Palestra a pastores em junho de 2015
I - A IGREJA DE JERUSALÉM
Foi a primeira comunidade
cristã, como está registrado em Atos 1.8 – tudo começou ali. Ali foi onde o
Espírito desceu inaugurando a era da igreja (At 2). Ali foi feita a primeira
pregação por Pedro, o primeiro batismo, a primeira ceia (Atos 2 e 3). Ali
sofreu a primeira perseguição movida pelo judaísmo, onde Estevão foi
martirizado nos anos 35 e 36. A segunda perseguição, acontece entre os anos 41
e 43 por Herodes Agripa, onde morre Tiago, filho de Zebedeu (At 12). Foi na
primeira perseguição que os cristãos promoveram a evangelização da Judeia e Samaria (Atos 8).
Na Igreja de Jerusalém,
considerada a igreja mãe foi realizado o primeiro concilio onde foi decidido
que os cristãos gentios não teriam de se sujeitar ao estilo de vida e religioso
do judaísmo, à circuncisão e à observância da Lei mosaica de acordo com a visão
de Paulo e Barnabé (At 15.2-12; Gl 2.1-10).
A igreja de Jerusalém era
formada apenas de crentes convertidos do judaísmo ou de gentios que adotavam a
cultura e religião judaicas. Cornélio é
registrado como um gentio que se converte, mas o texto deixa claro que ele era
temente a Deus, ou seja, ele era um daqueles que Atos chama de Helenistas, que
era ou um judeu que adotava a cultura grega ou um grego que adotava a culto e
religião judaica.
No ano 70 há a guerra dos
judeus contra Roma e segundo Eusébio de Cesaréia que escreveu a História
Eclesiástica (sec. IV), nesta época os cristãos de Jerusalém fugiram todos para
a Peréia. Muitos cristãos votaram, mas a
liderança do judaísmo da época, como o sinédrio foi transferido para a
cidade de Jâmnia.
Jâmnia se torna o centro
intelectual e religioso do judaísmo, e no ano 98 é realizado o famoso Concílio
de Jâmnia que determina identidade judaica até os dias de hoje.
Nos anos 130 a 135 houve a
segunda revolta dos judeus contra Roma. Os judeus então, foram expulsos de
Jerusalém.
Eusébio nomeia os bispos de
Jerusalém entre os anos 70 a 130 que são todos hebreus : Simão (que é tido como
primo do Senhor), Justo, Zaqueu, Tobias, Benjamim, João, Matias, Filipe, Levi,
Efrém, José e Judas. Após a proibição dos Judeus de morar em Jerusalém, o mesmo
Eusébio fala que uma pequena igreja é rastreada ali e os bispos todos são
gentios até o ano 200 que são – Marcos,
Cassiano, Públio, Máximo, Juliano, Gaio I, Símaco, Gaio II, Capitão, Valente,
Duliquiano e Narciso.
A Igreja de Jerusalém se
tornou uma cidade pagã segundo Jerônimo, até que Constantino incentiva cristãos
morar em Jerusalém e nomeia bispos para lá e constrói várias basílicas e monges cristãos constroem
mosteiros ali. Jerusalém se torna um centro monástico e um lugar onde as
pessoas buscar milagres de curas.
Entre os anos de Constantino
até o ano 400 importantes bispos são nomeados e ganham destaque como homens
proeminentes entre eles Cirilo de Jerusalém, Eusébio e Acácio. A Igreja de Jerusalém se mantém até o ano 638
quando o Omar toma Jerusalém e esta passa a ser controlada por árabes. Os
cristãos aos poucos vão abandonando Jerusalém, até que por volta do ano 1000,
há bem poucas referências históricas sobre as igrejas da cidade.
II – A IGREJA DE ANTIOQUIA (da
Síria)
Esta foi a igreja mais
importante estrategicamente falando do primeiro século junto com a igreja de
Roma pela preeminência que ocupa na obra missionária. Se Jerusalém é a igreja
mãe de Antioquia, esta é a mãe das igrejas gentílicas, não apenas porque fundou
as primeiras igrejas não judaicas, mas porque definiu a doutrina destas
igrejas.
Judeus cristãos helenistas de
Jerusalém provenientes de Chipe e Cirenaica, pregaram o evangelho e houve muitos convertidos. Ali pela primeira
vez os discípulos foram chamados de cristãos (At 11.19-26).
A igreja de Antioquia
se define melhor tanto pela afirmação da tese paulina da não circuncisão dos
cristãos e da não guarda da lei, como pela superação da crise entre Paulo e
Pedro (Gl 2.1-14).
A igreja de Antioquia é fundada por volta do ano 38 e nos
anos 42 e 44 já é marcada por uma liderança ministerial notável (At 13.1). no
ano 43, Paulo e Barnabé são separados para a obra missionária (At 13.2-4).
No ano 45, sete anos depois de ser fundada,
envia mensageiros a Jerusalém onde é definido que a igreja gentílica não seria
uma extensão do judaísmo. (At 15). A igreja de Antioquia durante todo o
primeiro século segue como uma igreja forte, mas não é mencionada nas cartas de
Paulo, porque era a igreja base dele.
Não é mencionada pelos outros apóstolos
porque não era uma comunidade judaica como a que o autor aos Hebreus escreve,
ou Tiago, ou Pedro e João. Durante o segundo século é pouco mencionada, mas se
sabe ser uma igreja de bispos influentes. No terceiro século (anos 200), assume
a posição de destaque, junto com Roma e Alexandria e tem na pessoa do bispo
Paulo de Samósata uma liderança notável, tanto eclesiástica como política.
Importante sínodos são realizados ali, para discutir formas escliásticas,
doutrinas e livros a serem usados nos cultos.
No século IV (anos 300), bem
no início enfrenta uma terrível
perseguição movida por Diocleciano e Licínio, muitos cristãos são mortos ou têm
os bens confiscados. Entre os anos 315 a 337, a igreja recebe restituição dos
bens, os bispos são honrados com status social e templos são construídos. Nesta
época Antioquia se torna uma cidade de maioria cristã e são construídos dezenas
de edifícios para os cultos. No ano 341 é dito que para a inauguração da
catedral central é reunido o maior número de bispos da igreja antiga, onde mais
de 1000 (mil) se fazem presentes para o culto de dedicação. Este fato da igreja
de Antioquia a igreja mais influente depois de Roma e Alexandria.
O bispo de Antioquia, é tido
como um dos “Patriarcas” junto com os bispos de Roma, de Jerusalém e de
Alexandria.
Entre os anos 364 a 370 há divisões entre os
bispos e uns passam a perseguir os outros. Quando João Crisóstomo assume como
bispo da cidade há um grande avivamento nas igrejas. No ano 390, Crisóstomo
testemunha que a cidade é quase que inteiramente cristã. Entre os anos 400 e 500, depois da morte de
João Crisóstomo em 407, houve muitas disputas internas onde várias correntes
disputam a primazia da liderança da igreja. Depois disso, o bispo de Antioquia,
disputa com os bispos de Alexandria e o bispo de Roma, o primado, ou a primazia
sobre os outros, até que Gregório Magno assume esta posição se tornando o
primeiro Papa que passa a ser o maioral entre todos os outros bispos, por volta
do ano 600. O bispo de Antioquia continua tendo a honra de patriarca, e a igreja
muito influente até que a cidade cai sob os árabes nos ano 637.
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