quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Benção e Maldição na Palavra do Pregador


        
Resultado de imagem para benção e maldição Palestra para pastores em Setembro de 2015
 
 
VIDA E MORTE NA PALAVRA DAQUELE QUE ENSINA

                        Tiago 3.1-18

 

Este texto fala da bênção e maldição na boca do pregador. Não tem nada a ver com a falsa doutrina da “bênção e maldição” tão ensinada nas igrejas hoje. O que estamos falando é que se o pregador prega a Palavra, ele abençoa o povo e a si mesmo. Se o pregador não ensina a Palavra, mas sua própria inspiração, distorção ou manipulação está amaldiçoando o povo e a si mesmo.

 I -  NOTAS TEXTUAIS
3.1 - “não se tornem muitos de vocês mestres” NVI / “Somente alguns de vocês deveriam se tornar mestres” NTLH /
“Mestres’ – Didaskaloi de didaskalos – Os que ensinam a Palavra. Este capitulo fala sobre o poder que o mestre exerce – de abençoar ou de amaldiçoar com seu ensino.
“Maior Juízo” – O juízo dos mestres sempre foi anunciado como mais rigoroso no Novo Testamento – ver Mt 12.36; Mc 12.40;  Lc 20.47.
Os mestres ocupavam uma posição muito importante no judaísmo, pois eles interpretavam a Lei oral (depois estas interpretações se transformaram na literatura rabínica – O Talmude).
Também na igreja os mestres eram tidos em alta consideração de importância, pois eles propiciavam novo entendimento a respeito dos textos antigos ( At 13.1; 1Cor 12.28; Ef 4.11). Eles reinterpretavam as Escrituras na aplicação da Nova Aliança. Tiago mesmo era um mestre na reinterpretação da Lei (2.8-10). Em sua reutilização dos ensinamentos de Jesus (1.5,17 e 4.3). O mestre – o pregador – exercia e exerce -  portanto, grande influência na vida das pessoas, direcionando a vida e até o destino final delas. 
Esta carta escrita na primeira geração de pregadores (entre 45 e 50 d.C.), e já havia disputas entre os interpretes do próprio Evangelho. Um exemplo disso é a polêmica entre os pregadores da Igreja de Jerusalém e os pregadores da Igreja gentílica de Antioquia que culminou no primeiro Concílio em Jerusalém (ano 45 d.C) que definiu as linhas divisórias entre os da circuncisão e os da não circuncisão – disputa esta que teve seu ponto máximo nas várias prisões de Paulo e sua execução no ano 67 d.C.
  Os falsos mestres foram uma pedra no sapato na pregação apostólica ( 1Tm 1.7; Tt 1.11 e 2 Pe 2.11 – também as cartas de Galatas, Colossenses, Hebreus, 2 Pedro e Judas se ocupam desde tema.
V. 2 – Tropeçar – Ptaiomem – literalmente “escorregar”, “levar um tombo”. Todos tropeçam, inclusive os mestres, mas nenhum tropeço é como o ensino errado, por além de mostrar a condição de desequilíbrio de quem ensina – leva os ouvintes a cair também. Quem não tropeça com a língua é prefeito – Teleios – cumpre o alvo para o qual é chamada. Não que não peque, mas não peca no principal – que é o alvo (teleios – quem atinge o alvo – perfeito e não peca neste sentido). Isto revela a maturidade do mestre, coisa     que o neófito, o apaixonado não é capaz de alcançar.
Vs 3 a 12 – o autor faz o uso da retórica comum aos mestres na demonstração por várias ilustrações. O cavalo e o freio (v.3); dos navios e dos lemes (v.4); do fogo e da floresta (vs. 5,6), dos animais indomáveis (vs 7,8); da fonte de água (v.11), da árvore e seus frutos (v.12). Aqui ele diz que um cavalo é dominado, um navio é conduzido, uma floresta é incendiada por pequenas forças – e a língua que seria um órgão tão pequeno, mas que tem um poder de causar danos grandiosos. Os mestres têm este poder, pois é do interior de quem fala que sai este poder.
O verso 6 - Fala de um “mundo de iniquidades” o termo é – Adikia – aquela coleção de práticas pecaminosas que são abomináveis tanto a Deus como às pessoas. Adikia é o contrário de piedade, de santidade. O verso 6 fala do fogo que incendeia a existência humana, levando finalmente ao – Geena – Lago de fogo. Este verso, assim como o verso 1 é chave do texto, pois mostra a condição iníqua de quem está ensinado e para onde está levando os que o ouvem.
Estes versos todos estão mostrando a condição natural da palavra que não edifica para a vida eterna.  Nada subjuga a língua, ou seja o discurso humano – a não ser a graça de Deus.
Os versos 9 a 12 – Mostra a dubiedade, digamos a bipolaridade maligna do pregador inconsequente – mostra que muitos louvam a Deus com os crentes, mas depois desencaminham estes crentes. Esta é a incoerência da benção e da maldição que supostamente vêm da mesma boca. Mas esta é a falácia do pregador inconsequente. Pois se seu culto público aparenta ser verdadeiro quando profere bênçãos – este culto se revela falso, pois revela a verdadeira natureza deste falso adorador – pois ao proferir falsos ensinamentos – não abençoa, mas amaldiçoa seus ouvintes.
Vs 13 – 18 – O autor mostra o caráter do verdadeiro obreiro, mostrando como um mestre (sábio), usa bem o conhecimento (sabedoria).
v.13 – O sábio – Sophos – aquele que tem o conhecimento correto -  Epistemon – O que entende profundamente o que ensina. O verdadeiro mestre mostra isso em sua conduta, por meio de obras.
v.14,15  – Não prega por inveja, rivalidade e orgulho. Não usa de falsos pretextos – Pseudestes – Aquele que finge saber. Não busca a promoção pessoal – kataukastes – que se gaba de saber para alcançar prestígio. Isto é mundanismo e diabólico.
Vs 16-18 – O verdadeiro mestre é cheio de compaixão, misericórdia e bons frutos. O verdadeiro mestre procura exaltar a vida de fé em lugar do mero conhecimento. O resultado é paz, ao contrário do fruto dos falsos mestres que destroem e levam à condenação.

 II – NOTAS HOMILÉTICAS

1 – Ser mestre é ter consciência da grandeza da missão de falar a Palavra de Deus como Palavra de Deus -  v.1
Um pregador que fracassa em suas palavras, fracassa em sua principal missão e terá que prestar contas a Deus. Não pode se dar ao luxo de considerar seu trabalho com leviandade ou fazê-lo sem estar preparado porque está lidando com aquilo que é sagrado – que é o ensino da Palavra de Deus. Ninguém deveria ensinar sem estar preparado em todas as áreas necessárias.
2 – Mestres não são perfeitos, mas não podem pecar em seu ensino – v.2
A falta na Palavra leva à consequências altamente destrutivas de si mesmo e dos ouvintes. A perfeição é a fidelidade à Palavra quando ensinar. Ensinar sem preparo é se condenar e levar outros no mesmo caminho.
3 – O mestre precisa usar bem sua boca ao falar – como se usasse um freio – v.3
4 – O mestre precisa saber onde está indo e como conduzir o povo, como um navio bem conduzido – v.4
5 – O mestre que não conduz ao fogo da purificação, conduz o povo ao fogo do juízo – v.5 -6
6 – O mestre precisa controlar suas palavras com a máxima vigilância e controle – vs.7-8
7 –  O mestre ou abençoa seus ouvintes ou amaldiçoa – v. 9-12.
8 – O mestre cumpre sua missão quando alia o conhecimento à sua vida – v.13
9 – O mestre cumpre sua missão quando suas motivações não são terrenas, mas celestiais – v. 14-16
10 – O mestre cumpre sua missão quando a igreja é edificado por seu ensino e vida que é ensino de vida e vida de ensino – vs 17-18

 Pregar é explicação e aplicação do texto. Correta aplicação e correta aplicação. É isso que a Bíblia ensina, “prega a palavra”. Quem prega sua própria inspiração, pode até pensar que está pregando segundo as Escrituras, mas se ele não está explicando as Escrituras ele pode até levar o povo ao “delírio espiritual”, mas no final, os ouvintes não terão aprendido nada.

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