Nosso próximo assunto é a mesopotâmia. Onde surge a união de cananeus e semitas no primeiro Império Babilônico. Este é nosso sexto assunto.
VI - A ORIGEM DOS POVOS SEMÍTAS (A MESOPOTÂMIA)
A Mesopotâmia é a mais antiga
região povoada da terra. Fica situada entre os rios Tigres e Eufrates e
significa, “Vale Crescente” ou “Crescente Fértil” no Gênesis é chamado de “Vale ou Terra de
Sinear ou Sinar” (Gn 10.8-10; 11.1-4). A
região entre estes dois rios é divida em duas: A Alta Mesopotâmia é uma região
de desertos e menos fértil, e desenvolveu o pastoreio; a Média e a Baixa
Mesopotâmia é uma área de planícies, onde os rios estão mais próximos e a
irrigação é mais fácil. Na região da Alta Mesopotâmia localizaram-se a a
Armênia (bem ao norte), a Assíria e
Acad. Na Média e Baixa (ao sul), estavam os Sumérios, e os Caldeus (onde ficava
a cidade de Babilônia). A civilização se desenvolveu nesta região e foi onde
foi construída a Torre de Babel. Foi onde depois da confusão das línguas (ler
Genesis 11) se estabeleceram os povos semitas.
A região foi povoada por
várias tribos no inicio da humanidade que se reuniram em cidades – estados que
estavam sempre disputando terras férteis e aráveis, daí a região ter sido
cenário de frequentes lutas. Os povos nômades desciam das montanhas e submetiam
os agricultores das planícies. Estes, por sua vez, reuniam-se em cidades
fortificadas, origem dos primeiros centros urbanos da Mesopotâmia e primeiras
cidades do mundo. Com o surgimento e o desenvolvimento do comércio e o contato entre as várias civilizações, as cidades foram sendo edificadas, transformando-se em centros de comércio e de defesa.
Os primeiros povos civilizados foram os Acádios e o Sumérios. As datas mais antigas variam do ponto de vista da criação do mundo. Aqueles que creem que o mundo foi criado a cerca de 6 mil anos, então o dilúvio teria acontecido próximo ao ano 2.500, estas civilizações teriam que ter se desenvolvidos próximos ao ano 2.000 a.C. Para quem crê que o mundo é mais antigo
(o que parece ser mais plausível arqueológica e historicamente), estas civilizações se desenvolveram entre 6 mil e 3 mil a.C.
O PERÍODO BABILÔNICO
Os sumérios, fundaram várias
cidades-estados como Ur (cidade origem de Abrãao), Nipur e Lagash). Estas
cidades passaram a ter grande importância nos impérios Caldeu (Babilônico) e
Assírio. Nestas cidades havia um soberano que vivia à custa do trabalho
escravo. Abraão, portanto, era originalmente um Caldeu (Gn 11.27-32),
descendente de Sem e de Heber (Gn 11.10-26). Provavelmente, o nome Hebreu,
venha de Heber.
O primeiro grande governador
desta região foi Ninrode (Gn 10.8-12). A arqueologia ainda não conseguiu
identificar este personagem que era de origem Camita e que fundou cidades como
Babel (mais tarde Babilônia) e Ninive. O segundo a historicamente identificado é Sargão I ou Sargão, o Grande, conhecido também como Sargão da Acádia. Foi rei Sumério e Acadiano que fundou a primeira grande dinastia (2200 a.C.) que dominou a região por mais de um século. Os sumérios foram dominados pelos acádios que eram guerreiros, enquanto os sumérios eram agricultores. Foi Sargão que dominou toda a Mesopotâmia no período entre 2200 a 1050 a.C. e teve em Ur sua cidade central. Ele estabeleceu as bases para que toda a região se desenvolvesse.
Em seguida surge o – Primeiro
Império Babilônico – que teve início por
volta de 1980 a.C. na época de Abraão
(Abraão teria vivido entre os anos 1950 e 1800 a.C.).
O primeiro Império Babilônico
formou-se com o desmembramento do antigo
Império Acadio. O fundador deste Império foi Hamurabi (muitos o identificam
como sendo o mesmo rei Anrafel, que invadiu Sodoma em Gn 14.1-9).
Babilônia sob o comando de
Hamurabi dominou vários outros povos e passou a ser um Estado despótico
(autoritário, dominador, ditador) e centralizado das questões de governo,
religião, língua e jurídico.
Hamurabi foi o formulador do
que é considerado o mais antigo código de Leis da humanidade – O Código de
Hamurabi, que tinha como principal lema “Olho por olho e dente por dente.”
Este código de Leis só foi
superado na antiguidade dos tempos bíblicos, pela Lei de Moisés. Este Império
Babilônico durou até 1513 a.C. quando os Hititas dominaram a região. Babilônia
voltou a ser um Império sob o comando de Nabucodonosor ( O Segundo Império)
entre os anos 1608 a 1539 a.C. no tempo de Jeremias, Ezequiel e Daniel.
O PERÍODO ASSÍRIO
O povo assírio era muito
guerreiro desde os primeiros tempos. Eram descendentes de Assur, filho de Sem.
A Assíria começou a ser tornar uma potência a partir do ano 1000 a.C. e é uma
das nações mais mencionadas no Antigo Testamento até a destruição de Nínive em
612 a.C.
Os reis assírios mencionados
no Antigo Testamento – O rei da Assíria no tempo de Jonas que pregou em Nínive
geralmente é tido como Adade III, que reinou entre 850 -830 a.C.
O primeiro rei a ser
mencionado nominalmente é Tiglate –Pileser III, também chamado de Pul (2Rs
15.29; 16.7-10; 1 Cron 5.26). Ele reinou entre 790-758 a.C. no tempo de Acaz,
rei de Judá e Peca, rei de Israel . O profeta Isaías profetizou contra ele (ver
Is 7 e 8).
Outro rei da Assíria
mencionado na Bíblia é Samaneser V (758 – 740 a.C) no tempo do rei Oséias que
usurpou o trono de Israel neste período este rei, submeteu-se ao rei da Assíria
.
Salmaneser V sitiou a cidade
de Samaria durante três anos que por fim resultou na sua queda em 740 a.C. e o
filho de Salmaneser, Sargão II, deportou os israelitas para a Assíria em 722
a.C. (2 Rs 17.1-6; 18.9-11; Os 7.11; 8.7-10).
Outro importante rei da
Assíria mencionado nas Escrituras é Senaqueribe (705-681 a.C.). Senaqueribe
invadiu o reino de Judá durante o reina de Ezequias que reino de 727 a 697 a.C.
(ver 2Reis 18.13-19 ; 2Cron 32.1; Is 8.5-8). O exército de Senaqueribe era
muito forte, mas sob intervenção divina a vitória foi do exército de Ezequias (
2 Rs 19.37; 2Cron 32.21-22; Is 37.36-38).
Os profetas bíblicos
anunciaram a queda do Império Assírio (Is 10.12-26; 23.13; 30.30-33; 31.8-9;
Naum 3.1-19 e Sof 2.13).
Nínive caiu no ano 612 a.C.
quando os Babilônicos vencem os
exércitos da Assíria.
O NOVO IMPÉRIO BABILÔNICO
O Novo Império Babilônico
teve um poder muito grande, mas uma curta duração; de 625 a 539 a.C. A Babilônia passa a ser governada por um rei
descendente dos cananeus, Nabopolasssar. O apogeu do Novo Império, foi sob o
reinado de Nabuconosor (610-562 a.C.). Ele levou os judeus cativos para
Babilônia em 598 (Fatos narrados no Livro de Daniel), após o rei Joaquim tentar
uma revolta aliando-se ao Faraó Neco do Egito (fatos narrados em Jeremias). Quando
o rei Zedequias, mais uma vez tenta se libertar de seu jugo, Nabucodonosor em
586 a.C. destrói completamente a cidade de Jerusalém e queima totalmente o Templo.
Fura os olhos de Zedequias que até o fim da vida fica cativo, terminando assim
os reis de Judá. Nabucodonosor constrói o maior império até então. Ele era
chamado de “rei dos reis.”
O Império Babilônico chaga ao
fim quando Ciro, rei da Pérsia conquista Babilônia em 539 a.C. A Babilônio situava-se na região onde hoje é
o Iraque.
Ciro liberta os judeus,
permitindo que estes voltem e reconstruam o Templo (Esdras 1), mas os judeus
continuam sob o domínio persa, depois dos gregos, depois dos romanos.
A
CULTURA BABILÔNICA
A escrita foi o grande legado
dos povos que habitavam a Mesopotâmia. O tipo da escrita a cuneiforme que era
grava em tabletes de argila por estiletes. Através dessa escrita a arqueologia
encontrou narrativas preciosas como a Epopeia de Gilgames, que é versão mais
antiga do dilúvio e que foi escrita antes de Moisés escrever o Gênesis. Esta
narrativa, onde Gilgamesh é o herói que salva a humanidade do dilúvio com uma
arca, não é a mesma narrativa da Bíblia, mas é uma versão cheia de mitos. Estes
tabletes com as escritas cuneiformes, são abundantes e ainda estão sendo
encontrados.
AS ARTES
A arquitetura mesopotâmica é
importante, embora suas construções, feitas com material pouco resistente, não tenham
conseguido resistir ao tempo. Apesar disso destacam-se palácios, templos e
fortificações e principalmente os
zigurates que eram pirâmides com vários andares, possuindo rampas inclinadas
ligando as diversas plataformas. No topo dos zigurates estava o templo da
divindade local. As paredes dos templos e palácios eram decoradas com pinturas
ou baixo-relevos com termas guerreiros ou religiosos. Tinham inscrições
cuneiformes, narrando os feitos heroicos dos deuses e dos monarcas.
VII - O IMPÉRIO PERSA
A Pérsia, hoje chamada Irã
era um grande planalto situado a leste da Mesopotâmia. A maior parte de seu
território é formada por desertos, cercados de montanhas e com poucos vales
férteis. Seus limites ao norte são as cadeias de montanhas do Cáucaso e o mar
Cáspio, a leste, o Monte Sulimã, a oeste os Montes Zagros e ao sul o Golfo
Pérsico.
Os Medos e Persas era povos pastores e agricultores que
viviam sob um regime patriarcal em processo de decadência e enfraquecimento - condenadas ao desaparecimento. Por meio de
uma mudança social importante, desenvolveu-se um processo que mudou
completamente a história destes povos.
Evolui-se um sistema de valorização de
propriedade privada e divisão social em classes, algumas famílias foram
destacadas como sendo aristocratas , nobres por nascimento e a classe
sacerdotal passou a ocupar uma posição
de privilégio.
Estas famílias aristocráticas
e a classe sacerdotal, passaram a dirigir as tribos e estabeleceram a escravidão. Duas tribos se fortaleceram e
formaram dois reinos independentes: O Reino da Média e o Reino Persa.
O Reino da Média se
caracterizou por ter um governo déspota, militarista e hereditário. Desenvolveu
o uso do bronze e dos carros de guerra, possuía uma poderosa cavalariam e
evolveu-se em muitas guerras contra nações vizinhas, principalmente com os
assírios.
A Média se fortaleceu ainda
mais no governo de Ciáxares (625 a 585 a.C.), época dos profetas Jeremias,
Daniel e da invasão de Jerusalém por Nabucodonosor. A Média se aliou ao Império
da Babilônia e conquistou vitória definitiva sobre os Citas, povo da região do
Mar Negro (norte) e também contra a Assíria. A vitória e destruição completa de
Nínive (612 a.C.), fez com os Medos incorporassem o antigo Império da Assíria.
Astíages filho e sucessor de
Ciáxares cotinuou a espansão do Império paralelo ao Império da vizinha
Babilônia. Ciro que era dos Persas, se sobressai e derrota Astíages e assume o
controle do Império e dá inicio ao grande Império Persa, que vence também o
Império Babilônico em 539 a.C. e forma um Império maior do o da Babilônia. Ciro
liberou os judeus para voltar a Jerusalém e autorizou a reconstrução do Templo.
Ciro reino de 559 a 529 a.C.
Ciro é bastante citado nas
Escrituras: O profeta Isaías, cerca de 200 anos antes profetiza sobre Ciro.
Deus, por meio de Isaías chama Ciro de “meu pastor” (Is 44.28). E de “meu
messias ou ungido” (Is 45.1). Em Esdras 1 está o relato, onde Ciro autoriza os
judeus a voltarem para Jerusalém.
O rei Dario, que enviou
Daniel para cova do leões, não deve ser confundido com Dario, O Grande, que
foi próximo rei Medo, pois este só
assumiu o poder depois de Cambises, filho de Ciro, décadas mais tarde (ver
tabela dos reis abaixo), e não da época de Daniel. O rei Dario, que Daniel
menciona, geralmente é identificado como tio de Ciro, que foi nomeado
governador soberano sobre Babilônia, a cidade conquistada.
TABELA DOS REIS DA PÉRSIA
Ciro ou Ciro, o Grande – Primeiro Rei do Império Persa de 539 a 529 a.C.
(Rei da Pérsia desde 559 a.C.).
Cambises - 529 a 522
a.C. - Filho de Ciro
Dario I, O Grande – 522 a 486 – O auge do desenvolvimento do Império
Persa. No seu tempo Ageu e Zacarias profetizaram em Judá sobre a reconstrução
do templo, obra que estava parada desde 536. A obra recomeçou em 519 e foi
concluída em 516 a.C. (ver Esdras 6.13-18 – Esdras conta esta história cerca de
70 anos mais tarde). Este rei invadiu a Grécia, mas foi derrotado em Maratona
(490 a.C.).
Xerxes I – 486 – 465 – Filho de Dario I - Este é o famoso rei que com um
grande e poderoso exército, teve dificuldade de vencer os 300 de Esparta na
guerra contra os gregos em 480 a.c. Muitos acham que Xerxes é o mesmo Assuero
que e é o rei mencionado no Livro de
Ester. É mais provável que Assuero seja um rei local (de Susã), cada governante
Persa era chamado de “Assuero” ou seja, Rei.
Os demais reis do Império
Persa foram: Xerxes II (423 a.C.); Dario II (423-404 a.C.); Artaxerxes II
(404 – 358 a.C.); Artaxerxes III (358 a 338 a.C) e Arses (338 – 336 a.C.) e
Dario III (336-331 a.C). Este foi o último rei da Pérsia, derrotado por Alexandre,
o Grande, dando inicio ao Império Grego.
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