Os temas da sequência da nossa aula são: A ressurreição do corpo e a igreja. Vamos ao nosso décimo primeiro assunto.
21 – O CORPO E A
RESSURREIÇÃO
"Cremos...na santa igreja católica (universal), na comunhão dos santos, na ressurreição do corpo, na vida eterna, amém" - Credo Apostólico.
A Bíblia como um todo
tem uma visão grandiosa do ser humano,
com um rico vocabulário que é usado para o definir, descrever e
apresentar. No texto hebraico do Antigo Testamento, o ser humano foi criado
diretamente por Deus. A nomenclatura elementar do ser humano no hebraico é o
termo - “basar”- para o corpo físico ou carne- nefesh – para a alma e “ruah”
para o espírito. Há também o termo “gueviáh, para o corpo. É uma nomenclatura
elementar, porque estes termos possuem muitos outros significados, mas estão
sendo apresentados de forma simplificada para podermos comparar com a
nomenclatura do Novo Testamento.
20.1 – SOMA – O
VOCÁBULO QUE SIGNIFICA CORPO
É o vocábulo mais
usado para definir ou falar do corpo humano.
Existe uma espécie de chavão na linguagem popular evangélica, que diz
que “nós somo um corpo, mas somos um espírito, que possuiu uma alma e que
habita em um corpo”. Este não é um conceito bíblico, pois na linguagem bíblica
o ser humano é uma unidade composta, onde o corpo não apenas uma capa ou casca
externa.
O corpo é tão importante que há de ressuscitar, tanto os crentes num corpo glorioso e incorruptível, como os ímpios na ressurreição para o juízo. O soma (corpo) é a própria pessoa, e é uma das dignidades da pessoa que não deveria ser desonrado (Rm 1.24). O corpo é a pessoa e a pessoa é o corpo, pois o corpo se constitui na própria imagem pessoal (Rm 4.19). Entregar o corpo é entregar a si mesmo, como no casamento (1Cor 7.4; 6. 13-20). O corpo deve fazer parte do culto a Deus, pois deve ser apresentado como sacrifício vivo a Deus, junto com a transformação da mente (Rm 12.2), isto significa entregar todo o ser a Deus. O apóstolo Paulo fala em “Cristo ser engrandecido no meu corpo”, isto quer dizer que Cristo é honrado e glorificado quando nos entregamos totalmente ao Senhor, seja vivendo ou morrendo para ele (Fp 1.20). Quem controla o corpo, controla a si mesmo (1Cor 9.27). Portanto, o soma (corpo) é um elemento essencial do ser e não algo inútil e sem importância.
20.3 – O CORPO E SUA FRAQUEZA
O corpo foi atingido pela queda, por isso precisa ser redimido e não apenas a alma como muitos ensinam (Rm 6.6; 7.14-24), pois a redenção tem como alvo a ressurreição do corpo (glorificação) e não a eternidade da alma. Na eternidade, continuaremos sendo um corpo (1Cor 15.35-44). O corpo antes da glorificação é o que pratica ações e desejos mais, porque todo o ser, e não só corpo, pertence à esfera da carne (natureza humana) que é inimiga de Deus a vendida ao pecado. O corpo (soma) do cristão, continua fraco e exposto à tentação, pois todo o ser está inclinado para o mal e corrompido pelo pecado e por isso a necessidade de lutar pela integridade, pureza e santidade (1Cor 2.14; 2Cor 4.7-18; 12.7-10; 1Ts 5.23).
20.4 – O CORPO E O PECADO
O corpo é carne corruptível e precisa ser redimido, e não é no corpo que a pessoa encontra sua verdadeira vida, nem satisfazendo os desejos do corpo ela encontra a realização e a felicidade (Rm 6.12; 8.11; 2 cor 4.11). Paulo fala que o corpo, é o “corpo desta morte” (Rm 7.24). O corpo é o instrumento da carne (sarx), desejos pecaminosos vindos da natureza humana caída.
O pecado reina por meio do corpo, ele é instrumento do pecado e Paulo fala de “corpo de pecado”, por isso o corpo precisa ser mortificado, isto é as obras do corpo (Rm 6.6; 8.13).
20.5 – O CORPO E A
VIDA ESPIRITUAL
O cristão deve se
submeter sempre o seu corpo em disciplina severa para vencer o pecado, pois o pecado
se consuma com o corpo, no corpo e por meio do corpo (1Cor 9.27; Gl 6.17). É
preciso lembrar que qualquer sacrifício, entrega ou culto apenas com o corpo,
sem as faculdades existências do ser, são inúteis como vida espiritual
significativa (1Cor 13.3). O corpo dos crentes é o templo do Espírito Santo (1Cor 3.16ss; 6.19), por isso, crente deve possuir seu corpo em santidade e reverência (1Cor 6.13). Na ressurreição dos mortos ele será totalmente transformado e glorificado (1Cor 15.44-49; Fp 3.21; 2 Cor 3.18).
20.6 – A RESSURREIÇÃO É A RESSURREIÇÃO DO CORPO
A grande esperança do
crente é a ressurreição corpo, no Credo Apostólico uma das afirmações diz:
“Creio na Ressurreição do corpo, na vida eterna...”. Paulo distingue o corpo
terreno do corpo da ressurreição. Um é corrompido o outro é incorruptível. Um é
sujeito à morte, o outro é eterno. Um é da terra, o outro é celeste (1Cor
15.40-50).
20.7 – O SENHOR JESUS
EM SUA HUMANIDADE ASSUMIU UM CORPO HUMANO
O próprio Senhor
Jesus encarnou, ou seja, veio ao mundo e era uma pessoa real, um corpo real de
carne e tudo o que compõe um ser humano (Rm 8.3; Fp 2.7; Col 1.22; Ef 2.14; 1Tm
3.16; João 1.13; 1 Jo 4.2; 2 Jo v.7 – principalmente nos Evangelhos, em relação
à sua morte – Mc 15.43-45; Mt 26.12; João 19.38ss – ver Rm 7.4; Hb 10.5,10; 1Pe
2.24). Jesus ressuscitou num corpo, isto
é, ele ressuscitou de fato (Lc 24.3,23; João 20.12; João 2.19-21).
Jesus partilhou da
corporal do ser humano, teve um corpo humano, foi humano. Paulo diz que segundo
a carne, diz ele Paulo, ele descende dos patriarcas e da posteridade de Davi
(Rm 1.3; 9.5), nascido de uma mulher (Gl 4.4). Ele era feito da mesma constituição humana que
qualquer homem, pois estava sujeito à fome (Mt 4.2), ao cansaço físico (João
4.6), à sede (Jo 4.7), ao sono (Mc 4.38), e como nos relatos da paixão, estava
sujeito ao sofrimento. João fala da “Carne” (Jo 1.14) e depois lança um ataque
aos que negam que “Jesus veio em carne” (1Jo 4.2; 2 Jo v.7).
20.8 – A RESSURREIÇÃO
E A GLORIFICAÇÃO DE JESUS, INCLUIU A RESSURREIÇÃO E A GLORIFICAÇÃO DO CORPO
A glorificação inclui
a ressurreição do corpo, ou é a glorificação do corpo (Rom 8.23). O corpo, portanto, não é um obstáculo para a
realização da vida espiritual. Obvio que pode se tornar um empecilho, mas não é
um obstáculo em si mesmo. O Novo Testamento não reconhece a ideia gnóstica de
que o corpo é mau e a alma é boa. Corpo e alma necessitam de redenção.
20.9 - A REDENÇÃO
PELA É A RESSURREIÇÃO E A GLORIFICAÇÃO DO CORPO
O corpo ressurreto
será à imagem do corpo de Jesus ressuscitado e glorificado (Col 1.18; At 3.15;
Rm 8.29; Ef 4.13).A ressurreição (glorificação) envolverá necessariamente a existência de um corpo (soma), mas não é uma existência carnal, pois carne e sangue não herdarão a glória (1Cor 15.44).
A redenção não significa meramente a salvação da alma ou do espírito, pelo contrário, a ênfase bíblica sempre é a redenção do ser humano, isto é, do corpo.
20.1.9 – A
RESSURREIÇÃO DE JESUS É A GARANTIA DA RESSURREIÇÃO DO CRENTE
A ressurreição de Jesus é o que garante a
nossa.
Em Betânia, o corpo
de Jesus é ungido para a sepultura (Mt 26.12). Ele morreu numa cruz (Mt 27.50)
e seu corpo é sepultado (Mt 27.58ss e João 19.38ss). A morte é o destino de
todos os humanos e este foi o destino de Jesus, mas sua morte teve um significado
especial, pois, houve salvação sobre a cruz. Ali, Jesus carregou nossos pecados
no seu corpo (1 Pe 2.24). Deus nos reconciliou no seu corpo de carne
entregando-o à morte (Col 1.22). O corpo
de Cristo é o verdadeiro cordeiro pascal (1Cor 5.7). O corpo de Jesus foi o
instrumento de nossa redenção, do seu lado transpassado jorram o “sangue e a
água” (João 19.33ss). Na Carta aos Hebreus, esta doutrina se torna mais
explícita ainda, por na sua entrada no mundo, Deus lhe dá ou lhe forma um corpo
(He 10.5) e finalmente é “pela oblação” ou “pela oferta de seu corpo”, ele nos
santificou de uma vez por todas (Hb 10.10).
20.10 – A RESSURREIÇÃO É A GLORIFICAÇÃO DO CORPO
O ministério de Jesus
passa por sua morte corporal e consuma-se com a ressurreição de seu corpo. Os
evangelho acentuam estes fato e as aparições do corpo de Cristo ressuscitado é
testemunhado (Lc 24.39-42; Jo 20.27). Após a ressurreição, seu corpo não está
mais sujeito às mesmas limitações e
condições de existência de antes da paixão (João 20.19-26). Não é mais um corpo
natural (termo grego psyquico), mas é um corpo espiritual (termo grego
pneumáticos). O novo corpo é um corpo de glória (Fp 3.21). Aqui está o sentido
sublime e sagrado do corpo de Jesus na
revelação do plano de salvação e no século futuro que foi inaugurado com a
encarnação de Cristo e teve sua confirmação na sua ressurreição. Este corpo que
era o templo, lugar de habitação da plenitude da divindade, que foi destruído e
depois reconstruído em três dias. Agora seu corpo ressuscitado substitui o
antigo templo, como sinal da presença de Deus entre os seres humanos (João
2.18-22).
20.11 - A IGREJA COMO
CORPO DE CRISTO NA TERRA
É pela participação
na Ceia do Senhor que o crente toma consciência de que a igreja, isto é, nós,
somos o corpo de Cristo (1cor 10.16ss).
20.12 – O CRENTE E
SANTIDADE DO CORPO
O crente está unido a Cristo de maneira muito
realista; somos verdadeiramente seus membros e por isso devemos andar em
santidade absoluta, especialmente no que se relaciona ao corpo. Quem se entrega, por exemplo, à imoralidade “toma
um membro do corpo de Cristo participante da imoralidade’ ( (1Cor 6.15). O
apóstolo Paulo ainda diz que a igreja forma um corpo (1Cor 12.12). Que somos
membros uns dos outros (Rm 12.5). Esta é uma realidade que ultrapassa a simples
metáfora (1Cor 12.14-26).
20.13 – A IGREJA COMO
CORPO DE CRISTO É SUA PLENITUDE
No corpo de Cristo, cada crente tem uma função
particular, em vista à edificação da igreja (1Cor 12.27-30 Rm 12.4). Em torno
ao corpo ressuscitado (glorificado) de Jesus realiza-se a unidade dos crentes,
chamados a se agregar a esse corpo. Cristo é cabeça do corpo, portanto, cabeça
da igreja (Col 1.18; Ef 1.22). A igreja, sendo o corpo de Cristo é sua
plenitude (Ef 1.23; Col 1.24). É Cristo,
como cabeça que garante a unidade deste corpo (Col 2.19). Neste corpo todos
somos membros (Ef 5.30). Sendo o corpo de Cristo e sendo uma unidade, o povo
redimido, forma o “novo homem” (Ef 2.14-16), isto significa, provavelmente, uma
nova humanidade.
20.14 – NO FIM DE
TUDO A IGREJA, ISTO É, NÓS SEREMOS COMO CRISTO
Quando falamos que somos o corpo de Cristo, de maneira nenhuma eu posso omitir que na verdade somos "parte do corpo" e não corpo individual. A igreja é a "comunhão dos santos". A frase tão repetida hoje, "eu sou a igreja", não é tão verdadeira assim, aliás, não é nada verdadeira. Você é a igreja, na medida que "faz parte da igreja." Individualmente, somos filhos de Deus, justificados, santificados e eleitos para a gloria e glorificação. Sendo igreja, estamos participando da "comunhão dos santos" e estamos em Cristo.
Estando em Cristo,
feitos seus membros e templos do Espírito Santo (1Cor 6.19), nossos corpos são
chamados à santificação e dedicação à Cristo. Eles ressuscitarão e Cristo
“transformará nossos corpos de miséria para conformá-los ao seu corpo de glória
(Fp 3.20ss). Assim se completará nossa redenção, em nossa ressurreição na
semelhança da ressurreição do nosso Senhor.
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