segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Aula - Teologia do Novo Testamento - Chave Teológica e Síntese entre os Testamentos


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TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO

1-  INTRODUÇÃO
O Novo Testamento é a última revelação escrita de Deus que tem sua origem no Antigo Testamento. O Novo Testamento é a realização e o cumprimento do Antigo. O conceito de revelação progressiva é familiar na interpretação do Antigo Testamento e também na área da relação entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento. A revelação cristã é, obviamente, um avanço sobre a revelação do Antigo Testamento. Com Cristo, o sistema de culto do Antigo Testamento se tomou obsoleto, como a epístola aos Hebreus deixa claro. A prática, mas seus princípios. A forma, mas não seu espírito. Pois todo o sistema está em vigência na pessoa e obra de Cristo, pois é nele que todo aquele sistema encontra seu cumprimento. Neste sentido, não é correta a afirmação de que o Antigo Testamento caducou. Esta afirmação invalida o Antigo Testamento e invalida a Lei. A Lei em sua parte cerimonial teve todo o seu cumprimento em Cristo, da qual era sombra. A Lei civil era nacional e como o antigo Israel passou, assim ela perdeu também sua aplicação. A Lei moral, todavia, era e continua sendo o padrão de santidade para o cristão.

Mas será mesmo que há um desenvolvimento doutrinário dentro do Novo Testamento, uma vez que os escritos foram feitos em pouco tempo, e me muitos casos em tempo paralelo? Uma área óbvia em que isso é inegável é a diferença entre os Evangelhos e o restante do Novo Testamento.

Antes da morte e ressurreição de Cristo, a revelação dada aos discípulos era limitada. Pela natureza do caso, Jesus não podia dar uma explicação plena acerca de sua própria morte aos discípulos até que eles tivessem compreendido o fato da ressurreição. Mas, depois da ressurreição, os pregadores apostólicos foram guiados a uma compreensão dela, com uma rica variedade.

A compreensão da pessoa de Cristo não aconteceu de modo cataclísmico. Ela parece ter sido revelada por etapas. É de grande importância ter isso em mente, para evitar o erro de procurar afirmações desenvolvidas de doutrina onde o desenvolvimento ainda não tinha ocorrido.

 2 -  A CHAVE TEOLÓGICA DO NOVO TESTAMENTO.

2.1 – O SENHOR JESUS É A CHAVE PARA A INTERPRETAÇÃO.

A figura-chave na teologia do Novo Testamento é a pessoa de  Jesus Cristo. É necessário pouco esforço para demonstrar que Jesus Cristo é a principal força aglutinadora do pensamento do Novo Testamento. No entanto, esse fato, por si mesmo, não é suficiente para estabelecer a unidade básica do Novo Testamento, pois aparentemente não há uma unidade de pensamento e interpretação sobre a pessoa e obra de Cristo nos livros do Novo Testamento. Isso acontece, justamente pela riqueza do tema e pelo pouquíssimo tempo em que foram escritos. Devemos lembrar que a maioria dos escritos do NT, foram cartas de instruções às igrejas.

Enquanto muitos estudiosos viram “várias cristologias”, o que vemos são  vários aspectos da cristologia.

2.2 – O SENHOR JESUS E A NECESSIDADE DE COMPREENDÊ-LO.

Nenhuma parte do NT é inteligível sem a compreensão de como Cristo é retratado nela. Cada parte faz alguma contribuição, embora algumas sejam menos incisivas acerca de cristologia, como a carta de Tiago, por exemplo. A variedade de descrições acerca da obra de Jesus Cristo apresenta um quadro enriquecido, mas todas as ideias se referem à mesma pessoa que viveu, morreu e ressuscitou. Há diferentes retratos do mesmo Jesus. Algumas afirmações apresentam seu ofício messiânico, algumas seu reino majestoso, outras seu senhorio, outras sua humanidade, outras sua atividade criadora, e muitos outros aspectos.  A verdade é que a teologia do NT é, essencialmente, teologia acerca de Jesus Cristo. E por essa razão que a cristologia é a doutrina primária a ser considerada. Isso não acontece por causa de alguma influência dogmática, mas puramente porque é mais lógico procurar nele, que se tomou o centro da fé cristã. A cristologia, é por tanto,  a unidade básica para o NT.

 3 - A IMPORTÂNCIA DA OBRA E DA MISSÃO DE CRISTO.

3.1 – A GRAÇA E SUA RIQUEZA REVELADAS EM CRISTO.
Se o Novo Testamento simplesmente focaliza nossa atenção sobre os vários aspectos de Cristo, exibindo-o em sua rica e poderosa variedade, isso não seria suficiente a menos que nos dissesse alguma coisa acerca de sua relevância para o homem. Portanto, a obra de Cristo, ou seja, a sua atividade salvadora deve estar vinculada à sua pessoa.
Encontramos também muitas expressões diferentes dentro do Novo Testamento e muitas declarações de que por meio da obra e méritos de Cristo, o ser humano é capacitado a se achegar a Deus, mesmo considerando que o pecado causou tamanha perturbação no relacionamento. Todos os ricos aspectos das doutrinas da graça e da expiação são fundamentais para uma compreensão da unidade do Novo Testamento em seu aspecto teológico e doutrinário.

3.2 – A SALVAÇÃO VEM DE DEUS POR MEIO DE CRISTO
A linha doutrinária do Novo Testamento é a salvação em Cristo. Podemos afirmar então que o tema central é Cristo, que veio ao mundo para salvar os pecadores da perdição eterna, como obra do amor de Deus. 
Esta abordagem teocêntrica do Novo Testamento, verá Deus, em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo e fazendo essa atividade conhecida de várias maneiras, mas sempre do ponto de vista da iniciativa divina. A salvação em toda a Escritura, é centralizada nos atos de Deus na História, mas também, sendo a explicação daqueles atos de Deus expressos por meio do ser humano e para a humanidade.

 3.3 – DEUS AGE NO SER HUMANO
 O Antigo Testamento mostrava Deus agindo em pessoas em favor da uma nação. No Novo Testamento vemos  a expressão da atividade de Deus no crente, tanto individual quanto corporativamente, tanto no presente quanto no futuro.

 4 - O NOVO TESTAMENTO MOSTRA CRISTO SENDO A REALIDADE ONDE NO ANTIGO ERA SOMBRA.
4.1 – A APLICAÇÃO DO ANTIGO NO NOVO TESTAMENTO
Este tópico é de suma importância, por qualquer aplicação do Antigo Testamento tem que necessariamente passar por Cristo e sua obra.
Uma das influências mais poderosas do pensamento dos cristãos primitivos era a convicção de que aquilo que havia sido predito pelos profetas hebreus se cumpriu em Jesus Cristo.

4.2 – A CONTINUIDADE DO ANTIGO NO NOVO TESTAMENTO
Embora haja variação na ênfase dada a esse tema, ele está presente na maioria dos livros do Novo Testamento  e, sem dúvida, forma um forte vínculo entre as fontes de ensino. Isso se refere não somente às citações do AT, mas também à aplicação de muitos conceitos do AT a Jesus Cristo. A ideia de cumprimento garantiu uma medida considerável de continuidade, pois o AT servia como uma verificação de amplas variações de interpretação.

 5 - A DOUTRINA DA IGREJA.
5.1 – A COMUNIDADE NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO
No Antigo Testamento o povo de Deus era uma nação, no novo Testamento é uma comunidade formada por pessoas de todas as etnias ou de todas as nações. Não mais um povo de uma nacionalidade específica, mas traz a  ideia de comunidade. Outra declaração é que todos os cristãos (aqueles que estão em Cristo) estão unidos em uma comunidade.

5.2 –  OS CRENTES FORMAM A COMUNIDADE DOS SALVOS
Essa ideia percorre toda a literatura do NT. O corpo de crentes, a Igreja de Cristo, é vista tanto em suas dimensões locais quanto em suas dimensões universais. Não há sugestão de que cada grupo pudesse forjar sua própria posição teológica. De fato, o oposto está mais próximo da verdade, em vista das advertências contra certos erros ou práticas que teriam causado dissensões se tivessem sido tolerados. Há um pressuposto básico no Novo Testamento de que os crentes deviam formar uma unidade, e isso, por si mesmo, pressupõe que havia uma concordância geral acerca das doutrinas básicas.

5.3 – A IGREJA É O CORPO DE CRISTO
 O corpo de Cristo nunca é apresentado como uma coleção de grupos eclesiásticos soltos que careciam de entendimento daquilo que queriam dizer.

 
6 - A DOUTRINA DA ESPERANÇA FUTURA.
6.1 – A ESPERANÇA E A DEMORA DA VINDA DO SENHOR
Sem qualquer voz discrepante, o NT dá testemunho da firme convicção de que Jesus retomará. Os detalhes são mais claros em alguns livros do que em outros, mas a linha de esperança escatológica percorre fortemente a fé dos cristãos primitivos. Esse fato é mais importante do que os problemas levantados pela demora da vinda do Senhor.

6.2 – AS PROMESSAS SERÃO CUMPRIDAS
Além disso, há uma firme crença de que muitas das promessas alcançarão seu cumprimento apenas em uma era futura. Essa compreensão de que o futuro detém a chave do presente pode ser apresentada como uma característica predominante da fé do NT.

 7 - O  ESPÍRITO SANTO COMO PESSOA DIVINA.
7.1 – A ATIVIDADE DO ESPÍRITO SANTO
Uma das características mais marcantes da literatura do Novo Testamento é a atividade penetrante do Espírito Santo. Houve, sem dúvida, uma forte dependência da obra do Espírito Santo desde a encarnação de Cristo até os vários estágios de desenvolvimento da igreja e, embora haja diferentes ênfases, há uma consistência notável acerca disso.
7.2 –  A PRESENÇA DO ESPÍRITO SANTO
A teologia do Novo Testamento é delimitada pelo vínculo do Espírito. O Espírito Santo no Antigo Testamento é uma presença constante, como Espírito de Deus, mas no Novo, sua atuação é distinguida como uma pessoa divina.

 8 - O CONTEXTO DO ANTIGO TESTAMENTO
8.1 – O ANTIGO É CITADO NO NOVO O QUE COMPROVA UM E OUTRO
Está claro, na maioria dos panoramas superficiais da literatura do Novo Testamento, que existe uma íntima relação entre o Antigo e o Novo. As tentativas de dispensar o primeiro conduzirão a uma distorção do segundo. O considerável número de citações do Antigo Testamento que aparecem no Novo, dá um testemunho impressionante da importância atribuída à continuidade entre a Era Cristã e o Antigo.

8.2 – O VÍNCULO ENTRE OS TESTAMENTOS
O tema de promessa e cumprimento vincula os dois. A Escritura da Igreja Primitiva era o Antigo Testamento, e era de esperar que os apóstolos baseassem grande parte de sua exegese nas predições do Antigo Testamento. Contudo, por mais importantes que sejam, as citações do Antigo no Novo Testamento,  não constituem a maior contribuição dos estudos do Antigo para a teologia do Novo Testamento ; a maior contribuição é a nova roupagem dada aos conceitos vetero-testamentários, que foram assimilados e revestidos de um novo significado por Jesus e pelos apóstolos.

8.3 – A ESTIMA DE JESUS PELO ANTIGO TESTAMENTO
Somente uma apreciação do uso do Antigo pode explicar muitos conceitos do Novo Testamento.
Vários métodos são usados nas citações do Antigo no Novo, por meio dos quais a ideia de autoridade brilha claramente. Não há dúvida de que os escritores do Novo Testamento faziam a mesma abordagem que os mestres judaicos da inspiração do texto. Certamente Jesus tinha uma elevada estima pela Escritura, e as epístolas mostram que essa estima foi compartilhada pelos apóstolos.

8.4 – A AUTORIDADE DO ANTIGO TESTAMENTO AFERIDA PELO NOVO
A frequência com que ocorre a fórmula “está escrito” demonstra o poderoso efeito que se considerava que o Antigo  tinha sobre as verdades do Novo Testamento, que alegadamente se apoiava sobre o Antigo. Isso é característico, principalmente, das epístolas de Paulo. Em alguns casos, isso não depende sequer da relevância do contexto original. Um notável exemplo é o agrupamento de vários textos acerca de um tema comum, como vemos em Romanos 3. Um exemplo semelhante da autoridade dos textos do Antigo Testamento é visto no uso frequente que Mateus faz da fórmula  “isso aconteceu para se cumprir a Escritura”  ou fórmulas análogas, para mostrar uma variedade de maneiras nas quais o AT foi cumprido no ministério de Jesus. Nenhum intérprete da teologia do NT pode deixar de lado a importante contribuição do AT na formação do NT.  Neste sentido, a Carta aos Hebreus é de grande importância por sua forma de tratar o problema da interpretação do AT. A contribuição dessa epístola para a teologia do NT é, sem dúvida, profundamente influenciada por sua abordagem a esse tema.

8.5 –  A NECESSIDADE DO USO DO ANTIGO TESTAMENTO
 O conceito do sumo sacerdócio de Cristo, por exemplo, encontra sua base no culto do AT, muito embora seja visto como superior à antiga ordem sacerdotal.  Embora, em certo sentido, a inadequação do culto do AT seja geralmente refletida no NT, não há qualquer sugestão de que o AT possa ser ignorado. Significativamente, a primeira pessoa a cair nessa armadilha acabou formulando um conceito totalmente inadequado da teologia cristã. A tentativa feita por Marcião, na igreja do segundo século, de dispensar o AT encontrou firme resistência por parte dos líderes cristãos ortodoxos, que reconheceram os perigos dessa abordagem.

8.6 – A NECESSIDADE DE COMPREENDER O ANTIGO TESTAMENTO
A necessidade que o teólogo tem de definir sua compreensão da relação entre a revelação do AT e a revelação do NT  é mais forte do que no caso da relação entre a teologia do NT e qualquer outro dos estudos contextuais, por causa do caráter autoritativo do AT. Esse caráter autoritativo não pode ser colocado em pé de igualdade com os estudos rabínicos, os estudos de Qumran e os estudos filosóficos, por exemplo, pois em nenhum lugar o NT dá a qualquer desses estudos uma autoridade comparável. Aliás, nenhum deles é sequer mencionado. O AT não pode ser considerado simplesmente como uma fonte entre muitas outras, pois ele é único entre todos os estudos contextuais. Isso requer que o teólogo do NT tente explicar a continuidade tanto quanto as diferenças entre o AT e o NT.
Por enquanto, é suficiente dizer que uma ideia de revelação progressiva que veja um avanço na teologia do NT sobre a teologia do AT, pelo menos em vários aspectos importantes, parece inevitável se quisermos ver a plena glória da revelação da verdade de Deus em Cristo.

8.7 – JOÃO BATISTA É A TRANSIÇÃO ENTRE A ANTIGO SISTEMA E O NOVO
Uma importante colaboração, aqui, é a posição de João Batista. Ele aparece no papel de um profeta do AT, aliás, o último dos grandes profetas. Sua missão é anunciar a vinda de uma nova era. Ao fazer isso, ele anuncia a diminuição de sua própria importância e o aumento da importância do Messias. Embora ele dê testemunho de sua própria indignidade, a importância de seu ofício está em seu vínculo entre a antiga ordem e a nova. É importante que Jesus tenha relacionado João Batista entre os maiores nascidos de mulher, uma boa lembrança de como Jesus via o ofício profético de João Batista. Além disso, em sua pregação inicial, Jesus proclamou o mesmo tema que João Batista - arrependei-vos, pois o reino está próximo. O devido valor deve ser dado ao ministério e ao testemunho de João Batista como prelúdio para uma correta compreensão do ministério de Jesus.

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