Aula em julho de 2015
Como continuação da aula anterior vamos ao nosso tem número nove.
9 - DEUS NO NOVO
TESTAMENTO
9.1 – NÃO HÁ
NECESSIDADE DE PROVAR RACIONALMENTE A EXISTÊNCIA DE DEUSAssim como no Antigo, O Novo Testamento não faz nenhuma tentativa de provar a existência de Deus por meio de métodos ou formas afirmativas ou demonstrativas. Nem o Antigo, nem o Novo Testamento são dominados por uma abordagem puramente intelectual. Quando Jesus faz, por exemplo fala sobre a pessoa de Deus Pai ele simplesmente afirma sua existência (ver por exemplo João 4.24). Quando Filipe pede “mostra-nos o Pai, Jesus diz: “há tanto tempo estou convosco, e não me tendes conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”
9.2 – TANTO NO ANTIGO QUANTO NO NOVO TESTAMENTO, DEUS É APRESENTADO COMO CRIADOR DE TODAS AS COISAS
A visão de Deus no Novo Testamento acompanha a do Antigo, que confessa e crê que ele é o criador de todas as coisas e também o sustentador da criação. Os céus e a terra são obra de suas mãos onde ele intervém porque é soberano absoluto.
No judaísmo, durante o período intertestamental, desenvolveu-se uma doutrina sobre Deus que o fazia tão transcendente que o separava de um contato com os seres humanos. A abordagem de Deus por Jesus, tem relação com a revelação do Antigo Testamento, não com o pensamento judaico da época.
9.3 – DEUS SE
RELACIONA COM O SER HUMANO
A doutrina de Deus no
Novo Testamento, não apoia esta ideia de transcendência divina do judaísmo, mas
mostra um Deus majestoso e santo e que
se relaciona com aqueles que o buscam.
Esta face divina e seu relacionamento, principalmente com o necessitado,
se encontra no Antigo Testamento de forma clara (ver Is 57.15; Sl 146.5-10).No Antigo Testamento fica claro que Deus se relaciona de forma direta com o ser humano, estabelecendo alianças e pactos com base unicamente em seu amor. A expressão “Deus é amor” de João (1 João 4.8), não é um conceito exclusivo do Novo Testamento, mas em todo o Antigo Testamento esta verdade é demonstrada. O amor de Deus tanto no Antigo como no Novo Testamento, não é do tipo sentimental, mas é um amor redentor. Não é apresentado um motivo para o amor de Deus a não ser sua própria natureza. É um atributo divino.
10.2 – DEUS É UM PAI AMOROSO
Deus não apenas tolera e age no ser humano por misericórdia como muitos talvez pensam, ele age com amor. Este é o ensino surpreendente do Novo Testamento. Ao mesmo tempo que ele é o Todo-Poderoso, ele é também o Pai amoroso. Além do ensino do Senhor Jesus nos evangelhos sobre a paternidade amorosa de Deus, o apóstolo Paulo, em todas as cartas chama de Deus de Pai.
Esta combinação conceitual de Deus como Todo Poderoso e sua paternidade amorosa, foi muito bem definida por William Barclay que escreveu: “obtemos a ideia completa e acabada de Deus como um Deus cujo poder é sempre motivado pelo seu amor, cujo amor é sempre apoiado pelo seu poder.” É do apóstolo Paulo que nos vem uma declaração grandiosa sobre a prova do amor de Deus: “Deus prova seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Isto certamente é muito estranho ao ser humano, pois se ama conforme o que a outra pessoa pode retribuir.
10.3 - A GRAÇA DE DEUS RESUME A AÇÃO REDENTORA DE
DEUS
O amor de Deus é
gracioso e gratuito, pois não como pagar este amor. A mera tentativa em tentar
pagar, seria uma ofensa ao amor e à graça de Deus - “E,
se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça.”
(Rom 11.6). Enquanto o ser humano ainda estava na escravidão do pecado e,
assim, indigno aos olhos de Deus, Cristo morreu por ele, no lugar dele. Esse é um ensino essencial nas cartas paulinas e está por trás de todo o seu ensinamento sobre a salvação.
Este amor envolve a própria Trindade Santa, pois Deus ama, envia seu Filho, que vem por amor e este amor é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo (Rm 5.5). 10.4 - Deus sendo Todo-Poderoso, o seu amor é todo-poderoso em sua operação. Este amor é tão grande que nada pode nos separar dele (Rm 8.38-39). As bênçãos que recebemos são parte do amor de Deus (2Cor 13.13 – em algumas versões 13.14). Os que creem em Jesus, são “filhos amados de Des” (Ef 5.1 ver Ef 2.4). A sua misericórdia é o seu amor fluindo, e toda a obra de Cristo é por misericórdia, ou seja, por causa de seu amor (Tt 3.5; ! Cor 7.25; 2Cor 4.1 e 1Tm 1.13-16).
10.4 – DEUS É RICO EM
MISERICÓRDIA
O amor de Deus em nada se parece com o amor humano e sua sabedoria
é estranha à busca de conhecimento e sabedoria pelo ser humano, especialmente
os ocidentais. O seu amor o leva a agir no ser humano, mas ele age em pessoas
não promissoras, não especiais, não excelentes. Por ser rico em misericórdia,
ele estende a mão aos que não merecem, aos pecadores, os piores, os fracos.
10.5 – A OPÇÃO DE DEUS PELO PECADOR E SUA PROVISÃO NA CRUZ
O ser humano sempre busca seu próprio benefício e quando busca um
relacionamento, seja de que tipo for busca alguém ou aquelas pessoas que ele
julga melhores. Deus contraria totalmente estas práticas. Ele chama pessoas que
não impressionam sob nenhum aspecto humano. Ele busca os piores e não os
melhores. Mas ele não as deixa na pior, elas são chamadas para a transformação.
Para a santidade (1Cor 1.20-28; 3.19 e 1Ts 4.7).
Em seu amor infinito. Ele provê o que os pecadores precisam para
que possam experimentar a salvação. Este é o significado da morte de Cristo na
cruz. A cruz de Cristo como único meio de salvação foi a obra máxima do amor de
Deus pelo pecador.
Na pregação da igreja apostólica, a doutrina de Deus como criador de todas as coisas estava incluída como parte essencial. O apóstolo Paulo em sua pregação em Atenas, falou de sua fé no “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra” (At 17.29 ver também At 14.15).
Paulo também fala que a criação mostra o caráter de Deus (Rm 1.20). Paulo declara que todas as coisas foram feitas por Deus, e assim ele é a origem de tudo (Rm 11.36; 1 Cor 8.6; 11.12 e Ef 3.9).
Em todo o Novo
Testamento é feito esta declaração de fé, de que Deus não apenas criou todas as
coisas, mas tudo foi obra da vontade de Deus (Ap 10.6).
11.2 – A CRIAÇÃO É OBRA DA TRINDADE SANTA
O Novo Testamento,
traz uma revelação sobre a criação – que tudo foi criado por meio de Cristo e
para Cristo (ver João 1.3). O ato da criação é feito na unidade da Trindade. Em
Gênesis, a cena da criação apresenta Deus, “no princípio Deus” e apresenta o
Espírito Santo, “ e o Espírito de Deus pairava..” (Gn 1.1-2). A criação no Novo
Testamento é incluída na redenção em Cristo, necessitando ser resgatada da
maldição (Rom 8.19-23).
A paternidade amorosa é o conceito mais característico do Novo Testamento sobre Deus, especialmente do Senhor Jesus, o filho amado do Pai celestial. O mundo pagão sempre temeu seus desuses e a ideia que Jesus traz sobre Deus sobre paternidade amorosa, traz para a relação do ser humano com Deus um elemento de intimidade exclusivo. Este ensino de Deus como pai já aparece no Antigo Testamento, mas é uma ideia nacional, Deus é o pai de seu povo enquanto nação. Deus como pai relacional é a novidade divina no Novo Testamento.
12.2 – O RELACIONAMENTO PATERNO DE DEUS É EXCLUSIVO
COM OS QUE FORAM ADOTADOS EM CRISTO
Este relacionamento
paterno de Deus é exclusivo aos que são chamados filhos de Deus, isto é aqueles
que creem em Jesus. Jesus como Filho único do Pai celeste, é o objeto do amor
do Pai – este amor se estende a todos aqueles que recebem o filho como Senhor.
Esta é a doutrina da adoção – ver João 1.12; João 3.16; Rm 8.14-17.
12.3 – O AMOR DO PAI
PELO FILHO
Não há maior amor do
que o amor de Deus por seu filho. Aqui encontramos a maior excelência. A maior perfeição de todas, o sentimento mais excelente, a
mais excelente afeição do universo, é o amor do Pai pelo Filho. Esta afeição
eternamente bela e perfeita nos alcançou e se historificou na Cruz de Cristo.
Esta é a gênese do amor, a fonte original de todo amor. Com esta afeição
perfeita do Pai pelo Filho, foi que Ele se afeiçoou a nós desde a eternidade.
Este é o amor que ama "de tal maneira". 12.4 - Ele é o filho amado,
somos amados nele (Mt 3.16-17; Col 1.13 - ver também 1 João 3.1; Ef 1.4; 1 João
4.8; João 3.16 e Rom 8.28-39).
13 - O PRESENTE E O FUTURO
13.1 – O AION – O NOME DO TEMPOA linguagem do Novo Testamento para descrever as duas eras – atual e a futura é – século. Este lado da vida, o estado atual é o “presente século”, a eternidade é o “século futuro”. O termo grego é – aion (ver Gl 1.4).
13.2 – OS PODERES DESTE AION
Os poderes deste século ou aion são maus e fazem oposição contra os que servem a Cristo (Ef 6.10-18). No presente século o sofrimento é uma norma da vida (Rom 8.35-38 e Fp 1.26 ss).
13.4 – OS CRENTES NO PRESENTE E A ERA FUTURA
Os crentes mesmo vivendo neste século ou neste mundo, já são cidadãos do século futuro, e vivem na esperança da redenção futura e do estado futuro de vida (1Cor 5.11 e Ef 2.6-7). A era futura, já tem seus efeitos nos filhos de Deus e já começou com a ressurreição e exaltação de Cristo, o filho de Deus ( 1Cor 15.23-25). A consumação final, até onde podemos ir na revelação bíblica, além dos capítulos finais do Apocalipse, será quando todos os inimigos estiverem sujeitos a Cristo, quando ele então entregará o Reino a Deus Pai (1 Cor 15.26-29).
13.5 – O ALVO É A RESSURREIÇÃO
A história da salvação começa na eternidade passada com o decreto da salvação e terá seu alvo ou realização plena neste evento. A morte e a ressurreição de Cristo é o centro deste plano e desta história redentiva. A ressurreição de Cristo é o que fundamenta a ressurreição futura. A ressurreição final dos crentes é um evento futuro para os salvos, mas a ressurreição de Cristo é o evento inicial do que acontecerá no futuro. A ressurreição de Cristo significa que a ressurreição já começou (ler 1Cor 15).
13.6 – A RESSURREIÇÃO COMO DOGMA ESSENCIAL
Esta é a importância de crer na ressurreição do Senhor como um dogma, pois é por causa da fé que ele ressuscitou dentre os mortos que o crente tem certeza que ele também haverá de ressuscitar. Cristo ressuscitando é primícias e esta palavra representa o inicio da colheita. O poder da ressurreição já está em ação na vida do crente hoje o impulsionando ao alvo final da salvação (Ef 1.18-20).
13.7 – A NATUREZA DO CRENTE E O CONFLITO QUE ELE ENFRENTA
A vida do crente é uma tensão entre a carne – sarx – e o espírito – pneuma. A pessoa humana é constituída de – corpo, alma e espírito (soma, psyche e pneuma. Soma é o corpo físico, Sarx é a carne no sentido natureza humana que é caída, corrompida pelo pecado e deste modo há uma batalha entre a carne (sarx – natureza humana) e o espírito (pneuma- vida espiritual) – 1 Ts 5.23; Gl 5.16-25.
13.9 – EMBORA AQUI, NÃO MAIS AQUI
A finitude, a decadência, a fraqueza e até a morte serão exterminadas na vida eterna, o seja, no século vindouro. Os filhos de Deus devem viver nesta era presente, com a esperança e como se estivessem na era futura, embora vivendo neste século (aion), não devem se conformar mais com este século. Seus padrões e motivações de conduta, sua forma de pensar e viver são diferentes, pois para os filhos de Deus os poderes do mundo vindouro já estão presentes (Rom 12.1-2; 1Cor 10.11).
13.10 – O MUNDO ETERNO JÁ COMEÇOU
O crente precisa entender que embora o mundo eterno ainda não tenha chegado em plenitude ele já começou, os poderes do mundo vindouro já estão em operação e é justamente por isso, que precisamos viver debaixo desta nova ordem (2cor 5.16-17).
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