O QUE SIGNIFICA ESTAR EM CRISTO
EFÉSIOS
2.1-10 - 2 Timóteo 1.8-11; Romanos 3.9-20; 1 Coríntios 1.26-31
Estar em Cristo é uma expressão clássica do apóstolo Paulo, e uma afirmação
marcante é “Se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já
passaram; eis que tudo se fez novo” ( 2 Cor.5.17). O que o apóstolo Paulo quer
dizer é que para sermos salvos precisamos estar em Cristo, com Cristo e viver
em Cristo, numa posição de dependência relacional e também de reconhecimento de
seu senhorio e divindade, rendendo a Ele nosso culto contínuo.
A igreja do Senhor Jesus Cristo é formada por novas criaturas,
que tiveram seus pecados perdoados e suas vidas mudadas, transformadas e têm o
privilégio de pertencer a Cristo.
A igreja está no mundo, mas não pertence ao mundo, porque ela
está “em Cristo” e a ele deve toda a obediência. Este é o segredo da vida
cristã vitoriosa. O mundo é um mundo de pecados e faz oposição à igreja e a igreja precisa vencer o mundo, caso
contrário, será vencida por ele.
Muitas igrejas, no anseio de estar mais presente no mundo e
de dialogar com ele, se esqueceram que deveriam estar em Cristo pelo mundo a
favor do mundo. A igreja precisa reconhecer a necessidade de estar em Cristo
para obter vitórias, pois foi Jesus quem venceu o mundo.
Vejamos esta expressão realmente significa e o que os
pregadores devem ensinar à igreja:
Efésios 2.1-10 descreve o que Deus fez por nós e de onde
viemos, mostrando que acontece uma transformação muito grande na vida daquele
que cre em Jesus.
Esta é a grande benção da vida, pois a pessoa antes de estar
em Cristo está morta espiritualmente.
Não tem vida espiritual, está afastada de Deus, está na condenação. Deus por
meio da obra de Cristo na cruz fez o que de mais maravilhoso para o ser humano
poderia ser feito, o texto diz que “ Ele nos vivificou”, nos deu a vida, a vida
eterna.
O ato de Deus em Cristo foi dar aos homens a vida. No
versículo 5, está escrito “nos vivificou juntamente com Cristo”. Cristo não
apenas nos dá vida, ele é a própria vida daquele que nele crê. Ele mesmo diz em
João 14.6: “ Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida”.
O Senhor Jesus é “a” vida e isto significa que ele supre todas as necessidades do ser humano,
pois cada um precisa de um caminho para seguir, de uma verdade para crer e de
uma vida para viver. Jesus é tudo que o ser humano precisa. Por isso, por meio
dele e juntamente com ele, Deus nos “vivificou”, nos fez viver. Ele dá vida a
quem estava morto, liberta quem estava condenado. O tipo de vida que Cristo dá,
não uma vida qualquer, mas a vida eterna.
A vida em Cristo, em
primeiro lugar, é significativa. O tipo de vida que Jesus oferece é a vida
superior, a vida de Deus, que ele mesmo diz que é “vida em abundância”, vida
plena (João 10.10). Ele não oferece apenas uma vida melhor, um vida melhor, mais equilibrada, mas a vida
que faz parte da qualidade de vida que Deus tem.
Cada cristão deve ser ensinado que como crentes em Cristo
Jesus, que esta vida plena é a vida normal que um seguidor de Jesus deve
desfrutar. Esta vida é gerada pela eficácia da obra de Cristo na cruz e por
meio da ação do Espírito Santo.
O ser “nova criatura”,não é uma benção o tempo futuro, mas estando
em Cristo, a pessoa “é” nova criatura e
que as coisas velhas “passaram”. É um vida significativa para viver agora. É
claro que não é na sua totalidade, mas o inicio desta grande benção, a maior da
bênçãos que é a vida eterna. A plenitude desta vida se dará apenas na manifestação do Senhor em
sua segunda vinda.
Em segundo lugar, a vida é eterna. Eterno pode se referir
tanto a uma vida sem fim, como uma qualidade da vida de Deus, que é eterno e
quer que fiquemos numa condição eterna
de vida plena. Quando reconhecemos o
valor da vida de Cristo, todas as pressões são suportadas e resistimos às
tentações que nos querem desviar dessa vida vitoriosa. Deus faz tudo isso por
meio de Jesus.
2 – DA MORTE PARA A
VIDA - - Efésios 2.1b-3 -
É assustado a forma com que o apóstolo Paulo fala da condição
de todas as pessoas antes de receber a obra de Cristo. Esta condição é de mortos
em delitos e pecados. No versículo 1, ele fala que “todos”, os crentes de Éfeso
estavam todos nesta condição antes de estarem em Cristo. No verso 5, ele afirma
que também ele mesmo esteve na condição de morto em delitos.
Esta é a vida antes da conversão, e a salvação é passar para
a condição de “vivificados juntamente
com Cristo”. É importante notar que este renascimento aconteceu quando
estávamos mortos, esta é a doutrina da regeneração ou novo nascimento.
Esta é grande manifestação da maravilhosa graça de Deus, pois
ele não espera que a pessoa se torna boa ou atinja a perfeição lhe dar a
salvação, mas trouxe a salvação na condição em que a pessoa está. A conclusão é
que a salvação é presente de Deus e não mérito nosso!
Jesus disse que ele é o caminho, mas os homens sem ele andam ” segundo
o curso deste mundo”( v. 2 ). Não éramos nós que tínhamos o domínio de nossa própria
trajetória, mas éramos levados pelo curso, pelo caminho que o mundo traçava.
Pensávamos que éramos livres, mas na verdade estávamos numa
condição de escravos dos delitos e pecados. O sentimento de liberdade vinha da
falta de consciência da gravidade da vida que estávamos levando sem Deus.
A humanidade sem Deus segue sua vida sem Deus, na linguagem
do apóstolo “segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera
nos filhos da desobediência” ( v. 2 ). É vida em rebelião contra Deus e
debaixo da influência do príncipe das potestades, Satanás, dirige a natureza
humana para seus propósitos.
O significado de ‘Príncipe das potestades do ar” é que ele
tem uma área de atuação onde ele domina totalmente. Esta área é o sistema deste
mundo, a cultura deste mundo.
Ele não domina só aquele de quem se apossa, mas permeia a
sociedade de ideologias que afastam a humanidade de Deus. A nossa sociedade,
com todo vive ”segundo o príncipe deste
mundo” (João 16.11).
O sistema do mundo tem
um príncipe que está por trás coordenando, manipulando tudo o que pior há nas
áreas dos costumes, da política, da economia, da cultura, das músicas, dos
filmes etc. Ele cria a falsa sensação de que o homem é autônomo , mas na
verdade este é seu escravo.
Paulo afirma que o mundo é habitado pelos “filhos da
desobediência”, ou seja, por aqueles que rejeitam o plano redentor de Deus em
Cristo e preferem andar “fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos” (v.3 ). O fiel retrado dos filhos da
desobediência, está registrado em Romanos 1.18-32. Ali mostra que o ser humano,
não é autônomo, mas é um ser dominado pelas paixões e pecados.
Além de serem filhos da “desobediência”, são também “filhos
da ira” (v. 3 ). A persistência na desobediência torna a pessoas sujeita à
manifestação da ira de Deus, como diz Paulo em Romanos 1.18: “Pois do céu é
revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm
a verdade em injustiça”. No livro de Apocalípse, vemos que Deus irá
derramar a taça de sua ira a fim de punir com o castigo eterno todos aqueles
que permaneceram na desobediência e
rebeldia contra Deus.
Como pode
Paulo dizer que ele era “filho da ira”, sendo ele um bom judeu, um cumpridor da
lei? Aprendemos que não é a quantidade de pecados cometidos que faz da pessoa
um desobediente ou sujeito à ira de Deus; basta não aceitar a Cristo como seu
salvador. Alguém pode ser muito bom, cumpridor de seus deveres, mas se persiste
na recusa, é desobediente e está condenado à ira de Deus.
3 – ASSENTADOS NOS LUGARES CELESTIAS - Efésios 2.4-7 –
“ Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor
com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente
com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para
mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade
para conosco em Cristo Jesus”.
Os conceitos do apóstolo Paulo são altíssimos, e sua visão a
respeito da obra de Cristo são furto de sua grande visão espiritual. O que
podemos entender é que Deus Pai fez duas obras grandiosas em favor dos
pecadores. Por seu beneplácito, sua vontade movida por amor, em atos de
misericórdia que é fruto deste amor, ou
seja, pelo “muito amor que nos amou” (v.4). O amor é o fundamento da ação de
Deus, porque é sua essência (Jo 3.16; 1Jo4.8). Deus é amor, sua essência, suas
perfeições são todas cheias deste amor.
a – Ele nos deu a vida por meio de seu filho. Com Cristo,
vivemos de novo, renascemos, fomos regenerados, pois ele é a vida. Isto
significa que ele nos fez foi nos
ressuscitar. A ressurreição do corpo é uma benção para o futuro, mas já podemos
experimentar a vida de ressurreição, ou seja, os efeitos da vida da
ressurreição na vida que vivemos em Cristo e que revelam, em escala pequena, o
que vai nos ocorrer na vida gloriosa que Jesus nos trará finalmente.
b - A segunda coisa e
a consequência do que ele fez ,foi nos fazer sentar nas “regiões celeste”. No
capítulo anterior Paulo disse que Deus Pai fez Cristo se assentar nas regiões
celestiais, e agora ele como sendo uma posição da qual nós também partilhamos.
Paulo, após falar da segurança do salvo, afirmando que nada
pode nos separar do amor de Cristo, afirma: “em todas essas coisas somos mais
que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de, nem a morte,
nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem
potestades, nem altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá
nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm
8.37-39). É isto que significa “estar em Cristo”, é a gloriosa posição
daquele que crê que, em Jesus Cristo, estar assentados nas regiões celestes. Estar
seguros em Cristo.
Esta posição do crente, é a condição da igreja, tem
implicações decisivas para nossa missão hoje. A igreja não é uma comunidade de
pessoas covardes amedrontados, mas somos um povo destinado a partilhar das
vitórias de Cristo. (ver 2 Cor 2.14).
Cristo está assentado acima de todos os poderes, e nós
estamos sentados com ele. O poder que temos não é nosso, como se fosse essência
nossa, mas é poder que ele compartilha conosco. Ele quer que a presença da
igreja no mundo seja com poder, e poder que se revela na proclamação do
evangelho. A igreja vitoriosa, que está em Cristo, é obediente à Palavra e
também na proclamação do Evangelho da salvação. O que nos dá poder não é nosso
mérito, nem nossas conquistas espirituais, mas o fato de estarmos em “Cristo Jesus”. É Jesus
que faz a diferença, pois nas regiões celestes também habitam as hostes da
iniquidade, mas o Senhor Jesus Cristo comanda, é autoridade sobre todos os
poderes (Col 1.16)
4 - ESTAR EM CRISTO É
A MANIFESTAÇÃO DA MARAVILHOSA GRAÇA DE DEUS - Efésios 2.8-10
Toda a obra da salvação é obra da graça de Deus que
transbordou em um movimento infinito e pleno para salvar os pecadores da
perdição eterna. O ser humano pecador não pode salvar-se a si mesmo nem
viver uma vida de poder em si mesmo,
pois está essencialmente perdido. Tudo o que se refere a salvação depende de
Deus e de seu beneplácito, sua bondade infinita, que é a graça. Os versículos
8-10 é a explicação do final do versículo 5. Paulo já havia afirmado isso logo
após dizer que fomos vivificados pro Deus “juntamente com Cristo” (v.5).
A salvação é pela graça de Deus, e o meio pelo qual o pecador
se apropria dela é a fé: “
porque pela graça sois salvos , por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus” (v.8). O “isto”, se refere a salvação e não à fé. A salvação é
dom, dádiva, movimento e presente de Deus; o homem recebe quando exerce fé, se
entrega, se compromete.
No verso 9, Paulo menciona que a salvação não pode vir das
“obras”, ou seja, por qualquer meio humano que de caráter de mérito, de
esforço, pois deste modo não seria dom
de Deus, mas seria uma ato obrigatório, e o homem poderia se gloriar diante de
Deus dizendo que fez por merecer a salvação. Não há nada no homem que possa salvá-lo.
Cristo fez tudo na cruz, e agora o que o pecador precisa fazer é aceitar esta
obra da cruz.
Isto não quer dizer que as obras não importantes, pois todos
os salvos necessariamente são e serão praticantes de boas obras. Estas obras são feitas dentro do espírito do
verso 10: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras,
as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas”.
As obras não são meios de se alcançar a salvação, mas uma
consequência e reflexo desta salvação . Isto
significa que as boas obras são consequência e não a causa da salvação. A
salvação não é omissão, tampouco transferência de minhas obrigações a outrem,
pois se eu sou salvo vou praticar boas obras e praticar obras de amor. A
salvação nos conduz ao serviço aos outros, da mesma forma que nos conduz a
adoração. Somos novas criaturas em Cristo e devemos demonstrar isso numa vida
dedicada aos outros em serviço de amor e dedicação.
Duas consequências deverão ser destacadas:
a – Estar em Cristo e viver em Cristo
e isto na prática é ter uma nova vida. Temos que recuperar o sentido da vida cristã em sua plenitude.
A nova vida nos dá a vida eterna, pois é isto significa ser salvo (João 17.3).
Muitos cristão vivem como se estivessem carregando um fardo nas
costas por serem cristãos, e só esperam ser ofendidos na igreja para terem uma
desculpa para deixar de caminhar na vida cristã.
Quem vive assim é porque não conhece o
significado da vida em Cristo. Ela é completamente nova, é no novidade de vida
(Rm 6.4-5. A vida em Cristo nos dá uma
nova direção, segurança na caminhada, um objetivo certo e um destino eterno.
b – Estar em Cristo é Viver em Cristo
e isto significa um lugar de vitória. Não estamos mais perdidos, sem salvação, afastados de Deus e
nem somos ou estamos destinados ao fracasso, porque Deus não nos
deu um espírito de covardia, mas nos deu o Espírito Santo, no qual fomos
selados. Ele é o penhor da nossa herança. Somos um povo destinado a
compartilhar da glória da vitória de Cristo.
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