Palestra a pastores em abril de 2014
O SACRÍFICIO DO SENHOR JESUS CRISTO NOS SALVA DA IRA DE DEUS.
Rom 5.8-12
A ira
um dos atributos divinos. . “A ira é a rejeição santa do ser de Deus contra
aquilo que contradiz a sua santidade” (J.Murray). A ira de Deus é santidade em
ação contra o pecado. É sua perfeição contra todas as imperfeições. É sua luz
contra as trevas. É sua pureza lutando contra o que não é puro.
Sem ela, ele deixaria de ser verdadeiramente
santo e seu amor degeneraria em sentimentalismo. Também sua ira não é
arbitrária, caprichosa ou sujeita à emoção, como acontece com o ser humano. A
ira de Deus opera na história quando os homens colhem o fruto moral e
espiritual por rejeitarem a revelação divina (Rm 1.18ss). 1 – A IRA DE DEUS É SUA REAÇÃO JUSTA AO PECADO.
A morte do Senhor Jesus Cristo, nos livra da Ira de Deus (ver 1 Ts 5.9). A ira de Deus não é um capricho divino ou uma emoção divina. Antes, é a sua reação a tudo aquilo que sua santidade, justiça e retidão não podem suportar. A ira divina é sua justiça e retidão em ação. A ira divina tem a ver com o seu amor, pois quem mais ama, mas procura defender aquilo que ama.
Quando o Novo Testamento descreve o sacrifício de Jesus como propiciação e expiação, ele indica especialmente a relação desta propiciação com o próprio Deus. Paulo deixa claro que a primeira e principal consideração não é o fato de sermos justificados, mas o fato de o próprio Deus ser justo.(Romanos 3.25-26). Porque ele é justo, nossa salvação tinha que ser compatível com os requerimentos de sua própria justiça. Assim, a morte de Cristo envolve o aplacamento da ira de Deus, que era dirigida contra nós por causa de nosso pecado. O próprio Cristo suportou isso em nosso lugar. A substituição envolve as duas ideias: a expiação (a remoção da culpa do pecado) e propiciação ( o aplacamento da ira de Deus). O aplacamento da ira de Deus ou a satisfação ou remoção da ira, não significa que a ira foi tirada, como se com o sacrifício de Cristo, Deus então ficasse satisfeito pelo sacrifício oferecido.
Não, é o próprio sacrifício que proporciona a remoção da ira, porque a ira de Deus é justa e santa e é contra o pecado e contra o pecador e tanto o pecado, quanto o pecador são punidos na pessoa de Jesus como substituto. Dessa forma a ira não é tirada, mas desviada do pecador para seu substituo. É isso que significa a satisfação da ira.
O que é e o porque da ira de Deus: A ira de Deus é seu antagonismo ao pecado. Deus é santo e não pode suportar, ver ou conviver com o pecado.
Essencialmente, a ira de Deus é seu antagonismo determinado contra o pecado. Ela é a forma assumida por sua santidade contra a rebelião pecaminosa da criatura, se ele não tivesse ira, nesse contexto, ele não seria mais santo. Ele não seria mais contra o pecado e, logo, não seria mais Deus santo. E um Deus que não seja santo, não é mais Deus. Por isso a ira de Deus é justa. Por isso, a ira de Deus, é santa. É um Deus santo que está irado.
2 – A MORTE DE JESUS CRISTO NA CRUZ SATISFEZ A IRA DE DEUS.
Quem exige a expiação por nosso pecado? É Deus quem reivindica isso.
O pecado ocorre diante dos olhos de Deus. Diante da presença de Deus.
Muitos estudiosos não concordam com esta ideia da ira de Deus que precisa ser satisfeita, mas o testemunho das Escrituras, dizem que a remoção da ira de Deus é um ato do próprio Deus. E não envolve o ser humano, nem a decisão humana, nem um sacrificio do ser humano. Ele mesmo providencia os meios da propiciação.
Não foi um ser humano que foi sacrificado. Em um sentido, obvio, que Jesus era um ser humano, pois somente um ser humano poderia ser punido em lugar e em favor dos outros.
Mas também, ele era Deus. Deus estava na cruz, pois somente Deus, poderia salvar o ser humano.
1 João
4.10 - “Nisto consiste o amor: não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como
propiciação pelos nossos pecados.”
Na
pratica o que isto significou para Cristo? É neste ponto que nos deparamos com
o aspecto mais maravilhoso e profundo da expiação. O sofrimento de Cristo em
nosso lugar incluiu o fato de ele ser sujeito a completa ira de Deus. Nós a
merecíamos.
Ele
assumiu o lugar do condenado. Sofrendo fora dos portões da cidade, ele foi
lançado fora do circulo protetor da Lei. No seu julgamento e nos que se seguiu,
ele suportou não somente a plena sanção da Lei judaica, mas também muitas
outras coisas. A lei prescrevia morte, mas ao sofrer fora do acampamento, no lugar onde os sacrifícios eram queimados completamente, Jesus foi levado a sofrer como alguém a quem a lei exigia apenas isso, como alguém finalmente entregue ao julgamento e a uma provação que ultrapassou todos os poderes da lei, à feroz exação (cobrança de um crime, pena) da ira divina.
Levitico 16.26-28 - 26 E aquele que tiver levado o bode emissário lavará as suas vestes, banhará o seu corpo em água e, depois, entrará no arraial. Mas o novilho e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido para fazer expiação no santuário, serão levados fora do arraial; porém as suas peles, a sua carne e o seu excremento se queimarão.
Hebreus 13.11-13 - Pois aqueles animais cujo sangue é trazido para dentro do Santo dos Santos, pelo sumo sacerdote, como oblação pelo pecado, têm o corpo queimado fora do acampamento. Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério.
3 – NA CRUZ JESUS SOFREU A IRA DE DEUS EM
NOSSO LUGAR.
Ele enfrentou a maldição de Deus contra o transgressor da lei. Ele
suportou o julgamento santo de Deus contra o injusto.Ele foi feito pecado. Ele experimentou o terrível fato de cair mãos do Deus vivo, o qual é fogo consumidor.
Ele tomou o nosso lugar como o culpado, o amaldiçoado, o transgressor do pacto. Ele foi abandonado. Ele clamou “ Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” E ele fez isso voluntariamente porque ele o fez em nosso lugar. Ele o fez por nós.
A propiciação é a prova e a provisão do amor divino. Ela não é cruel e nem caprichosa, mas a manifestação do amor, uma ação amorosa pela qual o propósito gracioso de Deus é posto em efeito de acordo com a sua justiça.
Não é o caso de um Cristo amoroso aplacando um Pai irado. Ao contrário, toda a Trindade estava comprometida em providenciar a nossa salvação, de forma que a morte de Cristo na cruz foi, em si mesma, um amoroso ato do Pai, Filho e Espírito Santo.
Rom 3.25 “ a quem Deus propôs, no eu sangue como propiciação mediante a fé.” / Hebreus 2.7 – “..convinha que em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo.” / 1 João 2.2 – “ele é a propiciação pelos nossos pecados.” / 1João 4.10 – “nisto consiste o amor; não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.”
4 – SOMENTE O SACRIFICIO DE JESUS
PODERIA PAGAR NOSSOS PECADOS.
O
sacrificio de Jesus não é semelhante aos sacrifícios que vemos nos filmes, onde
as pessoas tentam apaziguar a ira de Deus.- A ira de Deus é contra o pecado. - Não conseguimos apaziguar a ira de Deus, mas Deus mesmo satisfaz sua ira através da morte de seu próprio filho, Jesus Cristo.
Satisfação tem a ver com o caráter de Deus o qual nosso pecado ofende. Satisfação significa uma reparação pelo dano feito, fazer emendas, ou providenciar compensação. Não podemos entender a cruz, até que levemos a sério a honra a Deus.
Para entender a cruz devemos começar entendendo a seriedade do pecado. Se não entendermos a seriedade do pecado, consideraremos que tudo o que Deus precisa fazer é nos perdoar e, na verdade, que ele nos deve o perdão.
Pensamos: “nós perdoamos outras pessoas”, pensamos. “por que Deus não deveria apenas nos perdoar”? Voltaire na sua ignorância escreveu: “Deus perdoará; este é o trabalho dele.” Mas Deus não pode “apenas” perdoar, e só pensar assim já é uma ofensa.
Não existem condições humanas nas quais tenhamos o direito de querer que Deus nos perdoe. Anselmo escreveu que se qualquer um imagina que Deus pode simplesmente nos perdoar, aquela pessoa “não tem ainda considerado que peso pesado o pecado é”. Não conseguimos salvação por nós mesmos, porque nós mesmos fomos quem procuramos o problema em primeiro lugar.
E nos o fizemos por causa de nossa rebelião contra os decretos de Deus. Por outro lado, a salvação somente pode ser conseguida pelo ser humano, dada esta situação, a salvação só pode ser conseguida por aquele que é ambos: Deus e ser humano, isto é, por Jesus Cristo.
O pecado é uma ofensa infinita contra o caráter absolutamente justo de Deus e qualquer plano adequado de salvação deve satisfazer a Deus antes de tudo.
Martinho
Lutero: “desde que todos, nascidos em pecado e inimigos de Deus, nada merecemos
a não ser a ira eterna e o inferno de tal forma que tudo que somos e podemos
fazer é detestável, e não há maneira de sair deste apuro..portanto, outro homem
teve de entrar em nosso lugar, a saber Jesus Cristo, Deus e homem, e teve de
satisfazer e fazer pagamento pelo pecado através de seu sofrimento e morte,”
Esta é a propiciação e este é termo que define a obra de Cristo na cruz. Todas
as outras bênçãos.
O sangue de Cristo derramado na cruz, satisfez a justiça divina e
proclamou (vindicou) sua santidade. Aquele que não pode tolerar o pecado, puniu
o pecado em Jesus. Aquele que é santo, pelo sacrifício de Jesus usou este meio
de punir o pecado poupando o pecador. O
pecado do pecador foi castigado, punido em Jesus, assim a justiça de Deus foi
satisfeita e sua ira aplacada. Ele não deixou de punir o pecado. O pecado foi
punido na pessoa santa, justa e sem pecado de Jesus. A ira de Deus não foi
anulada, mas foi lançada sobre aquele que morreu na cruz. “ a propiciação refere-se à remoção da ira de
Deus por prover um substituto. O próprio Deus oferece o substituto. Jesus
Cristo não apenas cancela a ira; ele absorve-a e desvia-a de nós para si mesmo.
A ira de Deus é justa, e foi executada, não retirada.” John Piper
- Sabendo que Jesus nos substituiu sendo nosso sacrifício
devemos servi-lo em santidade.
- Sabendo que Deus mesmo providenciou nossa salvação vivamos
em adoração a ele.
- Sabendo que Deus é santo e que sua ira é contra o pecado –
vivamos longe do pecado. Vivamos em pureza diante dele – não para sermos salvos
– porque ele nos salvou.
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