sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Aula - Cultura Bíblica nº 08 - O casamento e a família nos tempos bíblicos


           Aula em maio de 2016

 
 Vamos à última aula deste curso e hoje vamos falar do casamento e da família nos tempos bíblicos.


 
 
O CASAMENTO DOS TEMPOS BÍBLICOS

 O casamento  era uma prática extremamente importante nos tempos bíblicos e importava não apenas para a família, mas a tribo inteira e toda a comunidade patriarcal. O casamento influenciava a força da família e até da tribo, alguns fortalecia a própria nação, no caso do casamento de um soberano com princesas de outras nações. O casamento era em geral prometido entre as famílias e havia contratos entre estas famílias com valores financeiros, propriedades e domínios envolvidos.  O casamento era prioritariamente feito dentro da própria família ou tribo (ver Gn 24.8; Gn 29.19,20).
Nos tempos mais antigos, como no tempo patriarcal, um homem rico possuía várias esposas, geralmente o homem casava-se com sua meia irmã (filha do mesmo pai, mas de mãe diferente), como foi o caso de Abraão (ver Gn 11.29 e 20.12).
 O objetivo desta prática era conservar a mulher dentro do clã. Entre os hebreus o casamento entre filhos da mesma mãe não acontecia. Mais tarde na lei, a proibição se estendeu a todo parentesco de primeiro grau, como filhos do mesmo pai, da mesma mãe, também tio, tia, nora, sogra etc. Esta proibição não se estendia a primos.

Abraão mandou buscar uma esposa para seu filho, Isaque dentre seus parentes, para que este não se casasse com mulheres cananéias (Gn 24.3-4 ver o caso de Esaú em Gn 26.34,25).

 Quando a Lei foi promulgada, o casamento entre hebreus e  cananeus foram proibidos (Dt 7.1-4). O motivo da proibição destes casamentos era devido à religião e cultura extremamente iníquos dos cananeus. Era, permitido, entretanto, que soldados tomassem moças cananeias como esposas, desde que obedecessem rituais de purificação (Dt 21.10-14).

Na época de Esdras e Neemias, foram rejeitados entre o povo todos aqueles que haviam se casado com mulheres estrangeiras. Muitos escolheram mandar embora mulheres e filhos para permanecer em Jerusalém (Ne 10.31; 13.23-28 ver Ez 9).  Esta determinação de Esdras, foi por causa do pacto de fidelidade ao Deus de Israel. Desde o cativeiro babilônico, que havia terminado 100 anos antes, o povo havia ficado livre da idolatria.

Os israelitas que permaneceram em Jerusalém durante o cativeiro não faziam parte desta nova mentalidade. Eles haviam se casado com mulheres cananeias e de outras nacionalidades e mantinham a pluralidade de deuses (ver EZ 8 – que narra o que acontecia em Jerusalém durante o cativeiro). Portanto, os israelitas precisavam provar que estavam que seus pais ou avós estiveram no cativeiro ou durante este tempo de mais de 150 anos suas famílias estiveram livres dos deuses estrangeiros trazidos por casamentos mistos.

O casamento envolvia contrato financeiro, que era o contrato do casamento. A família da noiva recebia um pagamento da família do noivo (Gn 34.1-12; Ex 22.16; 1Sm 18.23-25). Este pagamento era um ressarcimento pela perda dos serviços da moça para família. Também era considerado os esforços e despesas na criação e educação da moça. Na Lei hebraica, foi fixado um preço para a virgem e para a não virgem (Ex 22.16).

 

             A CERIMÔNIA DE CASAMENTO NOS TEMPOS BÍBLICOS
Não havia uma cerimônia religiosa formal de casamento entre os hebreus nos tempos bíblicos como há hoje. Não havia sermão, benção ou oficialização por parte de um sacerdote ou outra figura religiosa, apenas a benção dos pais. A cerimônia, se assim se pode chamar, era uma tradição que era seguida.

A NOIVA.
A noiva se preparava com muitos óleos perfumados ( Rt 3.3; Ez 23.40). Suas roupas incluía faixas para o busto e um manto branco. As mais ricas usavam um manto bordado mesclando branco e dourado (Jr 2.32; Sl 45.13-14).  A noiva se enfeitava com adornos e joias, se tivesse condições (Is 49.18; 61.10). Ela se enfeitava com uma veste em forma de véu que a cobria dos pés à cabeça ( Is 3.19-23).  Labão enganou a Jacó, justamente por causa das vestes usadas no dia do casamento (Gn 29.23-25). Nos tempos mais antigos, o noivo não via a noiva por causa deste grande véu que a cobria. Rebeca se cobriu um véu ao se aproximar de Isaque (Gn 24.65). Este véu simbolizava que a noiva estava se sujeitando ao noivo, pois ele e somente ele iria remover o véu (ver 1Cor 11.5-10).

O NOIVO
A roupa do noivo era feita para a ocasião, geralmente era colorida e o destaque era um turbante na cabeça, preso por um diadema, simbolizando que ele teria uma casa com o nome dele e teria autoridade sobre ela (Ct 3.11 e Is 61.10).

O noivo no dia de ir buscar a noiva, deixava sua casa a noitinha acompanhado por um grupo de amigos ou pelo melhor amigo (ver Mt 9.15). Havia então uma festa de despedida na casa da noiva, onde  um grupo de amigas solteiras (virgens) esperavam cada uma com uma lâmpada acesa. Eles, então se dirigiam à casa do pai do noivo ou ao local onde haveria a festa e onde estava preparado um aposento, ás vezes uma tenda para a primeira noite do jovem casal (ver Jr 7.34; Is 16.9; Mt 25.1).

O noivo um tempo antes passa algum tempo, em caso de morar longe, poderia ficar vários dias, em tratos com a família da noiva, onde era efetuado o noivado. A partir deste momento eles eram considerados – irussim – desposados ou noivos, antes de se tornarem – nissuim – um casal casado. Desde o momento em que eram considerado – irussim – já existiria o adultério (foi o caso de José e Maria). Não seria crime, nem transgressão social ou da lei se Maria engravidasse de José, por isso quando soube que Maria estava grávida, sabendo que o filho não era dele, José decidiu deixá-la, para que ela não ficasse com má fama, mas sim ele. Todos pensariam que José a tinha engravidado enquanto noivos e abandonado a Maria.

O difamado seria ele ( ver Mt 1.18-20 e Lc 1.26). A lei previa que uma noiva cometesse adultério (lembrando que o adultério e trair o marido ou noivo com outro homem), ela e o homem culpado deveriam ser mortos. Se ela fosse abusada, o homem deveria ser morto. Veja que se a moça não fosse noiva, o procedimento era outro ( Dt 22.22-27).

O noivo partia com a promessa de voltar assim que tudo estivesse preparado com relação à festa e á moradia (ver as palavra de Jesus em João 14.1-3 – assim procedia o noivo). As famílias nobres mantinham os recém casados na casa do pai do novo, que tinha muitos aposentos e conforme os filhos iam casando, novos aposentos eram construídos ou melhorados.

Os noivos eram os últimos que entravam na festa e depois deles ninguém mais ( Mt 25.1-12; 22.1-3; Gn 29.22). As famílias mais nobres enviavam aos convidados mantos específicos, sem os quais não se poderia entrar na festa. Entre os ricos, quando uma pessoa da nobreza estava para casar, aguardava-se ansiosamente pelo convite que era o traje. Nestes casamentos os lugares eram determinados por famílias e pela importância de cada uma (Mt 22.11; Lc 14.8-11).  A rejeição  a um convite de casamento era um insulto à família dos noivos e aos próprios noivos (ver Mt 22.8).

Apesar de não haver uma cerimônia formal, havia uma cerimônia tradicional e os casamentos eram registrados por escribas em registros oficiais da comunidade para fins de comprovações genealógicas, práticas da maioria dos povos antigos (ver como exemplos as genealogias de 1 Crônicas 1 a 9  e Mateus 1.1-16 e Lucas 3.23-38 ).




  

 A FAMILIA DOS TEMPOS BÍBLICOS 
     
A estrutura familiar dos tempos bíblicos era organizada a partir dos clãs. O clã ou a casa patriarcal constituía a unidade mais restrita da família, embora se pareça muito pouco com o que hoje entendemos por esse termo (ver Dt 29.18; jos 7.14; 1Sm 10.21; Ex 6.14; Nm 3.14; Ex 12;21). Uma família, poderia se constituir de várias “casas”. Cada casa tinha um pai, mas cada pai poderia estar debaixo da ordem familiar de um patriarca ou líder do clã.

A família, portanto, se constituía de uma vasta reunião de células familiares que reorganizavam quando uma patriarca morria em tantas “casas patriarcais” quantos filhos casados ele tivesse. Os clãs perpetuam a memória do patriarca sujo nome ela leva por muitas gerações. Alguns sistemas genealógicos levam o nome do patriarca geracional ao invés do nome do pai de cada casa.

A família bíblica em geral é patriarcal e monogâmica, mas os homens mais ricos geralmente possuíam mais de uma mulher. Os extremamente ricos e poderosos além de possuírem várias mulheres, possuíam também muitas concubinas que eram mulheres que eram sustentadas por mantenedor, podendo ele gerar filhos com elas, mas estes filhos não fariam parte da herança do pai e nem seu nome para fins genealógicos.

O homem geralmente se casava entre dezoito e vinte anos, as meninas entre os doze e quinze anos. Quando uma menina tivesse sua primeira menstruação, ela já estaria na idade de casar e geralmente casava. Era costume a mãe dar nome a seus filhos (ver Gn 19.37).

O homem poderia se casar com sua meia irmã, filha de seu pai, mas não de sua mãe (Gn 20.12; 1Sm 13.13ss). O filho mais velho, a partir dos 30 anos monopolizava os direitos da casa ou da família e eram privilegiados em matéria de herança e domínio futuros (Dt 21.17).

Os pais tinham todo direito sobre a casa e em épocas mais antigas (antes da época do Cativeiro Babilônico), ele tinha direito de fazer o que quisesse com seus filhos, noras e até esposas, inclusive vendê-los como escravos ou oferecê-los em sacrifícios. Os casos de Abraão levando seu filho para Moriá e Jefté oferecendo sua filha em holocausto são exemplos deste poder dos pais (Gn 22  e Jz 11.30-40).

A lei mosaica não aprova este poder e manda que o pai trate os filhos e demais membros da família com justiça. Diz para não oferecer os filhos em sacrifícios a outros deuses e não favorecer um em detrimento de outro (Dt 21.17-17). O exemplo de reis que ofereceram seus filhos em sacrifícios são exemplos de que a lei nem sempre era seguida (2 Reis 16.3 e Sl 106.37).








Não era costume a adoção de filhos e quando uma criança ficava órfã dentro do clã ou da tribo, ela passava a ser serva de outra família, mas jamais filha, pois a filiação implicava em herança. O vinculo familiar e o direito à herança se definiam unicamente pela ascendência, pelo sangue.

 

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