Paulo hoje - Palestra 4 - Fevereiro de 2016
IV - A IGREJA É A COMUNIDADE DA FÉ E PRECISA ESTAR UNIDADE
- Efésio 2.11-22; Col.1.19-23; Gl 6.9,10 -
A igreja precisa demonstrar unidade, primeiro dentro da
igreja local, depois na cidade entre todas as igrejas bíblicas e depois
universalmente. O próprio Senhor Jesus orou por isso (ler o capitulo 17 de
João).
A busca pela unidade tem sido difícil porque tem-se apegado
mais aos aspectos culturais e externos, do que os essenciais e internos da fé.
O que é que une todos os crentes, independentemente de sua denominação ou
comunidade ? Paulo, quando escreveu sobre unidade, não tinha em mente as mais
diferentes denominações como temos hoje.
Ele não estava falando do cristianismo dividido entre
protestantes, católicos e ortodoxos, , os grupos pentecostais, neopentecostais,
etc. Ele pensava na igreja do Senhor Jesus Cristo como uma comunidade viva em
um lugar específico. Era a unidade da comunidade que ele tinha em mente. Aí
reside a chave para entender os constantes apelos do Novo Testamento pela unidade
(1 Pedro 2.1-10).
Por tudo isso Quando se fala em unidade da igreja , parece
que se está falando de algo impossível. A dificuldade reside no fato de que
confundimos unidade com uniformidade. Esta última significa “ todos colocados
dentro de uma única forma”, como se fossem todos iguais, sem quaisquer
diferenças. A prática, porém, tem demonstrado que isso não se consegue. Podemos
alcançar a unidade nas coisas essenciais, respeitando aquelas práticas que são
apenas exteriorizações da fé.
Já vimos como Deus tem providenciado tudo para que a igreja
seja uma comunidade viva e atuante em nome de Jesus. A principal característica
da igreja é o fato de ela pertencer a Cristo, estar nele, permanecer nele e
viver nele. Somente quando a igreja vive sua verdadeira natureza e missão, é
que pode estar presente no mundo e influencia-lo.
A igreja no tempo de Paulo tinha dificuldades de
relacionamentos, porque havia o problema dos irmão judeus e judaizantes (como
exposto no estudo sobre Atos).
Durante toda a sua vida, Paulo ensinou que a salvação é pela
graça e não pela lei. Ele encontrou muitos obstáculos para ensinar isso porque
os judeus se consideravam o povo escolhido, a menina dos olhos de Deus, e tinha
dificuldade de aceitar que os gentios pudessem fazer parte do reino de Deus sem
terem de passar pelos rituais do judaísmo. Esta divisão ameaçava a unidade da
igreja. Paulo sempre lutou contra essa divisão. O seu desejo era que na igreja
reinasse a paz entre as nacionalidades.
Vejamos o ensinamento de Paulo com mais detalhes:
1 – A SALVAÇÃO ANTES DE
CRISTO ERA EXCLUSIVIDADE DOS ISRAELITAS - - Efésios 2.11-22
-
“Portanto lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne,
chamados incircuncisos pelos que na carne se chamam circuncisão, feita pelas mãos
dos homes, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de
Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no
mundo”. A
palavra ”incircuncisos” é uma referência que os judeus faziam a respeito dos
gentios, e tem o mesmo significado de infiéis. Ou seja, todo o estrangeiro, que
era não era judeu era um infiel. “Circuncisão”
é uma referência aos judeus de nacionalidade. A expressão “na carne” quer dizer a condição
natural, de nacionalidade, e não faz referência à vida espiritual.
No versículo 11, Paulo afirma que a circuncisão era feita
“pela mão de homens”, porque tinha perdido o seu caráter de marcar o selado por
Deus, porque ele havia mudado o seu modo
de lidar com os homens por meio de Jesus, e os judeus não aceitaram a nova
maneira de negociação.
O versículo 12 fala de como os “gentios” viviam antes de se
tornarem crentes em Cristo Jesus: separados da comunidade de Israel, separados
da fé, longe da salvação, sem a benção de Deus, estranhos aos pactos e promessas
de Deus feitas a Israel, sem esperança e sem Deus. Todas manifestações de Deus
pelo povo israelita estão relatadas no Antigo Testamento e Paulo reconhece que
Deus fez o seu pacto com Israel, as promessas feitas para ele, e que os gentios
foram “enxertados” depois (Rm 9.11). Não havia salvação fora de Israel,
portanto, havia uma separação muito grande entre judeus e gentios, e os
primeiros levaram uma grande vantagem sobre estes. Era uma diferença bastante
acentuada.
Não precisamos contar toda a história da Israel para sabermos
que Deus tratou de forma especial, não porque escolheu só a Israel, mas o
escolheu dentre as nações para que ele se voltasse para os outros povos para
que também estes fossem abençoados. Israel tinha uma vocação missionária: tornar
todas as famílias da terra abençoadas.
Israel não se tornou
um povo missionário; apenas deu o grande e maior missionário de todos os
tempos, o Senhor Jesus Cristo. Por meio dele é que foram abençoadas todas as
famílias da terra. Os gentios que estavam separados, agora podiam se unir;
antes, fora do alcance dos pactos e promessas, agora partilhando deles; antes,
sem esperança e sem Deus, agora com uma nova motivação pra viver.
2 – CRISTO TROUXE A
SALVAÇÃO PARA TODAS AS NAÇÕES - Efésios
2.13-18 -
Na obra de Cristo o muro de separação entre judeus e gentios foi
derrubado. Não foi nenhum plano humano, nenhum movimento humano, nenhuma revolução política que causou sua
queda, mas foi um movimento divino, uma revolução iniciada nos céus, no coração
de Deus, quando ele se voltou para os homens e enviou-lhes seu filho.
Por isso é que Paulo diz: “ Mas agora, em Cristo Jesus, vós,
que estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegaste perto”. A grande obra de
Deus, a maior obra, aquela que moveu os céus, foi quem derrubou o muro de
separação .
Foi o próprio Senhor Jesus cristo, a manifestação do poder de
Deus entre nós quem fez isso. Ele não apenas veio ao mundo , mas morreu,
derramando seu sangue para a remissão dos pecados de todos os homens.
Paulo, em Romanos 3.9 afirma: “ Pois que? Somos melhores do eu
eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que , tanto judeus como gregos,
todos estão debaixo do pecado.” Não há distinção, pois todos tem a
mesma necessidade de salvação.
Em Romanos 11.32 Paulo
diz: “
Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, a fim de usar de
misericórdia para com todos.” “Todos”, significa tanto judeus como
gentios. Em Gálatas 3.22,23 lemos: “ Mas a escritura encerrou tudo debaixo do
pecado, para que a promessa pela fé em Jesus cristo fossem dada aos que crêem.
Mas, antes que viesse a fé, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para
aquela fé que havia de revelar.” Só por meio de Jesus há aproximação
entre judeus e gentios, porque ambos tem a mesma necessidade e estão em pé de
igualdade quanto à condição de serem salvos. Agora em Cristo se manifesta a
misericórdia de Deus para com todos, sem distinção.
As afirmações de Paulo nos versículos 14-18 mostram que Jesus
é a essência da unidade que deve reinar no povo de Deus. É em torno dele e para
ele que deve convergir a vida do povo de Deus: “ Porque dele, e por ele, e
para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente” ( Rm. 11.36).
A unidade da igreja é um imperativo, é preciso que todos os
cristãos vivam em paz uns com os outros , “ Porque ele é a nossa paz” (v.14).
Por que ele é a paz? Primeiro, porque de “ambos os povos fez um”, ou seja, uniu
judeus e gentios em um só povo. Em Cristo desaparecem, quando se pensa em
unidade, as nacionalidades. É um só povo que Deus vê.
Segundo, porque derrubou “ a parede de separação que estava
no meio”. Seria uma referência à parede que havia no templo e que separava os
gentios dos judeus? Parece que Paulo tinha isso em mente.
Para ele, Jesus não apenas rasgou o véu do templo, abrindo o
caminho para comunhão com Deus de forma direta, mas também derrubou a parede
que separava os judeus dos gentios. Ele desfez a inimizade “na carne”, isto é,
em sua morte, na qual não apenas reconciliou o homem com Deus, mas o homem com
seu semelhante. Ele restaura, de forma completa a vida humana.
A parede, como vimos, pode ser a parede literal no templo,
como também é o sistema mosaico que muitos judeus tentavam obrigar os gentios a
cumprir para se tornarem crentes em Cristo: “(...) a lei dos mandamentos
contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim
fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por
ela matado a inimizade; e, vindo, ele evangelizou paz a vós que estáveis longe,
e paz aos que estavam perto” (v.15-17). O propósito de Jesus era criar um novo
homem (2Co 5.17) que vivesse em paz e reconciliado com Deus, expressando sua fé
em um só corpo, que é a igreja.
Jesus é o segredo do plano de Deus para a humanidade, “(...)
porque por ele ambos temos acesso ao pai em um mesmo Espírito” (v.18). Todos
nós vamos ao mesmo pai, pelo mesmo Espírito que habita em nós. Este é outro
fator de unidade no corpo de Cristo: Um mesmo Pai e um mesmo Espírito. Não há
diferença entre os que pertencem ao corpo de Cristo, que é a igreja.
3 - A IGREJA É NOVA FAMÍLIA DE DEUS - Efésios 2.19-21
“ Assim, pois, não sois mais estrangeiros, nem forasteiros,
antes sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificado sobre
o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a
principal pedra de esquina; no qual todo o edifício bem ajustado cresce para
templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para
morada de Deus no Espírito.”
A grande revelação que Paulo nos traz é que a igreja é
o plano de Deus e que reúne os salvos de todos os tempos e dos dois
Testamentos. Na prática, isto quer dizer que os salvos da Antiga Aliança e os
salvos da Nova Aliança, formam a igreja do Deus vivo: Ora, não tendes chegado ao fogo
palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao clangor da
trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não
se lhes falasse mais, pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um
animal, se tocar o monte, será apedrejado. Na verdade, de tal modo era horrível
o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo! Mas tendes chegado
ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis
hostes de anjos, e à universal assembleia e igreja dos primogênitos arrolados
nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e
a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas
superiores ao que fala o próprio Abel. (Hebreus 12.18-24).
Uma família é tomada como imagem do povo de Deus! Isso tanto
valoriza a família tão bombardeada hoje, como também explica a natureza da
igreja. É uma unidade que tem o propósito de ser indissolúvel. Na igreja como
família deve reinar a aceitação, o respeito, a comunhão, o compartilhamento, a
comunicação em amor, a fraternidade como essência das relações. Apesar das
diferenças de personalidades, reina a paz e a harmonia.
O que estabelece a vitalidade da família de Deus é o seu
fundamento. Quando Jesus acabou o sermão do monte, afirmou que aquele que ouve
suas palavras e as pratica é aquele que edifica sua casa sobre a rocha. Aqui
temos Paulo usando a mesma ilustração, para a família de Deus, porque ela é
edificada sobre os fundamentos sólidos da revelação dada por Deus através dos
profetas e dos apóstolos.
É bom dizer, entretanto, que nem os apóstolos nem os profetas
eram mais importantes, porque Jesus é a pedra principal, ou seja, a pedra
colocada na construção da qual sai o alinhamento para todo o edifício; sem essa
pedra, não há edifício seguro. É Jesus que torna a nossa vida um templo para
Deus, porque ele mora em nós através do Espírito Santo: “ Não sabeis que o vosso
corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”
(1 Co 6.19)
A unidade da igreja também é identificada no fato de haver um
fundamento comum da revelação de Deus em Cristo. O fato de o Espírito Santo
habitar em todo aquele que crê, também faz com que sejamos um. Assim, não há
distinção entre os que crêem.
A unidade da igreja deve nos fazer meditar em algumas lições
práticas que os obreiros precisam ensinar ao povo que são:
a – A igreja de Deus é uma só, não há raças entre
seres humanos, apenas diferenças de cor de pele e a igreja não vê fronteira nem limites entre países,
estados e municípios. Aquele que pertence a Cristo, pertence à cidadania do
reino de Deus e, por isso, não conhece barreiras raciais ou qualquer outras.
b – Diferenças de culto, de doutrinas
e costumes não deve nos separar uns dos outros. Jesus derrubou todas as paredes de
separação entre as pessoas. Não podemos deixar que a intolerância religiosa
venha a minar a unidade da igreja, nem que a comunidade, que é separatista em
essência, estabeleça as normas de convivência entre os que crêem em Cristo.
c - Devemos viver a grande alegria de
pertencermos à família de Deus. Como é bom chamar alguém de “meu irmão”, “minha irmã”, “meu
pai na fé”, etc. São termos que o mundo não pode usar jamais, porque jaz no maligno,
e ele odeia qualquer família ajustada e feliz.
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