, para
evitar o contágio. Os remédios eram feitos à base de óleos que exerciam funções
de limpeza, cicatrização e precaução contra infecções.
A alimentação na cultura
bíblica ocupa um lugar diferente do que significa hoje, numa cultura
consumista e que “vive para comer”. O lugar que a alimentação ocupava nos
tempos bíblicos tem seu significado revelado no seu significado sacrificial ou
cultual. O alimento era considerado uma dádiva divina, por isso quase todos os
cultos começavam e terminavam com refeições. Os povos idólatras também tinham
esta consciência, só que deturpada e por considerarem que o alimento vinha dos
deuses ofereciam a eles grandes banquetes, como as orgias romanas. As festas
pagãs eram feitas com uma grande mistura de comida e sexo, pois eram a expressão
da fertilidade, tanto humana quanto da terra.
O alimento básico dos hebreus
era o pão, que representava a dádiva mais importante da provisão divina (Jesus
disse que era o pão do céu). O pão e o vinho simbolizavam toda a comida do ser
humano (Gn 14.18; Dt 29.5; Jz 19.19; Jos 9.4-5 e Lm 2.12). O cardápio principal
era composto de trigo, cevada, e frutas como uva, figo, romã, azeitona, tâmaras
e maças. Havia também carnes de boi, de carneiro e legumes. O azeite ocupava um
lugar central nas refeições.
Os cereais fornecem toda
sorte de pães, biscoitos, bolos, sopas e outras iguarias.
O vinho era apreciado em
todas as etapas de sua fermentação em suco e mosto. O figo enfeitava as mesas e
também era conservado como fruta seca para o inverno. Os hebreus colhiam nos campos várias fontes
de alimentos como amêndoas, avelãs, mandrágoras e pistaches. Eles cultivavam
favas, lentilha, cebolas, abóbora e melancias. São mencionados na Bíblia e em
outras literaturas hebraicas todo tipo de ervas amargas, usadas em sopas ou saladas.
Estas ervas não são identificáveis hoje facilmente.
A carne e o peixe eram
alimentos de luxo, reservados às festas, ao sábados e às grandes festividades e
ocasiões nobres.
Os hebreus comiam os animais
de seus rebanhos e também peixes providos de escamas e nadadeiras. Os peixes
vinhas do mar, dos lagos e dos rios. Não havia criação de peixes em lugares
particulares. Em Jerusalém, depois do Cativeiro, havia a Porta do Peixe,
serivda por um mercado de peixe abastecidas por comerciantes sírios (Sof 1.10;
Ne 3.3 e 12.39; 2 Cron 33.14 ). Comiam certas espécies de
gafanhotos, aves e pássaros, desde que fossem declarados como puro pela Lei.
Gansos eram preparados em festas. O consumo e criação de galinhas foi
popularizada a partir do Império Persa. O hebreu bíblico, aquele que se
mantinha fiel a Deus não violava as regras da dieta prevista pela lei. Ele
consumia apenas a carne de animal abatido ritualisticamente, que era degolado e
sangrado previamente a fim de não ingerir seu sangue (ver Lv 17.10-13; Dt 12.6).
A carne provinha de animais
oferecidos no altar do Templo, isto pelo até a época do Cativeiro Babilônico.
Ao que parece antes deste tempo, não era pratica matar animais fora dos
sacrifícios. Muitos intérpretes acreditam que a carne consumida pelos hebreus
deveria ser de animais mortos nos lugares sagrados e sacrificados com a
presença de um sacerdote.
Este seria um dos motivos de
muitas famílias contratarem seus próprios sacerdotes (ver Jz 17 e 18). Com já mencionado, os galináceos
foram incluídos na dieta popular a partir do século VI pelos persas, por isso,
antes deste período não era comum o consumo de ovos.
Os ovos eram colhidos em
ninhos e seu consumo era raro e usados para culinária de pessoas de gosto
sofisticado (ver Lv Is 10.14. Dt 22.6; Jr 17.11 e Jó 39.14-15). O mel era muito
apreciado, e era símbolo do prazer humano por sua doçura e pelo prazer com que
as pessoas o consumiam.
Um ingrediente
importantíssimo era o sal que acompanhava obrigatoriamente todos os sacrifícios
e tinha inúmeros empregos litúrgicos e gastronômicos (Lv 2.13 e Ez 43.24).
A aliança feita por Deus com
seu povo, é uma aliança de sal (ver Nm 18.19; 2 Cron 13.4-5). Os povos antigos,
consideravam o sal como uma dádiva divina e uma das descobertas mais preciosas
e por isso era caro também. O sal também
era misturado aos ingredientes do incenso e servia para a fabricação de
remédios. Eram também usado para curtir couros, conservar carnes e peixes,
preparar azeitonas e as conserva de vários alimentos.
AS REFEIÇÕES
As refeições eram feitas duas
vezes ao dia, ao meio-dia e á noite. A mais substanciosa à noite, após a
jornada de trabalho (Gn 43.16-25; 1 Rs 20.16; Rt 2.14-17).
As refeições são feitas em
mesas, a que se senta em cadeiras baixas, tanto a mesa quanto as cadeiras não
eram altas como hoje. Havia também o costume de colocar as refeições em cima de
esteiras específicas e as pessoas ficavam sentadas em pequenos tapetes ( Gn
27.19; 37.25; 1Sm 20.24). Entre os ricos e abastados, desenvolveu-se o hábito
de comer estendidos em divãs. O profeta Amós faz uma denúncia grave contra
aqueles que, indiferentes aos pobres, comem cordeiros, deitados em divãs de
marfim, bebendo vinho e em orgias (Amós 6).
O pão acompanhava a carne e
sopas. Era embebido em molhos dispostos em tigelas no centro da mesa ou da
esteira. Era comido com as mãos e o uso de facas, colheres e garfos eram de uso
mais restrito à algumas ocasiões especiais.
As medidas de comprimento
devem sua denominação ao nome dos membros do corpo humano. Côvado (amma), o
palmo (zeret). A mão (tefah), o dedo (esba), a vara (qaneh) e enfim, a braça
(gomed). A avaliação das diferentes medidas parece impossível de determinar
hoje, pois não há um padrão fixo. O que temos hoje é uma definição
aproximada. As principais formas de
medidas e pesos são as seguintes:
MEDIDAS LINEARES OU EM LINHA. 
1 Côvado– 2 palmos – 44,5 cm
1 Côvado longo – 7 larguras
da mão – cerca de 51,8 cm (o mesmo que côvado anterior – 2 Cron 3.3).
1 Côvado curto – 38 cm
1 Cana - igual a 6 côvados – 2,67cm
1Cana longa – 6 côvados
longos – 3,11 cm
1 Braça – 1,8 m
Um estádio – 185 m
Milha ou mil passos –
provavelmente 1.479, 5m
Jornada de um dia – cerca de
32 km
Jornada de um sábado – cerca
de 1 Km (ver Mt 24.20 e At 1.12)
MEDIDAS DE CAPACIDADE
a) Para Líquidos
1 logue, igual ¼ de cado – 0,31 lt
1 cabo, igual a 4 logues –
1,22 lt
1 him, igual a 3 cabos - 3,67 lt
1 bato, igual a 6 hins – 22lt
1 coro, igual a 10 batos –
220 lt
b) Para Secos
1 cabo, igual a 4 logues – 1,22
lt
1 Gomer, igual a 1 ¼ cabo –
2,2 lt
1 seá, 7,30 lt
1 efa – 22 lt
1 ômer, igual a 10 efas – 220
lt
Seis medidas de cevada(Rt
3.15) são seis seás.
1 gera, igual a 0.57 g
1 beca, meio siclo – 10 geras
ou 5,7 g
1 siclo, igual a 2 becas ou
11,4 g
1 mina, igual a 50 ciclos ou
570 g
1 talento, igual a 60 minas
ou 34,2 kg
No dias de Abraão, as trocas já haviam sido substituídas por metais
preciosos, mas ainda não se usava moeda-padrão, cunhada, como séculos mais
tarde se tornou normal. Estes metais eram prata, ouro e outros metais que em
forma de argolas, pulseiras, pequenas estátuas (ídolos) com pesos específicos
eram usadas como dinheiro (ver Genesis 24.22; 31.19-35 e Jos 7.21). Estátuas,
chamadas de terafins, também serviam de símbolo de propriedade, como uma
escritura hoje.
As primeira moedas surgiram
por volta do século VIII (anos 700 a.C). Os israelitas passaram a usar moedas
depois do Cativeiro Babilônico. São mencionados os “Dáricos” (moedas cunhadas
por Dario) (1Cron 29.7 e Ed 8.27) e Dracmas (Ed 269; Ne 7.70-72). Um Dárico de
ouro pesava 8,4 g de ouro o que em dólar seria cem dólares aproximadamente.
Mais tarde entre os
israelitas havia cinco valores principais:
1 Gera, igual a meio siclo -
equivalente a dez cents em dólares.
1 Beca, igual a dez geras –
equivalente a um dólar e dez cents.
1 Siclo, igual a duas becas –
equivalente a dois dólares e vinte cents.
1 Mina, igual a 50 ciclos –
equivalente a cento e dez dólares.
1 Talento, a 60 Minas –
equivalente a seis mil e seiscentos e
seis dólares.
No Novo Testamento os valores
mais conhecidos são o Denário (romano), a dracma (grego), a didracma (grego) e
o estáter (grego) – (ver Mt 5.26; 10.29; 17.24-27; 20.10; Mc 12.42; Lc 12.6 e
59; 15.8 e 21.2).
Os valores aproximados em
dolar seriam os seguintes:
1 Denário, aproximadamente
- 80 cents.
1 Dracma, aproximadamente –
70 cents.
1 Didracma – Um dólar e
trinta cents.
1 Tetradracma – Dois dólares
e sessenta cents.
1 Mina – 100 dracmas – 70 mil
dólares.
1 Talento – 60 Minas.
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