domingo, 17 de dezembro de 2017

Sobre o Sábado - Palestra

Palestra a pastores em  junho de 2015


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                        JESUS, O SENHOR DO SÁBADO
Mateus 12.1-8; Lucas 6.1-11
Durante seu ministério, Jesus sempre era acompanhado por “fiscais’ religiosos, zelosos pelo cumprimento da Lei, mas principalmente da “Tradição dos anciãos’ (Mt 15.1-3; Mc 7.1-23; Lucas 14.1-8 etc.). Esta tradição era a Tradição Oral, que havia surgido durante o período entre o Antigo e o Novo Testamento. Os fariseus diziam que esta tradição oral, era tão importante quanto a Lei Escrita (Torá), e que também havia sido entregue no Sinai a Moisés. Esta Tradição continha – Interpretações da Lei, Leis sobre o Calendário Judaico, Leis e rituais de purificações e também leis sobre alimentação.
 Esta tradição depois que o Templo foi destruído no ano 70 d.C. e a conseqüente dispersão do povo judeu passou a ser escrita. Estes escritos foram sendo reunidos em uma coletânea que veio a ser o Talmude, o livro sagrado (além da Bíblia – Tanach) dos judeus até hoje.
Os fariseus eram os guardiões desta tradição e por isso fiscalizavam o seu cumprimento. Por esta causa, eles acompanhavam o Senhor Jesus, por ele era suspeito de não guardar a tradição (ver Mc 3.22; Mt 12.24). Uma das principais acusações era que Jesus não observava a guarda do sábado (João 9.16; João 5.1-10; Mateus 9.16,17). O sábado era a grande jóia da teologia dos fariseus.

JESUS QUEBROU A TRADIÇÃO DO SÁBADO – Mt 12.1,2
Ele não quebrou a Lei do Sábado, mas a sua interpretação dada pelo judaísmo.
Jesus ao passar na plantação de trigo, fez o que não era permitido na tradição, pois segundo esta tradição, ele podia caminhar uma milha (cerca de um km e meio) no dia de sábado. Além da caminhar mais do que o permitido, os discípulos sentindo fome, começaram a colher espigas e começaram a comê-las. Veja que o fato de eles colherem estas espigas, mesmo sendo de outros donos, não era proibido (Dt 23.25). Não era pecado comer as espigas, mas o pecado era debulhar o milho e jogar fora a palha, o que configurava trabalho (Lc 6.1).
Conforme está escrito no Talmude, colher e moer grãos num volume maior do que um figo é pecado. Veja algumas proibições prescritas no Talmude  - “As principais atividades são quarenta menos uma: arar, semear, colher, fazer feixes, debulhar, joeirar e catar grãos; moer, peneirar, amassar e assar pão; tosar a lã, branqueá-la, fiar e tecer; esticar dois fios de tecer, trançar dois fios, dar e desatar um nó, dar dois pontos, rasgar um tecido com a intenção de dar dois pontos; caçar um veado, abatê-lo, tirar a pele, salgá-lo, curti-la, raspá-la, e cortá-la em pedaços; escrever duas letras; apagar o que está escrito com intenção de escrever duas letras; construir, demolir, apagar o fogo de um incêndio, atear fogo, bater com o martelo e levar uma coisa do lugar que está para outro. Estas são as principais atividades, quarenta menos uma”(Mishná Shabbat 7.2 ).
Os fariseus, imediatamente acusam Jesus e os discípulos de quebra da guarda do sábado. Eles dizem que Jesus e seus discípulos estão violando as leis do sábado, fazendo o que não era permitido. Esta acusação dos fariseus, não está respaldada pela Lei, mas na tradição (mais uma vez lembrando que esta tradição no tempo de Jesus era oral e depois se tornou os ensinos dos rabinos no Talmude). Era a tradição humana e não a Lei divina.
JESUS COMBATE TRADIÇÃO LEGALISTA – Mt 12.3-4
Para contrapor à acusação dos fariseus é com o recurso das Escrituras. A primeira é uma referência ao Rei Davi, grande ícone da história judaica, quando ele come os pães da proposição que ficavam diante do altar no tabenáculo (1Sm 21.1-6). Somente os sacerdotes poderiam comer estes pães (ver Levítico 24.9. Davi não era sacerdote, nem seus companheiros. Jesus diz que Davi quebrou uma regra, uma lei sagrada, sendo um homem comum, porque o Filho de Deus, para quem tudo foi feito não poderia?
Este argumento do Senhor Jesus tem como objetivo mostrar o valor que o ser humano tem, pois é o ser humano o centro das atenções de Deus. O ser humano está acima das leis, pois as leis foram feitos para eles e não elas para eles. Ou seja a lei visa a utilidade das formas em benefícios humanos.
A vida humana, vale mais do que pães e espigas. A tradição dos fariseus escravizavam as pessoas à normas criadas por eles mesmos, por isso Jesus foi tão duro com os escribas e fariseus, condenando-os de forma implacável (Mt 23.1-33). A forma legalista com que os fariseus interpretavam a Lei e a aplicava à vida das pessoas era uma afronta ao Evangelho.
JESUS COMBATE A TRADIÇÃO RELIGIOSA – Mt 12.5,6
Lembrando, então que a Tradição religiosa, não era a Lei escrita, mas a interpretação dada pela "Tradição dos Anciãos. Estra tradição era oral na época de Jesus. Mais tarde com a destruição de Jerusalém e dispersão dos judeus, os anciãos e rabinos a escreveram, dando origem ao Talmude que é a coletânea desta tradição que foi escrita.
Jesus em seguida cita tanto a Escritura, como faz uma menção à tradição (v.5), mencionando os sacerdotes que quebravam Lei no templo e ficava por isso mesmo.
Jesus diz que ele mesmo é maior do que o templo. Isso era uma referência aos saduceus, que estavam fora da fiscalização dos fariseus. O sacerdote assistia no templo e havia praticamente um acordo entre eles. Apesar de opostos em muitas coisas, em nome de interesses bem definidos, um grupo tolerava o outro.
Os sacerdotes eram saduceus e tomavam conta do templo, enquanto os fariseus eram da sinagoga. Os sacerdotes quebravam a observância do sábado e ficavam sem punição. O legalismo dos fariseus não fazia o menor sentido. O sábado não podia ser um valor absoluto, pois a vida e as necessidades humanas estavam acima do sábado.
O sábado era menor do ser o humano, pois o sábado foi feito para servir ao ser humano e não o ser humano para servir ao sábado. Jesus também se declara o Senhor do sábado, ou seja, aquele que tem autoridade sobre o sábado.
 É maior do que o sábado. Se nas sinagogas, entre os fariseus, havia o legalismo das leis e cerimonialismo das práticas do dia a dia, no templo concentrava-se o legalismo das cerimônias religiosas.
O próprio templo havia se tornado um ícone sagrado, uma verdadeira idolatria. Jesus faz uma afirmação que soou nos ouvidos dos fariseus e saduceus como uma profanação em palavras, uma blasfêmia religiosa, quando ele diz que era maior que o templo. O que ele quis dizer é que ele era maior do que o judaísmo. O que Jesus quis dizer na verdade é que a nova revelação, o seu ensino, o evangelho, a nova aliança, a chegada do reino de Deus era maior do que o judaísmo.
Que este estava absoleto e uma revelação havia chegado. O cumprimento da Lei estava consumado. Ele viera para cumprir a Lei de forma perfeita e com isso libertava a todos dos preceitos da Lei. Ele cumpriu a lei no lugar dos pecadores.  Não era a Lei que estava obsoleta, mas aquilo que ela tipificava. Os tipos estavam agora com o seus significados. As sombras chegaram à sua realidade.
Todos os sacrifícios e rituais da Antiga Aliança havia tido o seu cumprimento em Cristo.
Também o sábado, em seu aspecto cerimonial havia chegado ao fim, pois Jesus é o cumprimento do sábado.

 – veja o texto complementar em  http://palestras-teologicas.blogspot.com/2017/12/o-domingo-na-igreja-crista-do-primeiro.

Jesus declara a superioridade da nova aliança (o que a Carta aos Hebreus especifica). Ele é maior do que Jonas o profeta que havia pregado aos gentios, agora em Jesus veio a salvação aos gentios (Mt 12.21, 41). Ele é maior do que Salomão e sua riqueza (Mt 12.42). Ele se declara também maior do que Abraão, o pai da nação (João 8.53-58).
Diante de tudo isso, não somos mais obrigados a guardar o que o judaísmo guardava como as guarda do sábado (ver matéria anterior sobre os judaizantes), leis dietéticas e o calendário judaico. Em Atos, está escrito e definido de forma muito claro que o Espírito Santo e também os apóstolos (que como Jesus eram judeus), não impor estas coisas à igreja que não era judaica (Atos 15.28-29). Todas estas coisas eram sombras do que haveria de vir e veio na pessoa do Senhor Jesus Cristo – “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo’ (Col 2.16-17).
JESUS COMBATE O CULTO SEM VIDA – VS 7-8
O Senhor Jesus aproveita a ocasião para combater o legalismo do sábado, a idolatria do templo e vai além, combate também o sistema de sacrifícios que a esta altura era apenas um ritual vazio. Jesus citando o Antigo Testamento (Os 6.6) ele diz que o Senhor quer, mais do sacrifícios, o exercício da misericórdia e o conhecimento de Deus. Ele deseja mais atos de misericórdia d que atos litúrgicos. O termo misericórdia no Antigo Testamento era – Hesed – uma palavra de ricos significados. Um termo usado para misericórdia, amor, pacto, graça etc.
O que o Evangelho ensina é que Deus não quer mais sacrifícios, mas resposta à sua oferta de graça. Jesus ao se declarar senhor do sábado, estava se declarando senhor de toda a revelação da Antiga Aliança, que agora daria lugar a uma nova aliança, onde a graça seria mais do que um sistema, o meio de salvação dos pecadores - sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não! Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão” (Gl 2.16-21; Rom 11.6).

A nova aliança que o Senhor inaugura suplanta a antiga, pois nele, todos os preceitos da antiga são cumpridos.
Rogerio Nascimento  - https://www.facebook.com/pastorrogerionascimento
Capela Missional - https://www.facebook.com/Igrejacristadeconfissaoreformada/
                                                   

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