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OS SÍMBOLOS DO APOCALISE.
Palavra de grande
significado para nós, o termo ‘’símbolo’’ não é encontrada na Bíblia, mas é
muito é muito comum sua utilização. Este termo deriva da palavra grega – sýmbolon - , que significa sinal, referência
ou representação. O símbolo era usado para descrever um objeto representativo
que garantia a realidade daquilo que estava simbolizando. Os judeus dos tempos
do Novo Testamento, acostumaram-se com a linguagem de símbolos, primeiro pelos
profetas antigos depois pela ampla literatura apocalíptica, por isso, não foi
difícil entender a linguagem simbólica do apocalipse.
Como estamos acostumados com a linguagem concreta e precisa, o simbolismo parece um tanto estranho
e incômodo. A linguagem hoje é derivada de vários movimentos dos séculos ou
décadas recentes, como o romantismo e o realismo. Não é comum a expressão com simbolismos
e descrever experiências religiosas sem
usar muitos símbolos. A linguagem simbólica, principalmente neste livro, servia
também para o propósito de falar as verdades apenas a quem era dirigida, no
caso os cristãos, que viviam debaixo de um perseguição muito grande. No
contexto de perseguição em que estava submetida a igreja na época de João, na
região da Ásia Menor, a linguagem simbólica seria o veiculo perfeito de
comunicação, pois as autoridades nada entenderiam mas os crentes sim, por
estarem acostumados com a literatura apocalíptica, que era muito popular.
O símbolo não é um fim em si mesmo. Ele aponta para uma realidade além
dele mesmo, e é essa realidade que nos interessa. Ele pode ser um objeto
literal, como um animal, um astro, mas sua interpretação não é necessariamente
literal.
Assim, temos no Apocalipse de
João algumas descrições que envolvem animais: cordeiro, dragão, besta,
serpente, astros, estrelas, sol, lua, gafanhotos, taças, trombetas, marcas - os
quais, se interpretados literalmente, deixam o texto sem significado. Um
exemplo que pode ajudar a entender a dificuldade da interpretação dos símbolos
é a descrição de Jesus feita em Apocalipse 1.9-20. Se a interpretação fosse
literal, Jesus seria o personagem mais esquisito do mundo. O símbolo aponta
para além dele mesmo e anuncia uma
realidade maior. O símbolo apenas representa e anuncia algo maior.
Quando você olha para as
imagens que são frequentes no Apocalipse, podem bem notar isso. Um exemplo é o
uso do candelabro para representar as igrejas (1.20); as igrejas não são
candelabros, nem os candelabros igrejas. O candelabro é um símbolo que
representa a igreja na sua missão de luz do mundo. O símbolo procura explicar o
que pela linguagem não simbólica seria difícil. As experiências de João são
explicadas através dos símbolos. O plano de Deus para a redenção da humanidade
e para a resolução do problema do mal na experiência humana é explicado através
de símbolos da luta do Dragão e Cristo, de sete selos, sete taças, sete
trombetas, a besta, a serpente etc.
Quando comparamos o
Apocalipse com outros gêneros literários, notamos que muitos conceitos, frases,
imagens, símbolos etc. já eram conhecidos e amplamente divulgados. João, então,
usa os mesmos para anunciar sua mensagem.
O fato de João já usar
uma linguagem que já era conhecida é natural, pois se viesse com uma linguagem
totalmente nova, não haveria entendimento por parte daqueles que primeiro leram
o livro e muito menos agora poderiam entender, porque se ele, em usando termos
dantes conhecidos, já da uma certa confusão , imaginem se ele usasse uma
linguagem diferente e completamente nova.
A
linguagem usada por João no Apocalipse não foi exclusivamente inventada ou
criada por ele, mas ele usou fontes conhecidas como já mencionado,
principalmente a Literatura Apocalíptica do Antigo Testamento e do período
intertestamental.
O Antigo Testamento, na
parte profética, forneceu grande base
para a linguagem e para interpretação de muitos ensinamentos do Apocalipse de
João. O fato de o autor do Apocalipse ser um judeu que viveu na Palestina ajuda
muito a entender a dependência literária que ele tem do Antigo Testamento e da
literatura extra-bíblica. Embora não sejam citações diretas e muitas delas
encerrem apenas alguma forma de referência, o Apocalipse tem mais de duzentas citações do Antigo
Testamento, de forma direta ou indireta.
A fraseologia do Apocalipse não é grega, mas é judaica na fraseologia e isso é consequência
dessa grande utilização do Antigo Testamento e das literaturas mencionadas. Se
compararmos alguns textos do Antigo Testamento como - Daniel, Isaias 13 e
14, Ezequiel 1 e 28,29, Joel 2,3 e Zacarias 9-14 – veremos grande semelhança e
a dependência do Apocalipse para estes textos.
Daniel é o livro que mais
fornece imagens utilizadas pelo Apocalipse, pois ele é considerado o primeiro
livro apocalíptico historicamente, o qual serviu de padrão para a maioria dos
livros dessa natureza, pois é o único
essencialmente reúne as características
primordiais da literatura apocalíptica: forma, conteúdo escatológico e função.
As principais citações de
Daniel estão em: Apocalipse 1.7 (Dn 7.13); 9.20 (Dn 5.23); 13.7 (Dn 7.21). Você
poderá notar que há também citações apenas de frases, sem preocupação de ser
exato Literatura Apocalíptica do
Judaísmo – A literatura apocalíptica do judaísmo contem livros que estão
classificados dentro dos Apócrifos e Pseudepigrafes. As citações que João faz
não são diretas, mas há incorporação de ideias e frases.
Os três principais livros
dos quais podem ser identificadas passagens semelhantes ao Apocalipse de João
são: Testamento dos Doze Patriarcas, As Profecias de Enoque e Assunção de
Moisés. As seguintes passagens do
Apocalipse são citações desses livros: 2.7;17, 4.1,6, 6.3,9,11,12, 7.1,8.8,
9.1,20, 14.10,14, 17.14, 19.15, 20.8,13, 22.2. Esses livros fornecem recursos
para interpretação de muitas das passagens do Apocalipse. Judas já havia feito
isso ao citar textos de Enoque e fazer referência ao Livro – A assunção de
Moisés.
João, não está colocando
estas literaturas como inspiradas, mas como parte da cultura religiosa e
literária da época. Ele vê nestas
literaturas, palavras que são próprias para comunicar o que estava recebendo
por revelação de Deus. Ele as utilizava como recursos de ilustração das grandes
verdades que estava recebendo. Ele usa símbolos conhecidos só dos crentes e
judeus e que serviriam, além de ensino para os mesmos, de mensagem ‘’em
código’’, oculto para as autoridades perseguidoras. O uso destas referências
por João é o mesmo que fazemos hoje, buscando na nossa cultura, literatura,
músicas, jornais, revistas etc., as palavras de nosso vocabulário para pregar a
palavra
Há uma riqueza de
símbolos no Apocalipse, mas isso não significa que todo livro seja simbólico.
Há descrições reais e históricas, como a descrição da obra e atribuídos da
Trindade. As igrejas eram reais, o autor era real da mesma forma. Não caímos no
exagero de interpretações só simbólicas, ou só literais. Jesus é o centro e
diante dele tudo comparecerá.
O problema é que muitos
estudiosos misturam símbolos e literalidade conforme convém às suas
interpretações.
Devemos lembrar sempre, que o Apocalipse é um livro de símbolos, e portanto, não podemos decidir arbitrariamente transformar o símbolo em linguagem concreta e nem a linguagem concreta em símbolo.
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