EXPOSIÇÃO DA
SEGUNDA CARTA DE JOÃO
Esta pequena carta atribuída a João, o apóstolo é
pequena apenas no tamanho mas de um conteúdo fundamental para os pastores e a
igreja de nossos dias. O conteúdo é quase o mesmo da terceira carta e devem mesmo
ser lidas juntas. A Segunda Carta é
escrita do Presbítero à Senhora eleita. Provavelmente endereçada à uma igreja
local em sua totalidade para adverti-la sobre o ensino dos falsos mestres. É
uma advertência genérica. A Terceira é enviada a um certo Gaio com uma denúncia
a um falso mestre chamado de Diótrefes e o elogio a um mestre aprovado, no caso
Demétrio.A IGREJA CONSCIENTE DA PRÁTICA DA VERDADE E DO AMOR.
1 O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade,
2 por causa da verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre,
Veja que o amor bíblico está sempre ligado à verdade. O amor é na verdade, isto é por causa da verdade. Nunca é o chamado amor incondicional, mas sempre está condicionado a este fator - "amo na verdade", e, todos os que conhecem a verdade amam a senhora eleita e seus filhos.
A IGREJA CONSCIENTE DA DIVINDADE DO FILHO DE DEUS
3 a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.
O presbítero – esta é a identificação do autor. O presbítero no final do primeiro século, era um líder espiritual da igreja da mais alta grandeza. Alguém que era tido em maior consideração do que o bispo. Até os anos 60, o presbítero era o pastor de um grupo específico e o bispo um líder de outros presbíteros (ver por exemplo 1 Pe 5.1). Nos anos 80, o presbítero era alguém que possuía uma estatura espiritual reconhecida e era, por assim dizer maior do que o bispo. A figura do presbítero a partir do segundo século passou a ser mais simbólica do um cargo ou função. Era usado em caráter informal como um destaque honroso. Nos anos 80 João era o único apóstolo vivo e ele não usa este termo – pois o termo presbítero havia substituído esta designação para os líderes maiores.
Senhor eleita – Provavelmente era uma referência à igreja local (ver por exemplo 1 Pe 5.13).
Eu amo na Verdade – é uma referência ao Senhor Jesus. Amo em Cristo.
A verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre – Há uma clara referência da unidade entre Cristo e seu ensinamento (como João mesmo escreveu em João 15).
Graça, misericórdia, paz de Deus – São as grandes características da pratica da vida cristã. É o exercício do Evangelho. Aquilo que foi recebido e que deve ser transmitido.
Deus o Pai e Jesus Cristo, o Filho do Pai – É uma declaração da plena divindade do Senhor Jesus – o que era preciso afirmar dada em primeiro lugar a rejeição do judaísmo e em segundo lugar aos que negavam a perfeita divindade do Filho.
A IGREJA CONSCIENTE DE QUE DEVE PRATICAR A VERDADE COMO MANDAMENTO.
4 Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai.
Na igreja, há aqueles que já demonstram maturidade cristã, mais do que outros. Os mais maduros são os que incentivam e influenciam, principalmente isso aos que ainda estão em processo de maturação.
Este elogio é necessário para a advertência que vem a seguir, pois na igreja daqueles tempos, havia grandes divisões internas e disputas por causa da influência dos ensinos dos falsos mestres, que é o verdadeiro motivo da carta.
A IGREJA CONSCIENTE DE QUE O AMOR É O MOTE PRINCIPAL DA PRÁTICA CRISTÃ, POIS É UM MANDAMENTO DE CRISTO.
5 E agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
O amor aos irmãos é uma espécie de antídoto ao ensino dos falsos mestres, pois o amor é um mandamento que vem do próprio Senhor Jesus desde o inicio da igreja. Quando há amor na igreja, os falsos mestres passam a ter pouco espaço. O amor entre os irmãos anula os maus sentimentos, como iras, contendas, disputas etc.
A IGREJA CONSCIENTE DE QUE O AMOR NÃO É UM MERO SENTIMENTO, MAS UMA FORMA DE ANDAR.
6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor.
O amor é uma conduta. É uma forma de viver. Uma forma da igreja ser igreja e fazer o que Jesus mandou e viver da forma que Jesus viveu (1Jo 2.6)
É possível ser um pregador grandioso e fervoroso. Um mestre muito eloquente e convincente – com maravilhosa presença entre o povo e com notável forma de ensinar. É possível ser uma pessoa defensora firme da verdade da Palavra e mesmo assim não demonstrar o amor de Jesus. É possível que esta pessoa “grande” em aptidões supostamente espirituais, mas não praticar misericórdia, paz e a graça. Não amar. É isto que João está tentando dizer.
A IGREJA CONSCIENTE DO PERIGO DOS FALSOS MESTRES.
7 Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.
Aqui ele chega ao ponto onde ele gostaria – a denuncia dos falsos mestres. Estes mestres não estão fora da igreja, mas dentro dela e são pregadores de verdades, mas não da verdade. Eles saem mundo a fora – eles carregam falsas doutrinas. Eles falam de Jesus, mas não de acordo com o ensinamento apostólico, no caso aqui, uma das doutrinas era a espiritualização, gnostização da pessoa de Jesus (ver 1João 4.2-3).
Eles tem um questionamento muito peculiar – eles não são apostólicos. Eles são enganadores. Eles carregam o espírito do anticristo. Eles não imitam a Cristo no amor. Eles não amam a igreja. Eles não representam a Cristo – logo. Ele não chama estes mestres de anticristos – ele diz: assim é o enganador (o diabo) e assim é o anticristo (aquele que se opõe a Cristo).
A IGREJA CONSCIENTE DO ENSINO CONSISTENTE DA PALAVRA.
8 Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão.
Se formos ver as igrejas do tempo do Apocalipse (cerca de uma década depois), veremos como o trabalho dos falsos mestres foi bem feito – um mal feito, feito. Ali vemos os Nicolaítas, os que sustentavam a doutrina de Balaão e a profetiza Jezabel. Igrejas como a de Pérgamo, são elogiadas porque vencera o mundo, a perseguição e ameaça de fora, mas internamente desenvolveu uma cultura de pecados e de pecaminosidade.
Como isso foi possível? Pela atuação dos falsos mestres. Quem permitiu que isto acontecesse? Os pastores da igreja. Esta a preocupação de terceira carta quando ele escreve a Gaio que tenha cuidado com Diotrefes.
Aquele pastor que não combate de forma eficaz o falso ensino, perde o que realiza com esforço. No caso aqui, ele faz em perder o esforço conjunto – ergasametha – trabalhamos.
Aprendendo com estas duas cartas, mais os exemplos do Apocalipse, podemos chegar á conclusão que o pastor deverá prover seus pregadores daquilo que eles irão ensinar.
A IGREJA CONSCIENTE DA IMPORTÂNCIA DA SÃ DOUTRINA
9 Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho
Ultrapassa – proaguem – aquele que avança, que corre adiante – dá a entender um mestre da igreja que vai além dos limites da doutrina estabelecida. No caso aqui, ele está falando da Doutrina de Cristo – isto significa a doutrina apostólica como era ensinada. Parece aqui que ele está falando daqueles ensinos que ultrapassam os fundamentos estabelecidos pelos apóstolos quanto a pessoa e obra de Cristo. Era o que estava acontecendo no período final do primeiro século. Após isso em pouco mais de 70 anos – a igreja já estava dividida em muitos grupos com diferentes ênfases doutrinárias.
As lições aqui são claras. Quem deve prover os pregadores da igreja deve ser o pastor – mas que este não seja limitado em um círculo auto-limitante e restrito, principalmente nestes dias de pluralismo doutrinário.
O pastor deverá buscar recursos para prover seus ensinadores de fartos subsídios. Quando o pastor não tiver este alcance intelectual deve mentorear o aprendizado daqueles que estão se intelectualizando – pois pode até falta conhecimento – mas este deve ser então substituído por sabedoria direcional.
A IGREJA CONSCIENTE DA MÁ INTENÇÃO DOS FALSOS MESTRES.
10 Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas.
Um mestre que não traz a boa doutrina deve ser evitado. Mais do que isto deve ser denunciado como ele faz na terceira epístola. Todos os mestres da igreja devem ter duas coisas que os identificam – o amor aos irmãos e a boa doutrina.
A IGREJA CONSCIENTE DA PRATICA DO DISCERNIMENTO
11 Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.
A igreja precisa ser ensinada sobre os falsos mestres. No contexto da carta, o falso ensino era recebido, com o acolhimento daquele que trazia o falso ensino. Hoje não é preciso receber o mensageiro, uma vez que sua mensagem, sua falsa doutrina vem pelo vento.
A IGREJA CONSCIENTE DO VALOR DO ENSINO DE QUEM ENSINA COM AMOR E QUE TEM AMOR À VERDADE. Vs 12-13
A igreja ensinada biblicamente vai valorizar seus mestres. Não se trata de cobertura espiritual, não se trata de discipulado radical, de paternidade e nem de princípios de honra. Todas estas coisas são “novidades” de líderes personalistas e dominadores.
Que o Senhor nos ajude a colocar estes ensinamentos em prática.
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