sábado, 16 de dezembro de 2017

O Ensino de Jesus sobre a Oração - Aula

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Aula sobre Teologia da Espiritualidade -1
junho de 2012

O ENSINO DE JESUS SOBRE A ORAÇÃO – Mt 6.5-15

Uma dos ensinos mais destacados de Jesus e que também praticou com grande intensidade é sobre a oração. Ele ensinou orar, orando. “De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto e ali orava (Mc 1.35). “Naqueles dias, retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus (Lc 6.12).
O ensino e a prática de Jesus sobre a oração foi de alguma forma foi além dos que era praticado pelos religiosos da época. Vemos isso na diferença entre os discípulos de Jesus e os fariseus. Enquanto os fariseus, os principais “crentes” da época praticavam um religiosa (espiritualidade) falsa e vaidosa (hipócrita), Jesus praticava sua vida devocional de forma apaixonada e verdadeira. Jesus ensina que a religiosidade de aparência, tem sua recompensa em si mesma ( vs 2-5).
A pratica devocional dos fariseus levava os seus praticantes a desejarem serem vistos pelos outros. Suas devoções em feitas em público. Sua leituras bíblicas eram em voz alta e suas orações eram feitas em público para serem vistos. Seus jejuns eram um demonstração pública de piedade. Por isso Jesus os chamou de hipócritas (atores).
Jesus ensina que a espiritualidade e religiosidade de aparência têm a recompensa em si mesmas, pois a pessoa pratica sua espiritualidade para ser visto e reconhecido pelos outros. A finalidade deles era serem vistos pelos outros e eram. Jesus como contraste mostra como um verdadeiro adorador deve fazer.
1 – A ORAÇÃO NÃO DEVE SER UMA DEMONSTRAÇÃO DE ESPIRITUALIDADE – V.5
Jesus ensina a verdadeira forma de orar, mostrando como não fazer ou o que não fazer. A palavra hipócrita significa “aquele que interpreta” e esta a atitude de alguns fariseus que enquanto todos estavam sentados se colocavam em pé para serem notados pela multidão e assim, serem considerados mais espirituais do que os outros. Outros ficavam nas esquinas orando em pé e em voz alta proporcionando um espetáculo.
 A intenção que os outros reagissem dizendo: como é espiritual aquela pessoa.
Jesus não está definindo uma postura física certa para a aração. Ele está ensinando sobre a verdadeira atitude de oração. Jesus não está censurando a postura física, nem o local da oração, mas o exibicionismo de uma espiritualidade falsa.
Jesus ensina que a verdadeira oração depende de uma atitude correta do coração. Uma atitude de relacionamento com Deus.
2 – A ORAÇÃO É UM ENCONTRO PESSOAL COM DEUS – VS 6-9
Jesus depois de reprovar a oração dos fariseus diz “mas tu (tu, porém) quando orares” mostrando que a oração é pessoal. A verdadeira oração é um encontro pessoal com Deus ao contrário do exibicionismo dos hipócritas. Jesus fala que ao invés de orar em pé nas esquinas é para seus discípulos praticarem a oração de forma autêntica – entra no teu quarto e fechada a porta, ora a teu pai que está em secreto.” Ora verdadeiramente quem ora além do culto público. Quem ora em secreto quando somente Deus está vendo, quando somente Deus está ouvindo.
Jesus com certeza não está fazendo uma condenação à oração em público, no culto, pois ele mesmo muitas vezes orou em público. Mas ele está destacando que é preciso ter uma vida de oração. Um relacionamento pessoal com Deus sem a preocupação de causar impressão nos outros. A recompensa dos exibicionistas é serem vistos e reconhecidos pelas pessoas. A recompensa de quem tem uma vida de oração vem de Deus pois Jesus afirma – “teu Pai que vê em secreto, te recompensará.”
O Senhor também condena as “vãs repetições” pois é assim que os gentios (pagãos) fazem. Ele compara agora a oração verdadeira com o paganismo idólatra. Os pagãos usavam as repetições (mantras) porque queriam obrigar seus deuses a fazerem o que desejavam (ver 1 Reis 18.26-29). O ensino do Senhor Jesus é que o poder da oração não está no muito falar. Não é o excesso de palavras, como se a pessoa pudesse convencer a Deus por meio de argumentos. O poder da oração se encontra na providência e soberania de Deus – “vosso pai sabe.”
O termo “vãs repetições”  vem do grego – batalogesete – que segundo os estudiosos é um termo muito raro  e quase não era usado na literatura e o termo literal seria “tagarelar demais”, “falar coisas sem sentido”, “repetir sem refletir.”
A verdadeira oração não é medida pela quantidade de palavras, nem pela altura da voz ou ritmo da voz de quem ora. Nossas necessidades não são desconhecidas do nosso Pai. A verdadeira oração pede ao pai de acordo com as necessidades que se tem exercitando assim a fé, confiança e dependência de Deus.
OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DA ORAÇÃO (Mt 6.9-13)
1 – NA ORAÇÃO, PRECISAMOS GLORIFICAR A DEUS – VS 9-11
Jesus ensina agora um roteiro da verdadeira oração para seus discípulos. Não é uma fórmula para ser repetida, mas um modelo para ser seguido. Neste roteiro, as três primeiras petições se concentram no próprio Deus.
PAI NOSSO
A Primeira é a mais surpreendente declaração de Jesus sobre Deus. Ele chama Deus de “Pai”. Deus já se declarava pai no Antigo Testamento, mas chamar Deus de pai é uma novidade que o Senhor Jesus apresenta. Em Jesus Deus deixa de ser Deus e passa a ser “Deus Pai”. Ele não simplesmente Deus, mas agora ele passa a ser considerado não apenas o Todo-Poderoso inacessível, mas um Pai que ama seus filhos. Em todo o Novo Testamento este conceito é dominante.
A expressão é Abba, que é a forma como os filhos chamam o pai na intimidade. Como “meu pai”, “paizinho”, “papai.” Deus é pai na igreja, todos somos seus filhos, por isso, “irmãos.” Somos irmãos, porque somos filhos do mesmo pai. Jesus neste sentido é o irmão mais velho, o primogênito de muitos irmãos;
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos’  (Rom 8.28-29; ver Heb 2.11).
Veja que a expressão Pai é seguida de – “que está nos céus” – Ele é Pai, mas é Deus. É Deus que é Pai. É Deus Pai. Ele continua sendo o soberano, o exaltado – mas nos considera, nos adota em Cristo e por causa de Cristo como filhos. Mais do que isto nos incentiva a chamá-lo de pai.
 Esta é a grande revolução relacional do Evangelho de Jesus. Somos adotados por Deus como seus filhos amados. Quando formos orar, devemos lembrar que estamos falando com o Pai e não com um Deus distante.
 Não estamos falando com um Deus que em sua severidade não nos ama e não deseja nos abençoar. Muitíssimo pelo contrário, ele é Pai que nos ama e deseja nos abençoar e em seu decreto santo, decidiu que todas as bênçãos seriam decorrentes da oração. Da expressão de nosso relacionamento com Ele.
SANTIFICADO SEJA TEU NOME
A segunda petição se refere à declaração da santidade de Deus. Santo, quer dizer “separado”, portanto, mesmo sendo pai, Deus é exaltado, soberano está acima de tudo e de todos. Sua excelência e suas perfeições o fazem distinto em seu ser e caráter de toda a sua criação.
É isto que quer dizer a declaração da santidade de Deus. Sua distinção absoluta diante de tudo o que existe. É uma tragédia quando não conhecemos nada a respeito dos atributos de Deus. É esta não “santificação” do nome de Deus. Esta não consciência de que estamos diante de um Deus absolutamente santo, é que leva muitos mestres a ensinar os crentes na oração a fazer coisas do tipo – colocar Deus contra a parede – Exigir direitos diante de Deus – decretar que Deus faça isto ou aquilo – ordenar que Deus aja conforme a vontade deles próprios.
Quando Jesus ensina na oração a santificar o nome de Deus, ele está ensinando que devemos ter em mente que tudo o que Deus faz e fará em nosso favor é favor, isto é, graça e misericórdia. Na oração não temos o direito de exigir nada. A oração já é um ato de graça. Quem ora é porque recebeu a graça de orar.
VENHA O TEU REINO E SEJA FEITA A TUA VONTADE
A terceira petição ensinada pelo Senhor é o reconhecimento de em primeiro lugar em nossa oração devem estar as coisas do Reino. Existimos para Deus e tudo existe para que no final o reino de Deus seja consumado. Nossa principal oração, e em sua expressão mais radical, a oração é pelo reino de Deus.
 O reino de Deus em sua forma espiritual, como agora na igreja é o governo de Deus começando primeiro no coração. Este governo deve começar no coração de quem ora. A vontade de Deus deve ser a prioridade máxima e imediata em cada um de nós. Veja a forma como Jesus expressou: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice; mas que não seja feita a minha vontade, mas a tua”(Mt 26.39).
Deus não existe para fazer a nossa vontade, mas nós existimos para fazer a vontade dele. Ele é o centro da nossa oração, não nossas vontades.
2 – NA ORAÇÃO DECLARAMOS NOSSA DEPENDÊNCIA DA PROVISÃO DE DEUS – VS 12-13
A oração é o meio que Deus determinou para que as pessoas possam desejar, expressar e buscar as bênçãos de Deus.
A oração além de adoração, também é petição. Na oração pedimos a Deus o que necessitamos. Oração então, não é determinação do que Deus tem que fazer. Oração também não tem como objetivo “informar” a Deus nossas necessidades, ou as necessidades de alguém como se ele não soubesse. “Vosso Pai sabe o que precisais” disse Jesus.
A oração de petição é o reconhecimento de que tudo pertence a Deus, inclusive nossa vida. Tudo pertence aquele que é o Senhor soberano sobre tudo. Se tudo pertence à Ele, então a petição é o  reconhecimento desta verdade. A vida é graça. Viver é graça. Ser e ter é graça.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA
Esta petição ensinada pelo Senhor, representa todas as nossas necessidades de provisão. É uma petição pelas necessidades materiais. Jesus não condenou a oração petição, antes a incentivou – Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.  Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7.7-8).
A oração petição é uma maneira bíblica de vencer a ansiedade – “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7). O Senhor mesmo promete suprir todas nossas necessidades; “Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus. E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades” ver Fp 4.18-19), e esta busca deve ser feita por meio da oração. A oração não é o mesmo que a busca por vaidades e caprichos, mas a busca pela provisão prometida pelo Senhor.
PERDOA NOSSAS OFENSAS
Ofensas ou dividas, são nossos pecados (Lc 11.4). Somos devedores a Deus e não podemos pagar os nossos pecados. Por meio da oração reconhecemos que só o perdão gracioso e misericordioso do Senhor pode resolver o problema do pecado. O ponto central aqui da oração é a necessidade do pedido de perdão pelos pecados. O que isso significa? Que precisamos do componente humilhação diante de Deus por causa de nossos pecados.
Não podemos ir a Deus em oração, com a idéia de que temos direitos, que estamos diante de Deus com condições de exigir alguma coisa. Deus não está “preso” à sua Palavra.
Deus não nos prometeu nada porque merecíamos. Todas as suas promessas são porque ele mesmo proporcionou o mérito, pela morte do Senhor Jesus na cruz. Quando formos orar devemos ter esta consciência de que estamos diante de Deus por conquista do Senhor Jesus. Estamos diante de Deus pelos méritos de Jesus Cristo. O pedido de perdão, nos coloca em nosso devido lugar. Somos devedores e não temos como pagar. Se não fosse a mediação de Cristo, seríamos condenados por nossa grande dívida, que é o pecado.
ASSIM COMO PERDOAMOS NOSSO OFENSORES
Perdoamos ou temos perdoado é a maneira de viver daquela pessoa que foi redimida e perdoada pelo Senhor Jesus. Isto obviamente significa não o perdão barato que não trata seriamente o pecado de quem o pratica.
 O perdão do cristão deve seguir padrão do perdão divino que não perdoa sem o arrependimento.
Deus não oferece perdão sem o arrependimento. O arrependimento dá a oportunidade de ao mesmo tempo perdoar o pecado, mas também de tratar o pecado. O cristão tem o dever de perdoar aqueles que vem lhe pedir perdão – “Tenha cautela. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e. sete vezes, vier ter contigo dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lucas 17.3-4 – ver também Mt 18.15-17).
O que o Senhor quis dizer é que não podemos desenvolver nem cultivar um desejo de vingança contra quem pecar contra nós (Mt 5.38-48). Isto quer dizer que uma pessoa que peca contra nós, ou mesmo que se declara nosso inimigo, se esta pessoa precisar de nós devemos como seguidores do Senhor Jesus, usar de graça, compaixão e misericórdia com ela. Isto não significa “liberar perdão”, que não é uma expressão bíblica.
Para que seja “liberado o perdão” é preciso que o pecado da pessoa seja confrontado e tratado. O arrependimento é esta condição. O pecado deve ser tratado de maneira séria. O perdão terapêutico oferecido pela psicologia não leva em conta a seriedade do pecado e o “deixa pra lá.”  O perdão não é um mecanismo para que a pessoa ofendida sinta-se bem, mas para que o pecado do ofensor seja tratado por meio do arrependimento. Este é o padrão divino e cristão do perdão.
NÃO NOS DEIXES CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRA-NOS DO MAL.
Aqui temos duas faces do mesmo pedido e nos mostra a necessidade que temos de buscar em Deus a vitória contra o pecado. A tentação é o convite que o maligno faz para que pratiquemos o mal. Nossa natureza é pecaminosa e não sabemos fazer o bem a menos que o pratiquemos. O mal é a pratica natural da natureza humana, mas podemos vencê-lo com a pratica da vontade de Deus. Este pedido é para que a gente possa tendo forças para vencer a tentação do tentador, praticar o que bom que é a vontade de Deus.
A oração, portanto, não é uma invenção humana para “invadir” ou “bombardear o céu.”  Deus deixou a oração para termos um meio de ele nos abençoar. Por meio da oração reconhecemos a soberania de Deus e sua graça maravilhosa que nos alcança e como ela nos alcança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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