terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Aula - Teologia do Novo Testamento 07 - Alma, espírito, corpo e carne


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Aula em agosto de 2015
 
 
Vamos começar pelo assunto vinte e um - a alma humana - depois vamos falar do espírito humano, carne e corpo.
 
21 -  PSYCHE - A ALMA HUMANA COMO PESSOA A SER SALVA

PSYCHE - É o vocábulo usado no Novo Testamento para alma, mas também para vida, sentimento e emoção. No entendimento popular alma é a segunda divisão do ser humano definido como sendo corpo, alma e espírito.
O corpo como sede das sensações ou sentidos, a alma como sede da mente, emoção e vontade e o espírito como sede da intuição, consciência e comunhão. Esta definição se divide em duas formas: A tricotomista que entendendo que estas três divisões são compostas de três elementos ou substâncias. A dicotomista, que entende que são duas substâncias e que a alma e o espírito são indivisíveis. A visão tricotomista, crê numa tricotomia substancial, ou seja, entende que a alma e o espírito são duas substâncias como se fossem dois “seres” espirituais “dentro” do ser humano. A visão dicotomista, que numa divisão funcional para a alma e o espírito, isto quer dizer que é uma substância com duas funções. Mas estas definições são da Teologia Sistemática, enquanto aqui estamos tratando da Teologia Bíblica, aquela que fornece os elementos para a Sistemática.
Aqui não vamos estudar o que significa a alma, mas o uso do termo Psyche e então descobrir onde o termo é usado para a alma, mas também os outros usos. Psyche é o termo correspondente ao hebraico Nefesh do Antigo Testamento.

21.1 - PSYCHE COMO VIDA.

21.1.1 – PSYCHE É A VIDA QUE PRECISA SER RESGATADA OU REDIMIDA
Nestes textos psyche é traduzido por vida. Quando Êutico ressuscita, Paulo diz que a vida (psyche) está nele (At 20.10). Paulo em meio ao iminente naufrágio, diz que nenhuma vida (psyche) se perderá, apenas o navio (At 27.10). Jesus disse para não andarmos ansiosos pela nossa vida (psyche) e que a vida (psyche) é mais do que alimento (Mt 6.25). Jesus disse que daria sua vida (psyche) como resgate (Mt 10.45). O bom pastor dá a vida (psyche) pelas ovelhas (João 10.11ss). Os mártires não amam sua própria vida (psyche) em face da morte (Ap 12.11). Paulo em meio às perseguições não considera sua vida (psyche) preciosa.

21.1.2 – PSYCHE É A VIDA QUE DEUS PEDE
 Jesus fala que devemos aborrecer a própria vida para segui-lo (Lc 14.26), isto significa tudo o que a pessoa é e tem. Herodes desejava intentar contra a vida (psyche) de Jesus quando bebê.  Deus pede a vida (psyche) do fazendeiro rico (Lc 12.20). A pergunta sobre o dia de sábado sobre tirar ou salvar ou tirar vida (psyche) era lícito ou não (Mc 3.4ss). Psyche então significa a vida que é dada por Deus ao ser humano. É a vida temporal. É tudo o que pertence ao ser humano como ser, é o ser.

21.2 - PSYCHE COMO A PESSOA EM SI MESMA.
É neste sentindo que o termo psyche é traduzido por “alma’.

21.2.1 – Psyche é a pessoa como ser carente
O rico disse à sua alma (psyche) para que ela festejasse (Lc 12.19ss). A alma (psyche) de Jesus estava angustiada (João 12.27). No outro texto diz que sua alma (psyche) estava triste (Mt 26.28).

Psyche pode ser o sentimento interior como quando Paulo fala em ficar “animado”( Fp 2.19 o termo aqui é psyche). A alma pode sentir-se cansada, fatigada (Hb 12.3). Em colossenses 3.23, quando se diz que temos que fazer as coisas  para Deus com o coração, o termo é (psyche), e poderia ser traduzido por “alma’. Jesus promete descanso para a alma (psyche). Pedro fala em santificação da alma (1Pe 1.22). Paulo se consome pelas almas (2Cor 12.15).  Paulo quer compartilhar mais do que o evangelho, mas também sua alma (1Ts 2.8), o que sugere que ele morreria por eles.

21.2.3 – Psyche é a pessoa como ser que reage
A alma ou psyque é a própria pessoa e pode se referir também aos sentimentos da pessoa. Pode se referir também à mente – de onde vem o termo psicológico ou vida psicológica. Hoje se diz que algumas doenças são psico-somáticas, que quer dizer que envolve o corpo e a mente. Por tudo isso, é que nas definições da alma se diz que ela é composta de mente, emoção e vontade.

21.2.4 – Psyche é a pessoa como personalidade individual
Psyche então,  pode se referir à vida interior do ser humano que é voltada para as “coisas da vida”. É o ser da pessoa, como uma personalidade humana. Quando se fala em salvação da alma, não se está falando numa salvação do ser interior, mas da pessoa total, do ser total, pois não há salvação da alma sem o corpo, pois a salvação tem sua plenitude na ressurreição do corpo – na glorificação do corpo e não da alma.

A alma é o ser humano em sua dimensão compatível com o ambiente em que vive, seja material como espiritual.

 
22 - PNEUMA – O SER HUMANO COMO SER ESPIRITUAL
 O termo PNEUMA é um dos mais usados no Novo Testamento, é correspondente ao termo também muito usado no Antigo Testamento RUAH. O significado original de PNEUMA (também de ruah) -  é vento ou sopro de onde vem os termos – pneu, pneumático, pneumatologia, pneumologia etc.

 22.1 – RUAH É O SER HUMANO COMO SER COMPATÍVEL COMO O MUNDO ESPIRITUAL
Estes termos – RUAH E PNEUMA - podem ter inúmeros significados e foram traduzidos como - vento, sopro, espírito, Espírito e variados sentimentos tanto divinos como humanos. São usados também para seres celestiais bons ou maus. São tão variados os significados que aqui vamos tratar apenas do uso para o ser humano. Mais uma vez lembrando que o ser humano na Bíblia é apresentado como sendo – corpo, alma e espírito – e que esta divisão pode ser interpretada como uma tricotomia substancial ou como uma dicotomia substancial e uma tricotomia funcional como explicado antes.
22.2 – RUAH É O SER HUMANO COMO SER QUE VEM DE DEUS E NÃO APENAS DA TERRA
O espírito humano então, seria aquela parte do ser que é a sede da consciência, intuição, percepção, revelação, adoração etc. É  o princípio de vida que vem de Deus e que faz com que o ser humano tenha uma compatibilidade com o ser divino que o faz voltar para Deus. Este “voltar para Deus” (Ecl 12.7), leva muitos a ensinar que quando a pessoa morre – o corpo vira pó, a alma vai para um estado intermediário de descanso ou de tormento e o espírito volta para Deus até o dia da ressurreição. Não parece ser este o ensino. O espírito voltar para Deus, significa que ele fica sob o controle divino e não vagando no vazio, ou seja, não vira um fantasma.

As passagens do Novo Testamento onde aparece o termo PNEUMA são as seguintes:

22.2.1 - PNEUMA é o princípio da vida que vem de Deus e dá vida ao ser humano (Mt 27.50; Lc 8.55;  23.46; Jo 6.63;  19.30; At 7.59; Hb13.15; Tg 2.26; Ap 11.11; 13.15).

22.2.2 - PNEUMA é a faculdade onde humana onde estão as percepções, sensações e emoções.

Maria diz sua alma (psyche) engrandece ao Senhor e seu espírito (pneuma) se alegra em Deus (Lc 1.46.47).

Jesus agitou-se no espírito (pneuma) e se comoveu (Jo 11.33).  Jesus angustiou-se em  espírito (Jo 13.21). Paulo fala em “espírito” de mansidão (1Cor 4.21) – aqui não se trata de uma entidade espiritual que traz mansidão – mas um estado emocional, uma disposição interior – como falamos quando nos referimos à estar em “espírito de oração”, por exemplo.

Paulo fala em renovar o “espírito do entendimento” (Ef 4.23), aqui segue a mesma aplicação do anterior.

Pedro fala de um “espírito manso e tranquilo” (1Pe 3.4), também aqui não se trata do espírito humano como substância ou ser interior, mas de uma disposição interior (1Pe 3.4).

Jesus percebia as coisas, ou usava sua onisciência por “seu espírito” (Mc 2.8). Jesus “arrancou do intimo de seu espírito um gemido” (Mc 8.12). Jesus enquanto crescia se fortalecia em espírito (Lc 1.80), o termo pneuma aqui, não quer dizer que o “espírito” de Jesus ficava mais forte, mas que ele crescia na sua vida espiritual, na sua condição espiritual, no seu entendimento das coisas divinas.
Apolo era “fervoroso de espírito” (At 18.25). Mais uma vez fala da estatura espiritual e não do espírito humano como substância. Fala da condição espiritual e não do termo técnico da maneira como se costuma usar.
Paulo diz que servia ao evangelho do Filho em seu espírito (Rm 1.9). Aqui Paulo está falando de sua firmeza de fé de forma exclusiva no evangelho, ou seja, na pessoa e ensino do Senhor Jesus.
Paulo fala que a verdadeira circuncisão é no espírito (Rm 2.29). Paulo fala em servir a Deus em “novidade de espírito” e não segundo a letra da lei (Rm 7.6).  Paulo compara diz que o ser humano possui um espírito que sabe tudo sobre a pessoa. Ele faz uma comparação com o Deus e o Espírito de Deus que sabe tudo sobre Deus (1Cor 2.11).
Paulo fala do relacionamento de um homem com uma prostituta que forma um corpo com ele, mas com Deus forma um espírito com ele (1Cor 6.16-17). Quem fala em outras línguas, “em espírito” fala mistérios com Deus (1Cor 14.2) Quem ora em línguas, ora em espírito, mas não com a mente (1Cor 14.14), por isso a oração deve ser em língua normal ou comum, pois então espírito e mente estarão orando (1Cor 14.15).
O espírito de uma pessoa, está sujeito à pessoa (1Cor 14.32), ou seja, o espírito humano não é uma parte autônoma, mas é parte integral da pessoa.
Companheiros de ministério trouxeram refrigério ao espírito de Paulo (1Cor 16.18).  Paulo registra que não encontrou paz no espírito, porque não encontrou Tito em sua viagem (2Cor 2.13).
Quando Paulo encontrou Tito, o espírito de Tito recebeu refrigério (2Cor 7.13).
Paulo e Tito andavam no mesmo “espírito” (2Cor 12.18). Paulo diz a Timóteo: “O Senhor seja com teu espírito” (2Tm 4.22). Aos Filipenses, Paulo deseja que a graça do Senhor Jesus Cristo estivesse no espírito deles (Fp 4.23).  O Senhor Jesus diz aos discípulos que “o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41). Paulo se diz constrangido no espírito (At 20.22). Em todos estes textos o espírito é referência ao interior, ao íntimo humano, mas poucas vezes se refere a uma substância ou ser separado do ser humano, indicando que o ser humano é uma unidade indivisível. A única coisa que a Bíblia diz que faz esta divisão é a Palavra (Heb. 4.12), isto significa que a Palavra salva e transforma o ser total da pessoa.

22.2.3 - O termo espírito (pneuma), também é usado para falar da mentalidade e atitude interior da pessoa.
O anjo ao falar a Zacarias sobre o nascimento de João Batista, disse que ele viria “no espírito de Elias” (Lc 1.17), isto não quer dizer que João Batista seria uma  reencarnação de Elias ou teria nele o mesmo “espírito” no sentido de substância interior de Elias, mas que ele viria com a mesma motivação, com a mesma força profética de Elias.
Quando Jesus recrimina os filhos de Zebedeu, ele diz que eles não sabiam de “que espírito” eles eram (Mt 9.55), ele quer dizer no sentido de não saber a motivação que no caso, era maligna.

22.3 – Pneuma é a expressão interior do ser
Sobre o espírito como mentalidade, disposição interior, atitude interior, caráter e personalidade humanas ver também – Rm 12.11 “fervorosos de espírito.” 1Cor 2.12 “espírito que vem de Deus e espírito que vem do mundo”. 1Cor 4.21 – “espírito de mansidão”. 2Cor 4.13 – “espírito da fé”.

Ver ainda – 2Cor 6.6; 7.1;  2Tm 1.7; Fp 1.27;  2.1; Gl 6.18; 1Jo 4.1ss; 1Pe 3.4; 1Jo 4.6).

 

23 – SARX – A CARNE NO NOVO TESTAMENTO
O termo SARX é muito usado no Novo Testamento  e é traduzido por carne. Mas o uso do vocábulo carne pode significar carne como sinônimo de corpo quando o texto bíblico se refera a – carne e sangue – sofrer na carne – Jesus veio em carne – a carne para nada aproveita etc.

23.1 - CARNE (sarx) COMO  REFERÊNCIA À SUBSTÂNCIA MATERIAL DO SER HUMANO

É o que constitui o corpo humano, mas neste sentido o termo mais usado é o que já vimos – SOMA – mas em alguns textos o termo é sarx como em Lc 15.39.  O espinho na carne de Paulo era um ataque no seu corpo físico ( 2 Cor 12.7). Fraqueza da carne em (Gl 4.13ss), é também uma referência a algo físico. Angustia ou aflições na carne (1Cor 7.26; Col 1.24; 2Cor 7.5; 1Pe 4.2), também são referências à angustias físicas. Cristo por sua carne trouxe redenção e paz com Deus, isto é seu sofrimento não foi apenas espiritual, mas também carnal ou corporal (Ef 2.14; Col 1.22). A circuncisão, preceito da lei, era na carne (Rm 2.28; Gl 6.12 ss; Ef 2.11; Col 2.13).  A referência à “presença segundo a carne” é presença real, ao vivo, corporal ( Col 2.5). Carne pode ser referir à humanidade (Lc 3.6; At 2.17; Jo 17.2). Jesus se tornou carne, ou seja, se tornou um ser humano real (Jo 1.14; 1Jo 4.2; 1Tm 3.16). No sentido de humanidade, temos também as seguintes passagens: A humanidade necessita de salvação, pois toda carne  é perecível (1 pe 1.24). A humanidade toda é pecadora e pecaminosa (Rm 3.20; Gl 2.16). A humanidade (carne) não pode se gloriar diante de Deus (1Cor 1.29 – onde na Almeida Atualizada diz, ninguém se glorie – no original é – sarx – carne – nenhuma carne).  A humanidade (SARX – carne) está sob angustias (Mt 24.22; Mc 13.20).

23.2 - CARNE COMO NATUREZA HUMANA.
O uso mais comum de carne(sarx), entretanto, é para “natureza humana”. A carne é a natureza pecaminosa do ser humano ou a natureza humana corrompida pelo pecado. A carne neste sentido é o que leva a pessoa a viver segundo a lei do pecado (Rm 7.25). Quem vive segundo a carne está em aliança com a morte eterna, pois já está morto espiritualmente (Rm 7.5; 8.3).  A carne á inclinação do ser humano ao pecado, é o que leva a pessoa a agir contra a vontade de Deus.

Os que estão na carne (lembrando que a carne neste sentido, não é o corpo, mas a natureza pecaminosa), não podem agradar a Deus (Rm 8.8). A carne é o poder que o pecado usa para a perdição do ser humano. O Senhor Jesus ao vir ao mundo assumiu natureza humana, mas ele não possuía a “carne”, pois não tinha a natureza pecaminosa, antes, sua natureza humana era santa.

A natureza que em nós é dominada pelo pecado, em Jesus era santa. Paulo, por isso, fala de “semelhança da carne do pecado”, para evitar a interpretação de que também Cristo estivesse sob o domínio do pecado. Ele não conhece o pecado (2Cor 5.21). Paulo diz, que pelo batismo, os crentes crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências ou desejos pecaminosos (Gl 5.24).

A carne é o velho homem e este precisa passar pela cruz – crer na obra de Cristo – para que a pessoa seja revestida do novo ser (Col 3.9). Pelo novo nascimento ou regeneração, Deus  perdoou e vivificou os crentes que estavam mortos, perdidos e condenados pelos seus pecados e por causa da carne incircuncisa (Col 2.13).

O cristão regenerado, já não vive segundo a carne (natureza pecaminosa) – embora viva na carne (um ser humano normal) – mas segundo o Espírito (Rm 8.4-9). Outro fato, é que o cristão embora não viva segundo a carne, a fraqueza da carne ainda permanece (Rm 6.12ss ; 8.9), mas ele não tem mais prazer nos desejos pecaminosos.

 A carne ainda tem desejos que são contrários ao Espírito (Gl 5.17). O Cristão então, precisa sempre lutar contra a carne – isto é a mortificação da carne, sua renúncia (Rm 8.5 -12; 13.14; Col 3.5). A única opção para o crente vencer a carne é por meio da crucificação dela, ou seja, a santificação pela obra de Cristo por meio da aplicação desta obra mediante a Palavra de Deus e a obra do Espírito Santo (Gl 5.16-24).

 
24 - KARDIA  - O CORAÇÃO DO SER HUMANO
Este é o termo que aparece em português como – coração.

24.1 – KARDIA É O CORAÇÃO COMO ÓRGÃO FÍSICO
o coração físico e aparece apenas em  Lc 21.34; At 14.17; Tg 5.5.

24.2 – KARDIA É O CORAÇÃO COMO VIDA INTERIOR
O segundo uso é o mais comum – é a vida interior, o centro da personalidade, do caráter, e é onde Deus se revela ao ser humano. É a pessoa no seu “eu profundo”(1Pe 3.4). É bem difícil distinguir coração de espírito ou de alma. Muitos indo além do texto bíblico, mas sendo didáticos, explicam que o coração é a união da alma e do espírito. Parece ser uma definição razoável, mas não podemos ir além disso, usar a definição para fins didáticos apenas.

24.2.1 - O coração representa o ego humano.
 Os poderes do espírito, da alma, da razão, da consciência, os sentimentos, as emoções, as paixões, os instintos, as ideias,  tudo se concentram no coração (2Co 5.12; 1Ts 2.17; Mt 15.19; Mc 7.21).

24.2.2 - O coração é também o centro da vida espiritual, o estado do ser humano diante de Deus de onde procede a santidade e ação de Deus no ser humano.  É do coração que procede a dúvida, a dureza como resistência á Deus (dureza de coração), mas também a fé e a obediência. Se crê com o coração e se duvida com o coração (Rm 10.8-10; 2Cor 3.14-15; Fp 4.7).
O coração, portanto, se refere ao ser humano como pessoa integral em todo o seu ser que pensa, deseja e sente – como um ser responsável, consciente e que possui responsabilidade tanto quanto a si mesmo, como com próximo e com Deus (Lc 10.26-27).

24.3 – O CORAÇÃO COMO SER INTERIOR E O PECADO
O coração também foi atingido pelo pecado. Como vimos, a fonte do pensamento, dos desejos é o coração, a parte mais íntima do ser humano. O coração, tendo sido escravizado pelo pecado, a totalidade do ser, stá em escravidão. Os maus pensamentos procedem do coração (Mc 7.21 com Mt 15.19). Os desejos mais perversos, baixos e vergonhosos, habitam no coração (Rm 1.24). O coração é desobediente e resistente a Deus (Rm 2.5; 2Cor 3.14-15). O coração é duro, insensível  e infiel a Deus (Hb 3.12). O coração é embotado e escurecido (Rm 1.21; Ef 4.18). O coração é o que leva a pessoa a se afastar de Deus (Mc 7.6 com Mt 15.8). A falta de fé é o coração que está endurecido ( Mc 16.14; 24.25,32). Já no Antigo Testamento, o coração tinha este sentido (Jr 17.9).  O pecado habita no coração e escraviza o ser inteiro.

24.3 – DEUS CONHECE NOSSO CORAÇÃO
Somente Deus conhece as coisas do coração (1Cor 4.5). Ele também, e somente ele pode examinar profundamente o coração (Rm 8.27). Deus também testa o coração do ser humano (1Ts 2.4).  A corrupção começa no coração e ali também é onde Deus começa a salvação do ser humano. É o lugar onde Deus começa sua obra.

24.4 – A OBRA DE CRISTO NO CORAÇÃO
É no coração que a paz de Cristo atua (Col 3.15). A graça de Deus age no coração, fortalecendo e o tornando perseverante (Hb 13.9).

O coração é a sede de todas as inclinações e disposições. Ali está tanto a fidelidade como a infidelidade. Tanto a fé como a incredulidade. Tanto o amor como o ódio. O culto a Deus ou ao maligno. O arrependimento é uma questão do coração. A conversão é a conversão do coração (Rm 10.6-10; Rm 2.25), logo é uma questão do ser humano como um todo, com tudo e em tudo o que ele é. A Palavra de Deus para realizar a obra da salvação, deve penetrar, agir no coração ( At 2.37; 5.33; 7.54).

24.5 – A CONVERSÃO É NO CORAÇÃO

O coração que é voltado inteiramente para Deus é um coração puro (Mt 5.8; 1Tm 1.5). É o Jesus que purifica o coração mediante seu sangue derramado na cruz (Hb 10.22;; 1Jo 1.7).

É no coração que a fé é provada e aprovada desenvolvendo a obediência e a paciência (Rm 6.17; 2Ts 3.5).

A conversão não é levada a efeito apenas mediante ou porque houve vontade ou desejo do coração humano, mas porque Deus abre o coração e ilumina o coração (1Cor 2.9; At 16.14; 2Cor 4.6). O penhor do Espírito, ou o testemunho, a confirmação interior da salvação, é dada por Deus no coração (2Cor 1.22). É mediante a fé que Cristo passa a habitar no coração (Ef 3.17).

É no coração que se guarda a Palavra de Deus (Lc 8.15).

Somente quando o Espírito Santo faz morada no coração é que o crente passa a não ser mais escravo do pecado, então, a pessoa que está em Cristo, se torna filho de Deus e herdeiro de Deus (Gl 4.6-7). É no coração que Deus derrama seu amor (Rm 5.5).

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